Querida

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Ela estava sentada ali, imóvel, há mais de uma hora.

A ouvi implorando por ajuda.

Os pedidos, ora sussurrados, ora apenas em pensamentos, têm um desespero, um toque de inconformidade tão latente.

Querida, foi impossível ignorá-la.

Sim, assumo, o meu estranhamento a respeito foi instantâneo.

Vim ao seu encontro.

Devo contar-lhe, a dor humana, de alguma maneira, muito provavelmente incompreendida aos seus olhos, me encanta.

Ela não me vê, não sabe que o seu sofrimento chamou um ser como eu. Não acredito que seja, de forma alguma, um ponto negativo.

Ouço seu murmúrio, vejo suas mão trêmulas, a respiração descompassada, as lágrimas escorrendo desenfreadamente.

Sua dor, me alimenta.

Atrevo-me a sentar ao seu lado. Sinto-a estremecendo. Sei que a jovem não me vê. E não desejo que o faça.

Ao seu lado, sou capaz de ver seus lábios tremendo. Os cabelos grudados na sua testa, a força com que ela aperta as mãe e prossegue em seu murmúrio desesperado por ajuda.

Mas quem poderia ajudá-la?

Me aproximo, estou a menos de um dedo da sua orelha. Respiro fundo e sinto seu cheiro, uma mistura de suor, resquícios de rosas e o leve salgado do medo.

A porta abre bruscamente. E nós sabemos: ele voltou. 

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⏰ Last updated: Jun 02, 2021 ⏰

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O que me dói.Where stories live. Discover now