Nestes jardins ao invés de flores, somente existe solidão

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"Mas que ultraje desta senhora Lomax! Recusar um convite de um conde!" Respondeu a Sra. Elton irritada, após ler o bilhete de resposta de Eleanor, o conde não havia se irritado com isso, pelo contrário, entendia muito bem o que ela queria dizer. Na verdade, era óbvio para ele o motivo, ela sabia que ele não recebia visitas e o melhor seria evitar qualquer inconveniência, todavia, Colin estava disposto a tentar.

"Sra. Elton, ela tem seus motivos..." comentou.

"Desculpe, mas o senhor salvou a vida dela, deveria mostrar gratidão, ou melhor, um pouco de educação!" Realmente ela estava irritada com a atitude da inquilina do chalé, o conde não podia repreendê-la pois era seu natural, a governanta sempre exigiu as melhores maneiras de todos.

"Acho eu, sra. Elton," começou Colin, "que a sra. Lomax é extremamente grata e acredito que tenha sido muito bem educada, esse é um traço de timidez, ela não quer nos incomodar e devemos respeitar isso."

A governanta suspirou, como forma de não dizer mais nada. Ela estava irritada não somente com aquela forma de recusa, mas também que havia perdido a chance de ter uma visita em Finsbury Hall, alguém para o conde conviver, que não fosse os empregados apenas, ela nunca iria assumir isso, mas quando soube que o conde convidou Eleanor Lomax para um chá, seu coração deu um salto de alegria, será que enfim ele estaria se recuperando do luto, ou melhor, tentando se recuperar? Tinha vontade de sair a pé até Finsbury Cottage e arrastar Eleanor Lomax até a hora do chá, seria um pouco rude, mas pela melhora da dor de seu patrão, ela poderia fazer.

Colin não parava de pensar naquele bilhete da senhora Lomax, havia passado a noite, tentando encontrar algo que lhe fizesse se aproximar, ainda não entendia as razões que queria fazer tanto isso, conhecer ela, seu filho, sua família, sua história. Desde aquele acidente, parecia que algo o chamava para perto daquela família, o que uma jovem mãe estava tão disposta a se mudar para outro lugar a fim de estudar borboletas? Seriam tais histórias que ele parecia estar disposto a ouvir, depois de um tempo sozinho, cansado das pessoas, aquilo parecia interessante. O conde voltou a encarar a grande janela do seu gabinete, avistou o chalé que agora era de Eleanor Lomax, tinha que achar uma maneira de encontrar com ela, e num impulso, teve uma ideia, saindo do gabinete da biblioteca rapidamente em busca de seu chofer, ele tomaria chá com a Sra. Lomax sim.

***

"Eu não acredito que você recusou o convite do conde!" disse Ivy incrédula, colocando as mãos sobre a boca, surpresa e com um ar de riso.

"Ivy, eu não recusei, só disse que ele não precisava se incomodar..." respondeu Eleanor. Ivy havia se tornado uma boa amiga, passava bons momentos conversando, ela ajudaria muito Eleanor em suas pesquisas, mas a companhia era ainda melhor.

"Me pareceu uma recusa" ela brincou, "como será que o conde receberá esse bilhete?"

"Eu não incomodar o conde, Ivy... Ele é um homem recluso, seria um desastre um contato próximo, não quero que seja uma obrigação de etiqueta ser recebida na casa e correr risco de ser algo bem desagradável"

"Tem razão, mas e se o conde quisesse realmente te ver?" pergunta Ivy, plantando a dúvida na mente de Eleanor, isso poderia acontecer, mas era bem improvável.

"Minha querida, o que um conde teria interesse em conhecer alguém como eu?" ela questiona.

"Não sei, eu conheci você e agora sempre quero perto, é uma graça de pessoa" confessa Ivy a fazendo sorrir, as duas se abraçam, estavam criando um laço muito cativante naqueles poucos dias conhecendo uma a outra.

Aquele momento foi interrompido com o barulho de alguém na porta, Rose foi atender e se deparou com o chofer de Finsbury Hall em sua porta.

"Pois não Roger" disse Rose, Eleanor e Ivy se encontravam atrás de Rose, curiosas com a aparição dele.

Things we lost in the airOnde histórias criam vida. Descubra agora