›◞ 𝚌𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚞́𝚗𝚒𝚌𝚘

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— Shhh, calminha, pequeno

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Shhh, calminha, pequeno. Papai tá aqui…

A voz rouca e surpreendente mansa do moreno era a única coisa que podia ser ouvida no quarto silencioso, além dos resmungos baixos e manhosos do bebê que até então ninava nos braços na tentativa de fazê-lo dormir.

Toda noite era a mesma coisa, e de certa forma aquilo não podia deixar He Tian mais feliz.

Há pouco haviam terminado de jantar – este espetacular como sempre, graças a seu maravilhoso marido, vale ressaltar – e enquanto o ruivo havia se prontificado a cuidar da louça suja, mais rápido do que o de costume até, o moreno se incumbiu da tarefa de banhar o pequeno Jin Lian, e colocá-lo para dormir, como de costume.

A manha característica do garotinho birrento que mais parecia uma cópia minúscula do moreno com a personalidade explosiva do ruivinho, sequer assustava mais o He, que naquela altura do campeonato já sabia lidar perfeitamente com cada dengo que o filhote lhe mostrava. Tanto é, que era o único que conseguia acalmá-lo e deixá-lo mansinho para que enfim dormisse – coisa que o Mo jurava de pé junto que jamais o iria perdoar.

Igualzinho ao pai, pensou com certo humor e o sorriso característico no rosto enquanto analisava o rostinho miúdo apoiado em seu ombro enquanto o pequeno aos poucos se acalmava.

E era por isso que nunca cansaria daquilo, por mais rotineiro que fosse. Poderia repetir aquele mesmo processo todos os dias por anos a fio e tinha certeza de que nunca enjoaria de olhar seu bebê, fruto do amor que havia entre ele e seu marido, tão calminho e aninhado em si, com a tranquilidade de quem se sentia seguro o suficiente para dormir sem receios, porque o pai estava para protegê-lo e nunca deixaria que nenhum mal o afetasse.

E He Tian não deixaria mesmo. Assim como sabia que Mo Guan Shan também não o faria.

Doa a quem doesse, sua família era perfeita. E não haviam pessoas no mundo mais amadas do que seu filhote e seu companheiro eram, isso o moreno poderia afirmar.

— Tão dengoso, Lian… – sussurrou, bem baixinho, ainda sacudindo de forma sutil o bebê em seus braços, embora ele certamente já dormisse profundamente..

Outro sorriu brotou na face de He assim que ele notou aquilo, finalmente parando a frente do berço braço cheio de protetores dos lados e com um pequeno móbile cheio de estrelinhas pendurado no mesmo, se inclinando e calmamente depositando a criança ali, assim que beijou seu rostinho de forma carinhosa.

E tão logo o bebê pouco crescido estava acomodado, o moreno ainda tirou mais alguns segundos para apreciar cada detalhe do rostinho que tanto amava.

Tão adorável.

Era um pai coruja, fato. E tinha muito orgulho disso.

Teria até passado mais alguns bons minutos ali parado, apreciando sua criação até que um Mo emburrado viesse repreendê-lo aos sussurros para que parasse de ser estranho e deixasse o bebê dormir quieto, não fosse o pequeno tecido desconhecido que escapava por baixo do travesseiro do menor que acabou chamando sua atenção.

Curioso como naturalmente era, He Tian sequer hesitou em puxar tecido colorido – com cuidado para não acordar o bebê –, embora imaginasse que fosse alguma peça de roupa do menor que havia ido parar ali.

E bom, realmente era.

O moreno alto ficou ali empacado por uns bons segundos completamente estático, enquanto sua mente trabalhava, maquinando e buscando processar o que via, bem ali a sua frente.

BEBÊ À CAMINHO

As letras garrafais e vermelhas, destacadas no tecido amarelo da pequena camiseta com estampa de um carrinho, não poderiam ser mais claras.

— Surpresa.

A voz, naturalmente segura e firme do ruivo acabou inundando o quarto, assim que finalmente tomou coragem para quebrar o silêncio que ali havia se instalado.

