A Sombra Debaixo da Cama - Prelúdio

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14/12/1916 – Baskerville, Inglaterra.

Era uma noite nublada, fria e úmida como toda noite de inverno, as luzes da rua estavam acessas, o sino da igreja tocava anunciando a meia noite. Arlett Bianca acabará de chegar em casa com seu recém-marido Cody Davenport. Ele a jogou na cama com o vestido e tudo, fez um cafuné em seus cabelos e disse a ela com seu sotaque engraçado:

-Fique aqui querida, tenho uma surpresa para te mostrar. E nada de espiar, O.K?

Ao sair do quarto, Cody deu uma corridinha para a cozinha e começou a mexer nos armários. "Estavam aqui, tenho certeza" –pensou consigo mesmo. Continuava procurando o presente da esposa, um par de brincos ornamentados com joias exóticas que comprou numa loja pelas vielas de Londres, após procurar por mais um ou dois minutos, os achou em cima da mesa o que lhe foi estranho, tinha certeza que os escondeu nos armários. Os brincos eram sem igual, tinha um formato circular imitando uma pequena onda se desmanchando, eles não brilhavam como tão pouco refletiam a luz, dando um ar de mistério aos adornos. Como foram parar na mesa? O jovem não tinha ideia, mas o importante é que havia encontrado.

Voltou às pressas para o quarto com um brilho em seus olhos e um sorriso em seu rosto, escondendo o presente com as mãos para trás.

- Feche os olhos, não quer estragar a surpresa quer?

-Sempre misterioso você, eu acho que posso fechar os olhos – Disse Arlett com felicidade.

Cody colocou os brincos nas mãos de sua amada e a mandou abrir os olhos, assim que os abriu não conseguia parar de olhar para as joias, eram belíssimas, diferente de tudo que havia visto, simplesmente eram hipnotizantes. Sem demora os colocou, não doía, mal dava para sentir o aperto e o mais importante, ficou belíssimo em suas orelhas que nenhuma palavra existente ou que viria a existir poderia descrever a beleza dos brincos, porém algo estava errado.

No outro dia os dois jovens apaixonados foram a cidade para terminar de comprar a mobília de casa, no caminho passaram na rua "Pines" afim de achar alguma liquidação boa e barata. Acabaram encontrando um armário de madeira de cedro, um pouco frágil, mas lindo, depois de uma longa barganha com o velho da loja, conseguiram levar por 7 libras¹ com a entrega sem o frete, realmente uma pechincha. Voltando para casa, Cody percebeu que deixou cair sua carteira e voltou a rua para procurá-la, dois quarteirões antes do seu ele a encontrou, quando agachou para pegá-la alguém pegou primeiro e o entregou:

-Aqui senhor, sua carteira.

Surpreso, Cody respondeu.

-Ah! Que susto você me deu.

Quando levantou o olhar, não viu ninguém, nenhuma alma viva por perto, isso o deixou perplexo, amedrontado, ele pegou sua carteira e voltou para casa.

Na noite do mesmo dia, arrumaram o armário ao lado da pia, limparam, poliram, ficou novo em folha. Arlett terminando de passar o pano no móvel, percebeu uma estranha marca no canto, era curiosamente parecido com o formato do seu brinco, mas havia mais uma figura no meio da marca, uma pequena caveira.

-Querido, venha cá!

Correndo, ele responde – O que houve?

-Tem uma marca estanha aqui nesse canto... Veja se a reconhece, nunca vi esse símbolo antes.

Ao olhar o símbolo, ele imediatamente reconheceu, era um símbolo de um culto que outrora participará, um símbolo mal, um símbolo de tragédia, uma marca de morte. Com o coração pulsante, engoliu a saliva e apenas respondeu que nunca havia visto aquilo na vida. Não podia contar a sua esposa sobre certas coisas em seu passado, deu meia volta e foi fumar lá fora para acalmar o coração.

Meia noite do dia seguinte, estavam prestes a dormir, fizeram suas preces e orações antes de deitar e Cody se levantando para dar um beijo de boa noite em sua amada percebeu algo peculiar. As luzes do corredor se apagaram e a janela estava aberta deixando a gélida brisa entrar, ele estranhou, assim como estranhou os brincos terem mudado de lugar e em passos rápidos foi em direção a janela fora do quarto, então aquilo aconteceu.

Ele não conseguia se mexer, estava incapaz de sequer olhar para trás, pela janela viu três silhuetas entrando em sua casa, ouviu eles subindo pelas escadas, medo genuíno era a única palavra que poderia descrever o que estava sentindo, seu futuro havia sido predestinado naquele momento.

Ao amanhecer, Arlett acordou, sorridente e alegre, havia tido um sonho bom, virou a cabeça de lado, ainda deitada e chamou pelo marido que não atendeu, abriu os olhos e viu sua cama vazia e vermelha, um cheiro forte entrou em seu nariz e uma visão perturbadora entrou em sua cabeça, seu marido morto no chão.

¹Aprox. R$ 49,00

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2021 ⏰

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