O Acidente

17 2 0
                                    


Como toda boa história Escolar, temos amigos e o mais importante, Inimigos que mantemos sob nosso olhar com sede de vingança.

Era inverno, papai e mamãe discutiam sobre nosso futuro, estávamos a caminho de nossa casa de férias para aproveitarmos. Meu irmão Hakan mostra para mim as mensagens de suas admiradoras.

Mamãe pega o celular, com os olhos cheios de lagrimas e sussurra para meu pai. Quando de repente vimos alguém parado na frente do carro e escutamos um barulho de tiro acertando diretamente meu pai, ao perder o controle do carro ele capota e o que vemos é uma neve com rastros vermelhos, não das folhas, mas sim com o sangue dos meus pais.

Acordo com o barulho das sirenes ecoando em meus ouvidos, quando vejo ao lado, meu irmão está em uma maca sendo atendido, mas meus pais, não consigo ver entre as lagrimas que caem sobre meu rosto, Barto nosso cachorro lambe minha mão assustado, isso é tudo que me lembro ao acordar no hospital.

Na bolsa de mamãe tinha uma carta que nunca consegui abrir. Até hoje...

Hakan estava ansioso para abrirmos aquela carta, então ele pega da minha mão e a lê, aos prantos senta na cama e me diz:

- Vamos voltar para Âmbar agora, faça suas malas.

Sem ao menos pestanejar ele joga a carta ao fogo onde queimava as brasas de nossa lareira, dando fim aos resquícios de nossa mãe.

-Hakan como pode fazer isso? oque estava escrito naquela carta? Pelo amor de Deus porque esse desejo repentino.

Grito aos prantos ao ver a carta sendo queimada. Meu irmão olha pra mim e me abraça:

- Maggie tudo vai ficar bem, vou cuidar de você pequena, eu te prometo, agora somos só nós dois.

Com o passar dos dias tirei a marra da minha cara e dei chance para nossa nova vida, estávamos indo para Âmbar.

Hakan me mostra a escritura de uma casa que nossos pais tinham, e disse para mim que mamãe havia deixado na carta que seu desejo era para que morássemos em sua cidade natal.

Não sabia da existência dessa casa até aquele dia, embarcamos no primeiro avião, coloco meus fones e olho pela janela, pequenas luzes ao longe me trazem um choque.

- Estamos deixando tudo para trás Hakan, como nossa vida mudou tão rápido? Quantas tragédias mais vamos ter que carregar sobre nossos ombros?

Vejo ao longe uma escuridão sem fim, olho para a lua e me lembro das vezes que a desenhava em telas com mamãe. Pensamentos que ao menor resquício de dor me trazem de volta para a realidade.

- Maggie, posso não ser o suficiente para nós dois, mas nunca vou deixar ninguém te fazer mal, sei que está sofrendo pois também sofro com a mesma dor, mas vamos conseguir, temos nossos tios em Âmbar, temos um pouco de nossa família lá.

Com um aperto no peito caio no sono. Acordo com um solavanco do pouso, enfim chegamos. Hakan desce a procura de nossas malas, desço as escadas com Barto, a procura de nosso primo.

Eric nos recebe com bexigas para nos recepcionar, mas nada me traz alegria naquele momento. Tento ao menos parecer amigável.

- Não nos vemos há tanto tempo, sinto muito que estamos nos vendo só agora, depois de todo o acontecido.

Sinto um nó na garganta com simples lembrança do acidente. Eric me abraça e me puxa para perto.

- Sei que vai conseguir passar por essa, você é forte Maggie, você sempre subia mais alto nas arvores, sempre foi a mais destemida, confio que vai conseguir, estou aqui pra você.

Hakan chega e da um abraço em Eric, sinto um calor em meu coração ao ver aquela cena, estava pensando que nunca mais sentiria a sensação de ter uma família novamente.

Colocamos nossas malas no carro e seguimos para nossa casa, vejo Eric olhando pelo retrovisor fixamente para mim, e me pergunto se ele sente pena da nossa situação.

- Eric, não quero sua pena, não precisa me olhar com essa preocupação escancarada em seus olhos, sei me virar, e tudo vai dar certo.

Eric da um sorriso pelo canto da boca com uma risadinha sarcástica ele diz:

- Bobinha, estou olhando a mancha na sua boca, está sujo de chocolate. Pode ter certeza que nunca passou pela minha cabeça sentir pena de você, você poderia me matar com a tampa de uma caneta se eu pensasse assim.

Hakan olha para mim com um sorriso triste.

- Maggie não vamos matar ninguém com nenhuma caneta, já tivemos perdas de mais em pouco tempo.

Me calo no exato momento que suas palavras caem sobre mim, sei que ele está sofrendo, Hakan construiu uma casca sobre seu jeito doce e sei que não irei encontrar tão cedo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 08, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Rêves EscolairesOnde histórias criam vida. Descubra agora