Ela estava sentada ali, imóvel, há mais de uma hora.
A ouvi implorando por ajuda.
Os pedidos, ora sussurrados, ora apenas em pensamentos, têm um desespero, um toque de inconformidade tão latente.
Querida, foi impossível ignorá-la.
Sim, assumo, o meu estranhamento a respeito foi instantâneo.
Vim ao seu encontro.
Devo contar-lhe, a dor humana, de alguma maneira, muito provavelmente incompreendida aos seus olhos, me encanta.
Ela não me vê, não sabe que o seu sofrimento chamou um ser como eu. Não acredito que seja, de forma alguma, um ponto negativo.
Ouço seu murmúrio, vejo suas mão trêmulas, a respiração descompassada, as lágrimas escorrendo desenfreadamente.
Sua dor, me alimenta.
Atrevo-me a sentar ao seu lado. Sinto-a estremecendo. Sei que a jovem não me vê. E não desejo que o faça.
Ao seu lado, sou capaz de ver seus lábios tremendo. Os cabelos grudados na sua testa, a força com que ela aperta as mãe e prossegue em seu murmúrio desesperado por ajuda.
Mas quem poderia ajudá-la?
Me aproximo, estou a menos de um dedo da sua orelha. Respiro fundo e sinto seu cheiro, uma mistura de suor, resquícios de rosas e o leve salgado do medo.
A porta abre bruscamente. E nós sabemos: ele voltou.