só você

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Nunca sei como falar o quanto você é incrível e que merece bem mais que o mundo.

- Nada! Você não se importa com nada!

A voz chorosa de Oikawa é a única coisa audível na sala de estar. Depois do encontro falho que Iwaizumi esqueceu de comparecer, Tōru simplesmente surtou e despejou toda verdade do relacionamento de ambos na cara de Hajime. Afinal, nem todo sorriso falso dura para sempre e Oikawa já estava em seu limite há muito tempo.

- Estou farto de tudo Hajime Iwaizumi! Farto da sua falta de interesse comigo e com esse relacionamento; estou farto de ser o único a sacrificar desejos e sonhos em todos esses anos juntos; ESTOU CANSADO DE SENTIR QUE ESSE AMOR É UNILATERAL!

Neste momento nem mesmo Tōru esperava explodir de maneira tão abrupta e abaladiça.

Após Hajime desligar a ligação com o grupo de amigos ficou esperando Oikawa parar de chorar e sair do banheiro por no mínimo uma hora. O moreno não entende a importância deste encontro para o outro mas saber que foi o culpado pelas raras lágrimas de Tōru, o entristece. Não sabe como acabou parando em sua sala gritando para o andar inteiro ouvir a briga que se sucede, só quer que tudo acabe logo e Oikawa volte a ser... Bem... Oikawa.

- Você não acha que está exagerando, Shittykawa? - Sua pergunta soa de maneira impensada e acaba fazendo a veia do pescoço de Tōru saltar ainda mais, mostrando o quão irritado ele está.

- Não, eu não acho que estou exagerando, Iwa-chan. - o apelido soa com desgosto evidente - Sabe o que íamos fazer hoje? - Pergunta o acastanhado tirando algo do bolso de sua jaqueta - Eu ia te levar a exposição fotográfica que você não para de falar sobre. - Joga os ingressos no chão e depois os pisando - Eu reservei um restaurante Italiano porque você gosta de comida Italiana. Comprei um vinho tinto seco porque você gosta. - A voz amarga e embargada de Oikawa deixa Iwaizumi mal - E sabe por que fiz isso tudo? Tudo para fazer algo que VOCÊ já devia ter feito a muito tempo!

Uma caixa preta aveludada é direcionada ao Ace de maneira grossa e exaltada.

- Eu ia te dar essa aliança de compromisso já que estamos juntos há SEIS ANOS e você nunca nem pensou em mostrar que isso aqui - Aponta para os dois - É sério.

Dizer que está em choque é pouco para o estado atual de Hajime, que está com a caixinha de veludo aberta e olha para as alianças de prata de forma hipnotizada. O moreno nunca sentiu a necessidade de sair esbanjando alianças e melação no meio da rua, ainda mais tendo a fama que tem, mas parece que Oikawa não. Mas talvez por Iwaizumi não demonstrar tanto seus sentimentos, Tōru se sentiu na obrigação de acabar com seu sonho de um pedido de namoro perfeito apenas para ter a certeza que Hajime o ama de verdade.

- E mesmo sabendo o quão errado está nesse momento, você, Iwa-chan, não consegue pedir desculpas; dizer que me ama, e simplesmente tirar esses apelidos maldosos da boca. Eu estou tão cansado de tudo isso... - Fala chorando, mas as lágrimas e agora os sussurros de Oikawa não são o que mais despedaçam o coração de Iwaizumi. O que o faz quebrar, se sentir fraco e inútil é o sorriso que Tōru ainda carrega no rosto, mesmo chorando compulsivamente. Isso o faz querer chorar também, o faz se sentir a pior versão humana, uma escória nesse mundo de merda.

E todas as palavras que Oikawa falou até agora são a mais dolorosa e triste verdade. Um gosto amargo doma o paladar do moreno e o faz sentir ânsia, ânsia de si mesmo. Arrependimento, dor, impotência angústia. Sentimentos que pouco é despertado e quando é, sempre Tōru é o culpado disso. Na verdade ele mesmo é o culpado disso.

- Só... Me responde uma coisa Iwa-chan. - Era perceptível o medo do levantador - Você me ama de verdade?

E nada mais veio por parte de Oikawa, apenas suas lágrimas pesarosas e sufocantes. Sem saber como se desculpar em uma situação como essa, ele caminha quase que travando e abraça o namorado. Escuta palavras e resmungos em protesto mas também tem a pergunta; Iwa-chan você me ama? Junto a soluços baixos do levantador. Quer voltar no tempo e consertar seu erro, não o de esquecer de comparecer ao encontro, mas sim de dizer poucos; eu te amo e não o dar uma aliança que firme verdadeiramente a relação de ambos. Quer voltar no tempo e mostrar a Oikawa que o que eles tem é forte e verdadeiro, que ele não deve ter medo. Só quer provar que pode proteger a única pessoa que ama mais que tudo nesse mundo, até mais que o vôlei.

Você não se importaOnde histórias criam vida. Descubra agora