8. Nossa rua

17 6 6
                                    

Vê-lo consternado me entristece.
Observando à distância sua brava luta,
meu coração padece.

Sinto as dores do parto.
Aparto-me,
entro em estupor.

Assusto-me com o clangor.
Meu grito estridente
rasga a carne.
Ouça meu clamor!

Não me negue a visão dos seus belos olhos!
Longe de você não quero estar!
Estenda-me a mão,
quero te ajudar.

Eu e você contra o mundo,
parceiros no crime,
como deve ser.
Dois foras da lei
a toda velocidade,
passeando pelos bares.

Possua-me,
seja meu
que eu serei sua.
Não me deixe!

Ou melhor, deixe-me,
talvez seja melhor para você.
Sou péssima companheira,
seu flanco transpassado não posso curar.

Suplico:
Tenha paciência!
Irei mudar,
eu prometo.

Venha comigo!
Será nossa última empreitada.
Sob a luz da lua,
correremos pela calçada.

Hoje, a rua é nossa,
a noite é longa
e transforma meus versos em prosa.
O uivar do vento põe à prova
todas as minhas resoluções.
Então, debruço-me;
estou decidida,
em teus braços descansarei. 



Todas as formasOnde histórias criam vida. Descubra agora