~ Brooklyn - 1983 ~
*O ano começou em um sábado*
Eu estava segurando a mão dele pra la de bêbado, num estado mental eufórico pra caralho, tentando não cair enquanto via as grandes explosões no céu. Brilhantes e deslumbrantes.
-Esse pode ser o ano da nossa vida, Nicky. Gritou acima do estrondo de explosões e barulho dos outros jovens, a virada do ano era caótica.
Minhas mãos pousaram em seu rosto, apreciando a cada centímetro do mesmo ... o brilho nos seus olhos eram confundidos facilmente como os das estrelas.
- Sabe porque no céu tem várias estrelas e apenas uma Lua? Ele pergunta pra mim, colocando suas mãos sobre a minha e dessa vez ele me observava. Podia ver o colorido das explosões dos fogos de artifícios em seus olhos.
- O seu filho da puta, eu estava destemida a lhe dar um beijo. Sorri de canto fazendo o mesmo sorrir junto comigo.
Eu logo escutei um barulho de portas batendo e um clarão paerando no meu rosto e no ambiente que me habitava.Levanta logo menina, o senhor das quatro regiões estará conhecendo nosso belíssimo lar de freiras. Escutei Senhora Jhonson gritando logo cedo, minha coberta foi jogada longe por conta do meu susto. O relógio marcava 5:45 da manhã em um dia longo e cansativo de Quinta-feira. Droga, foi a merda de um sonho. Murmurei para mim mesma e logo levantei as pressas apreciando o ambiente claro e o nascimento do sol pela minha janela, me aproximei da mesma e era possível chegar a conclusão de que crianças de tempos modernos não saem mais para correr e brincar na rua, será culpa do Prefeito ou de banditismo?
Estava observando os camponeses na coleta do trigo no outro lado, reparo em um cara sentado na borda da calçada. Nunca vi por aqui antes. Abri um sorriso de lado. Fechei a janela rápido quando percebi que estava sendo observada pela Senhora atrás de mim. Eu já vou descer, ok? Falei a mesma, que acentuou em espécie de "sim" com a cabeça e se retirou do meu quarto.
Balancei a cabeça como se fosse ajudar a me livrar de coisas negativas, me arrumei como deveria e conforme as regras eu deveria prender meu cabelo. Porra, meu cabelo é curto ... cansei das regras. Arrumei minha cama ainda com a imagem do Homem em minha cabeça e com aquele sonho terrível que vai me torturar por um tempo, mas eu esperava que iria esquecer em menos de uma hora. Um som de buzina Alta escovam pelas paredes do lugar e logo um grito azucrinou meus ouvidos. Era a diretora do orfanato gritando comigo, ouvia em um berro alto sua indignação ao dizer meu nome. Larguei meu despertador acima da cama, sem se quer o desliguei então provavelmente ele tocará mais tarde ali por duas horas da tarde.
Desci as pressas a escada, pulando alguns degraus cheguei no salão de festas aonde tinha milhares de gente reunidas. Por mais que eu tenha me arrumado eu tinha esquecido de fechar o zíper do meu vestido atrás, então me escondi entre paredes em um corredor enorme que dava acesso a uma sala vazia e totalmente sem necessidade. Fechei com facilidade o zíper com a ajuda de um pequeno pedaço de vidro que tinha no chão.Nao tinha nenhuma importância eu ficar ali parada escutando discursos totalmente irrelevantes do
suposto, que se dane o quão importante ele é.Ergui a barra do meu vestido para que não arrastasse no chão e sujasse mais do que já estava. O relógio ja marcava 5:56, então eu teria pouco tempo pra sair dali e ir pegar o metrô que passa as 6:15 e vai para o bairro Williamsburg que fica a poucos km de Dyker heights, da onde eu estou agora.
Williamsburg sempre foi um bairro mais calmo, e ja se fazia um tempo que eu não tinha oportunidade de sair do orfanato e ficar horas e horas fora de "casa". Eu ja sou uma mulher. Não... não exatamente, eu sou jovem. Eu tenho 15 anos e eu acho SIM que posso manifestar tudo o que eu quiser e correr atrás dos meus sonhos. Pensei enquanto se desviava de pessoas que insistiam em assistir aquele discurso.
Droga. Uma mão totalmente leve e macia encostou em meu ombro esquerdo fazendo contato com minha pele.
- Aonde a Senhorita Collins pensa que está indo?- Disse Sr'ª Johnson largando suavemente meu ombro.
- E-Eu... Eu estava...- Tentei dizer quando fui interrompida por Elliot, um amigo meu de longas datas. Nascemos praticamente juntos mas com o passar do tempo ele se mudou pro Texas ano retrasado.
- Ela estava indo ler os novos roteiros para a peça que vai ter daqui uma semana la no Teatro de Gerald Schoenfeld Theatre. - Ele diz a mentira tão calmamente, olhando nos fundos dos olhos escuros da mulher.
- Vou fingir que acredito Elliot. - Ela sorri seco e seu olhar para em mim, podia sentir todo o julgamento que ela tinha por mim em um simples e profundo olhar.
Ela sai dali, ficando somente eu ele.
- Você me deve uma explicação. - Digo sorrindo enquanto falava para ele.
- Primeiramente de nada... e segundo, você aceitaria um café da manhã? - Ele pergunta enquanto se exibia da sua competência de me livrar de apuros. Ja era bem mais que 6:15 e provavelmente o metrô ja tinha passado, então aceitei. Adeus passeio de horas por ai.
Cinco anos atrás, eu disse a ele que na minha vida apareceu outra pessoa, e que eu a amava mais que qualquer coisa no mundo. Ele tinha ficado gelado, não conseguia dizer nada. Éramos crianças indefesas com grandes idéias, desde então não vi ele e sua família por longos anos.Agarrei seu braço esquerdo e fomos até o local. As crianças estavam quietas divididas em grupinhos e isolando entre eles, os mais ricos não se misturavam com os pobres e vive-versa, o céu estava com diversas cores e várias tonalidades de laranjado com vermelho e quase não se via muita coisa por conta da névoa fresca que paerava no ar por todo Brooklyn.
Uma mesa delicada em minha frente com três pequenos bancos azuis de tonalidade clara, a porta do local era de madeira de carvalho claro com estampamentos de mini xícaras de café cravados direto nela, o cheiro do aromatizador passeava pelo ambiente e que se misturavam com as fumaças dos carros na sua ao lado. Elliot ja havia se sentado no banco, então me sentei também cruzando minhas pernas e erguendo a barra bordada do vestido
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O soldado de Guerra
Romance"Talvez nos sejamos uma breve história do tempo,mas quando sentimos amor, nossa existência se eterniza como uma jornada interestelar,princesa"