Capítulo Único

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— Bakubro...

— Ugh... O que foi, cabelo de merda?

Mais uma vez, Eijirou Kirishima havia ido ao quarto de Bakugou no dormitório da UA, como fazia quase todos os dias, às vezes para estudar, às vezes para implorar que o loiro lhe ajudasse com as montanhas de tarefa de casa passadas pelo Professor Aizawa, ou apenas para jogar conversa fora com o seu melhor amigo, jogando videogame de preferência, e sem qualquer preocupação com as aulas do dia seguinte, como era o caso daquela vez.

Mas, ao invés de se concentrar no jogo, Kirishima vinha pensando recentemente numa conversa que havia tido com Mina e Kaminari na última festinha clandestina que eles inventaram de dar no quarto de Sero, da qual Bakugou não havia participado porque, segundo ele "o futuro herói número 1 não tem tempo para perder com essas merdas". Mas na verdade todos sabiam que "o futuro herói número 1" apenas não iria porque seu horário limite de sono era muito mais cedo do que o de qualquer outro jovem de 17 anos na história do mundo.

Enfim, acontece que, durante essa festa, Kaminari estava descrevendo sua confusa vida amorosa, na qual ele se encontrava apaixonado por duas pessoas, sendo elas um garoto e uma garota, sem saber de qual dos dois gostava mais.

A bissexualidade de Kaminari, aparentemente não era surpresa nenhuma para Mina ou Sero, mas Kirishima não sabia daquele detalhe até então, e, além de ficar surpreso, muitos questionamentos surgiram na sua cabeça. Então... era possível gostar dos dois? Como Kaminari descobrira aquilo? Como isso funcionava? E, o mais importante de tudo... Será que... Kirishima também...?

— Hm... Nada, deixa pra lá. — ele sacudiu a cabeleira ruiva.

Ouviu um grunhido familiar vindo da cama atrás dele, onde Bakugou estava.

— Ah, agora fala, porra!

Bakugou havia pausado o jogo. Eijirou sentia o console, que antes tremia devido aos inúmeros golpes que o amigo estava desferindo contra ele no videogame, agora pender inerte entre suas mãos. Bakugou estava ganhando o jogo, mas pausou mesmo assim para ouvir o que ele tinha a dizer. Um sorriso brotou levemente em seus lábios.

Mas quando se virou para o amigo, Kirishima estava sério.

— Você acha que nós fomos condicionados a gostar de garotas?

A expressão que se formou no rosto do loiro foi quase como se um ponto de interrogação gigante tivesse se materializado no lugar de seus olhos rubros. Aquilo era brincadeira?

E logo a confusão se transformou em fúria, como acontecia com quase todas as emoções complicadas que atingiam Bakugou em cheio.

— Cabelo de merda, você me fez parar o jogo por causa de...!

— Calma, calma! É uma pergunta séria, eu juro! — riu Kirishima, o que não ajudava muito o seu caso.

— Mas que diabos...!

— Apenas, responda, Bakubro! Você acha que nós, como homens, fomos condicionados a gostar de garotas?

Bakugou, ainda indignado, mas resolvendo levar aquilo a sério, sem saber exatamente o porquê, fechou os olhos, respirou fundo e apertou a ponte do nariz.

— O que, exatamente, você quer dizer com isso, Kirishima?!

— Então, tipo... Você acha que... Como homem, certo?... Você acha que gosta mesmo de garotas, ou só foi, tipo... condicionado a gostar delas, porque é isso o que a sociedade espera que você faça?

— Quê...? De onde você tirou isso?

— Não importa, só responda à pergunta — e vendo que Bakugou estava prestes a ficar irritado novamente, acrescentou —... Por favor?

A Pergunta (Kiribaku Oneshot)Onde histórias criam vida. Descubra agora