Mo estava ansioso, inquieto e nervoso, tudo aquilo reunido dentro de um corpo esguio e sensível que estava produzindo mais hormônios do que o costume. Ou seja, uma verdadeira pilha. E o silêncio torturante do moreno não ajudava muito naquilo.

— O Jin Lian vai ser irmão mais velho… – continuou, umedecendo os lábios, enquanto apertava o próprio braço, ainda mantendo o olhar grudado nas costas largas. — Eu… Tinha andado me sentindo enjoado e cansado e acabei fazendo o teste. Deu positivo… Quer dizer, eu sei que é melhor checar num médico pra ter certeza, m-

A fala morreu no meio do caminho assim que sentiu os braços fortes de Tian o envolveram num abraço apertado que a princípio o pegou de surpresa e completamente desprevenido. E nada se comparava ao alívio instantâneo que sentiu com aquilo.

— Essa é a melhor notícia do mundo inteiro, Mo. – finalmente se pronunciou, apertando ainda mais o mais baixo, deixando enfim que um riso baixo lhe escapasse os lábios.

— I-idiota… – com uma sensibilidade que jamais admitiria, o menor acabou resmungando, soltando o ar numa lufada enquanto escondida o rosto na curvatura do pescoço alheio, o apertando de volta. — A-achei que não tinha gostado…

— Eu adorei. Eu… Adorei demais. – negou, mais uma vez rindo baixo, espontâneo, dando beijinho na pele exposta do ombro alheio. — Obrigado…

Mo Guan Shan relaxou mais, se deixando derreter um pouco nos braços do parceiro e receber as carícias e sussurros carinhosos.

Estava com tantos receios e tantas coisas inundavam sua mente desde que descobrira. E adorava o modo como podia se permitir demonstrar alguma fragilidade na frente de Tian sabendo que ele sempre daria um jeito afugentar aqueles sentimentos ruins, embora nunca tivesse dito aquilo em voz alta.

Mas o moreno sabia.

— Acha que damos conta? – a voz saiu sussurrada e um pouco trêmula. — Quer dizer… O-o Lian ainda é tão novinho… E dois bebês são mais complicados que um. É mais responsabilidade, e se n-

— Ei, ei, calma. – interrompeu-o mais uma vez naquela noite, tocando o rosto dele de modo a fazer com que o olhasse. E o aperto no peito foi inevitável ao visualizar aquele rosto naturalmente ranzinza com os olhos castanhos e intensos cheios de lágrimas daquela forma. — A gente vai conseguir, ok? Lembra de como estávamos nervosos quando descobrimos que estava esperando o Lian? E deu tudo certo, ele é perfeito… Somos bons pais. E você? Você é maravilhoso. Então vai ficar tudo bem…

A voz de Tian saíra calma, e embora a fala do mais alto tivesse confortado o coração cheio de inseguranças do ruivo, também serviu como estopim para que enfim as lágrimas grossas que tanta segurava lhe escapassem sem seu consentimento.

Céus, como detestava aqueles malditos hormônios que o faziam parecer um bebê chorão!

Instintivamente apoiou o punho fechado à frente dos olhos, somente afirmando ao sacudir a cabeça, receoso de abrir a boca ultimamente soluço sentido também lhe escapar.

O que instintivamente acabou arrancando um riso baixo de Tian, que só conseguia achar a cena adorável.

— Ah, meu pequeno Mo, eu te amo tanto, tanto… – disse baixinho, ao passo que se inclinava um pouco, depositando um beijo suave na testa do menor.

E em resposta somente o sentiu agarrar firmemente em si, passando os braços ao seu redor ao passo que novamente escondia o rosto e novamente afirmando.

Mo Guan Shan não era o melhor com palavras ou demonstração de sentimento, mas também o amava por mais que naquele momento não tivesse conseguido dizer em voz alta.

Mas não fazia mal, Tian tinha plena noção daquilo. E mesmo que não tivesse, as duas maiores provas daquela verdade irrefutável estavam bem ali: uma descansando em seu berço, despreocupado, e o outro repousando no ventre do ruivo, aos poucos ganhando forma.

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𝐁𝐀𝐁𝐘 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐘 ◗ 𝚃𝚒𝚊𝚗𝚂𝚑𝚊𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora