A bela voz do Kurt Cobain, que infelizmente não esta mais aqui neste mundo, se faz ouvir pelo meu quarto com a música Lake of fire da banda deixada por ele, Nirvana.
Mais uma semana de trabalho, uma bela segunda-feira, acordando seis e meia da manhã para meu dia ser simplesmente uma maravilha, podem levar na ironia, pois vão ver que meu dia é totalmente, o contrário disto.
Minha vida deu uma reviravolta incrível desde que me mudei, não tenho mais minha família, o que pode surpreender vocês, é que isso é ótimo para mim. Mas vocês irão ver mais à frente da história e vão entender o que estou dizendo.
Já tive amigos, mas escolhi os errados. Do mesmo jeito o amor, "Mas amor não se escolhe" possivelmente é o que lhes passa na cabeça. Mas, e se não foi amor? Se foi apenas a vida te iludindo para lhe mostrar que não deve se iludir tão facilmente? Até porque, a ilusão é que nem uma mentira, vai virando uma bola de neve cada vez maior e você não consegue fugir mais dela, e repentinamente essa bola te engole e você não acredita no que aconteceu...
Não quis fazer amizades, apenas colegas, pois se quiser ser meu amigo, vai ter que conseguir minha confiança, e isso ninguém conseguiu alcançar até agora, nesse 1 ano que estou aqui.
Mas não me importo com isso, se eu estiver fazendo o que gosto, é o que importa, não preciso de companhia para isso. Não para fazer o que faço, sou professora de dança e de canto, nas horas vagas canto em restaurantes, bares e festas.
Quando a música do Kurt acaba, crio coragem e me levanto com dificuldade, mais um dia de frio em Londres. Faço minha higiene matinal e quando olho as horas no meu celular, vejo que vou me atrasar pra aula de dança. Tomo meu banho e me troco, colocando uma calça jeans azul marinho colada com alguns rasgos na coxa e no joelho, foi eu mesma quem fez, uma camisa do Rolling Stones preta e meu sobre-tudo, minha bota de cano baixo preta, arrumo minha bolsa, colocando lá minha calça leggin preta e meu top da mesma cor. Vou para a cozinha e encontro o Juan, coloco a comida dele e pego uma maçã, antes de sair pego minha bolsa no balcão da cozinha americana e coloco minha touca bordada.
O estúdio de dança não é muito longe do meu apartamento, tem vezes que prefiro pegar taxi, mais hoje quero ir andando.
Sinto olhares em mim, olhares de pessoas que vão trabalhar em empresas e quando chega em casa tem uma família perfeita esperando, ah, odeio isso, pois família perfeita não existe, pode até existir pessoas felizes, mas perfeitas, jamais. Me olham como se eu fosse uma rebelde estúpida que não tem o que fazer na vida, só porque eu tenho cabelo azul marinho e roxo, um piercing de argola no nariz e um na boca, outro piercing na orelha, três furos em cada uma das orelhas, tatuagens, minha roupa ser rasgada, não quer dizer que eu seja rebelde e uma Zé ninguém da vida. As pessoas julgam demais antes de conhecer aqui na Inglaterra, talvez por ser um país muito antigo e ter seus costumes e não aceitarem o novo mundo que existe agora.
Já faz um ano e alguns meses que eu vim pra cá, como já tinha dito. Eu vim para Londres com o dinheiro que tinha ganho com o meu trabalho do Brasil, meus pais me deram um pouco de dinheiro e me expulsaram da vida deles, esse dinheiro deu para eu pagar um hotel, foi só por um tempo, foi só até procurar emprego, fiz minha ficha de inscrição no estúdio de canto primeiro e logo após no de dança, não tinha pensado que iria conseguir emprego nos dois, mais que ótimo que consegui. Depois disso, decidi também ganhar um dinheiro a parte, e bom, até agora não passei necessidade, ainda bem. Depois de conseguir meus empregos fui atrás do meu apartamento. Meu apartamento é pequeno, só tem um quarto, um banheiro, uma cozinha americana, uma sala de estar e uma varanda bem pequena. Mais é melhor do que nada, e também, é só pra mim. É tão bom ter seu próprio lugar, saber que é seu, seu lar, ah, eu adoro, mesmo sendo uma bagunça.
Chegando lá no estúdio, vejo que me atrasei, a recepcionista, Ashley, me olha com aquele olhar de sempre quando eu me atraso.
- está atrasada quinze minutos, senhorita Ella - falou apontando para o relógio de pulso dela - seus alunos já estão te esperando.
- Ok, já sei, desconta os quinze minutos do pagamento - falei sem paciência abrindo a porta do corredor de salas, entrando no mesmo sem esperar uma resposta dela.
Fui para o vestuário feminino que fica no final do corredor e me troquei, depois fui para a minha sala de aula, a última do corredor. Abri a mesma e vi que os alunos estavam todos conversando, fui até o computador que é ligado ao som e coloquei meu pen drive, vi que eles nem prestaram atenção na minha presença, coloquei a música Stay da Rihanna feat Mikky Ekko, a música que nós estamos treinando, bem alto e logo depois abaixei.
- nós temos que começar a sentir a música, sentir os passos, temos que colocar nossos sentimentos na dança, porque a dança é o que nós amamos, porque se não, não estariamos aqui, certo? - falei olhando pra eles e eles concordaram comigo - então vamos trabalhar nos passos? - todos responderam que sim, então recoloquei a música e continuei com a aula.
Depois da aula, que acaba na hora do almoço, voltei para o meu apartamento e me joguei no sofá da sala de estar.
Mais um dia de esperanças jogadas fora, pensando que minha vai melhorar, mas por outro lado, minha vida antes era pior do que agora, nunca a tolerei, ai você se pergunta, será que ela já tentou se matar? Eu vejo que não é preciso, eu tenho que mostrar à todos que eu sou forte. Mesmo que eu tenha cicatrizes, por dentro e por fora.
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Olá gente!
Bom, já postei uma história antes, mas não deu muito certo... Então apaguei, mas eu acho que dessa vez vocês vão gostar ^-^

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A vida é Imprevisível
RomanceA vida de Ella Brythruck nunca foi muito boa, até um acontecimento em sua adolescência, que fez com que tudo mudasse pra pior em sua vida no Brasil, então a garota de 22 anos e meio é expulsa de casa, deixando tudo lá, a faculdade que só faltava um...