A tristeza vem em ondas

A tristeza

A tristeza vem em ondas

Ondas silenciosas e bem mais complexas do que a felicidade.

A felicidade vem como um tsuname avassalador, que derruba as barreiras com altas e exageradas gargalhadas.

A dor é bem mais bela, sussurrante e amiga, onde a única parte que importa é ficar sozinha para sentí-la em sua plenitude.

Pare e observe as gotas de orvalho, veja como se assemelham às lágrimas. Tudo chora, porque a tristeza é abrangente, nada escapa de seu abraço.

Fique sozinho, escute a tristeza se manifestar em murmúrios. Saiba que a tristeza é mais sincera, ninguém diz quando ela pode vir, sempre selvagem e incontrolável.

A felicidade pode ser enganada, pois mesmo rondando, só pode ser sentida por quem realmente a deseja e abre as portas para que entre.

A tristeza não vem em ondas sempre, ela também vem rápida, como um ataque de serpente, destilando seu veneno e vendo a vida se esvair. E como quem não quer nada, faz a semente que plantou brotar quando menos se espera.

Quando você sente que não se encaixa, que não pertence a lugar algum e não sabe onde se esconder, a tristeza vem te consolar. Ela diz para que deite a cabeça em seu ombro e chore, chore como se estivesse com uma velha amiga.

A tristeza não precisa de causas, não precisa de motivos, ela só está ali, ela só existe. A partir do momento que você percebe ter a capacidade de ser feliz, está assumindo a responsabilidade pela vinda das ondas. A partir do momento que se permitir amar, saiba que a tristeza vem de brinde, inevitavelmente ela vai surgir, independente de quão feliz se sinta.

Ela vai e volta, como ondas.

A tristeza pode ser mascarada com sorrisos, mas, quando deitar-se em sua cama, sentir-se a salvo, saiba que ela virá fazer você pensar sobre a morte.

Mas e a felicidade? Ela pode vir em ondas, mas também como um choque elétrico. É desencadeada por um ato gentil, uma mostra de esperança que se tem no mundo, uma certeza de que se é amado.

Sentir tudo isso não é uma praga, toda essa confusão de sentimentos. Isso só significa que se é humano, que não é apenas movido por instintos como se diz no Naturalismo, pela razão como se diz no Realismo, ou pela utopia do Romantismo. Há algo a mais do que a ciência ou a literatura podem explicar, essas ondas que não se pode calcular o comprimento ou a intensidade, mas que apenas existem. Só cabe a você acreditar nisso, sentir as ondas te balançarem e logo virá a calmaria.

Esse é o sentido da vida.