Wild Dream

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O relógio marcou 07:00, me levantei, calcei minha pantufa e abri a janela, estava muito frio, mas eu precisava daquele vento gelado britânico, vou sentir muita falta daqui, e ao mesmo tempo um alivio enorme, foi uma tortura enorme nos primeiros dias, não consigo esquecer o incêndio que matou minha mãe, ela estava muito doente, sofri muito por isso, mas agora é hora de seguir em frente.
Fechei a janela, papai já deve estar chegando, minhas malas estavam em cima do criado mudo, tudo pronto para tão "esperada" partida, eu estava com uma camiseta branca, escrito "lost", calça jeans e uma capa preta que chegava no cano do meu coturno, um belo visual para partir, ou para ir a algum velório, se bem que tocando na palavra "velório", acho quem tem muita gente morta nessa historia, acho que até eu...
Pra quem ficou preso nesse colégio negro sem nenhuma luz de alto estima ou felicidade, essa roupa esta até meio que alegre, tem seus lados ruins ficar preso aqui, mas lados bons também, aprendi muitas coisas, em Malibu eu não tinha muito uma vida normal, era muito mimado por todo mundo, aqui senti na pele como é ficar sozinho, meus únicos amigos eram praticamente meus livros e a esperança de um dia voltar a ser feliz, como era a muitos anos atrás.
No mesmo momento, Nany a enfermeira responsável por mim entrou no quarto dizendo :
- Max...seu pai acabou de chegar. - Disse ela ajeitando seu jaleco e pegando minhas malas.
- Obrigado, Nany. - Fui indo em direção ao corredor, Nany estava rápida e com pressa, fui indo ate a recepção lentamente, estava pensando como iria ser minha vida daqui pra frente, cheguei na recepção, Nany entregou as malas para meu pai, ele me olhou fixado, com um olhar de saudades como se não estivesse me visto a muito tempo, e realmente foi a muito tempo, ele largou as malas no chão e me deu um abraço forte, eu senti tanta falta disso nesses 2 anos, não aguentei e deixei uma lagrima escorrer, o perfume do papai não era mais o mesmo, ele costumava usar um perfume que mamãe comprava sempre pra ele, que saudades daquele tempo(...)
Fomos nos separando aos poucos, papai me olhou e disse :
- Meu filho, que saudades que eu senti de você, olha como cresceu!!
- Também senti muita falta do senhor, mas eu não cresci nada, continuo o mesmo... - Falei colocando minhas mãos geladas no bolso.
- Foi um prazer receber vocês aqui, vamos sentir bastante sua falta max! - Disse Nany me abraçando e logo depois colocando minhas malas no carro do meu pai.
- Muito obrigado por tudo, Nany! - Entrei no carro com meu pai, ele acenou para ela e ela acenou de volta, foi uma ação simpática, meu pai ligou o carro, saiu pelas ruas frias de Londres e em poucos minutos já estávamos na estrada, abri a janela e senti o gelado frio britânico, dava pra ver de longe a cidade desaparecendo, fechei o vidro porque já estava congeladando praticamente, papai dirigia atento e com calma, ainda estava com muito sono, me escorei no banco e cochilei
(..)
Acordei com meu pai me chamando, olhei para o lado e vi um jatinho, não acredito...meu pai é incrível, organizou jatinho e tudo só pra me buscar, tirei o cinto, abri a porta, encolhi um pouco na capa, o frio estava de doer.
- Vamos max !? - Disse papai entrando no jatinho, me aproximei e falei ainda observando a situação :
- Claro...Pai você é 10!
- Hahaha... - Papai riu e logo depois disse. - Não tanto como você!
Entramos nele e em questão de minutos vi novamente Inglaterra sumir da janela, mais uma vez o sono me atacou fortemente, mas dessa vez foi de vez, capotei...
(...)
Acordei com meu pai me chamando..
- Filho! Chegamos! - Disse ele tirando minhas malas do carro, não acreditei que já tínhamos chegado, foi muito rápido, eu estava com o coração na boca, papai tinha me pegado no colo, pra me colocar no carro, eu acho, eu falei que iria capotar de tanto sono...mas eu não me preocupei com isso, estava até com medo de sair, me levantei devagar e olhei ao redor, foi como um peso ver aquela casa grande, o mar azul e sem fim do lado, me levantei devagar, abri a porta e sai devagar, fui olhando para cima, entrei meio observando, minha boca esta aberta de tão impressionado que eu estava, como esse lugar mudou, mudei minha expressão quando vi uma mulher observadora no fim do correndo, ela tinha os cabelos pretos, estava com uma camisola preta e parece até que usa botox...não acreditei no que vi, quem era ela ? o que estava fazendo em minha casa ? Me parece familiar.