Era manhã de sábado, por volta das 8:15 da manhã, o céu limpo com poucas nuvens e um sol quentinho batia contra a janela que contrastava com a brisa fria que soprava as folhas das árvores do nosso jardim.
Eu a olhava com um brilho nos olhos enquanto ela parecia distraída demais com as panquecas, as cores claras e neutras da cozinha davam uma sensação de calmaria, juntamente com a música que tocava baixo no pequeno rádio.
Bebericava meu café, observando as mãos habilidosas da minha esposa trabalhando.
Sorri meio boba, minha ficha caía lentamente, mas toda vez que eu me lembrava, meu sorriso era imediato. Havia acontecido, eu estava recém casada com a mulher que eu amava, com quem eu iria criar meus filhos, com quem eu iria adotar um cachorro ou dois. O motivo dos meus suspiros e dos meus picos de criatividade, com quem eu podia passar horas apenas olhando as nuvens ou falando sobre os mais diversos e aleatórios assuntos, nada com ela nunca perdia a graça, eu me apaixonava todo dia por ela de uma forma diferente, do seus pés até o último fio de cabelo, eu não poderia existir ninguém melhor do que ela. A conexão que eu sentia por ela, eu nunca havia tido por ninguém.
Sou tirada dos meus pensamentos pela sua voz, que chamava meu nome repetidas vezes.
“Sinto as vezes que se eu não chamar você, você vai acabar viajando de verdade pra essa outra realidade que você tem na sua cabeça.” Ela fala estampando em seus lábios, o sorriso mais lindo do mundo, enquanto indicava para irmos para a mesa.
Enquanto comíamos, passando o xarope de chocolate de um lado para o outro, ela contava uma das histórias que ela havia vivenciado no trabalho, eu já havia perdido as contas de quantas vezes ela havia me contado aquela história, porém ela ficava tão linda e animada contando, que eu não conseguia interromper. Apenas respondia enquanto o meu sorriso não saía do meu rosto por um único segundo.
Estava tudo indo bem, até que ela para abruptamente, levantando um dedo no ar como se quisesse prestar atenção em algum som.
“Algum problema?” Indaguei com a boca um pouco cheia.
“Você não está ouvindo?" Ela pergunta voltando com seu sorriso. “É a nossa música.” Falou apontando para o rádio, que tocava uma das nossas músicas favoritas.
Ela se levanta indo em direção ao aparelho, aumentando o volume consideravelmente, depois, volta até mim, me puxando para uma dança desajeitada, com giros e passos tortos e mesmo sendo um pouco ridículo, quem iria nos julgar ali?
Suas mãos em minha cintura, e as minhas em seus ombros, bailamos pela cozinha e pela sala, como num conto de fadas moderno.
Quando a música acabou, ela olhou nos meus olhos, seu peito subia e descia, ofegante, dei uma breve risada e a abracei.
“Gosto de abraçar você desse jeito e ouvir seu coração batendo forte, sentir você...” Falei com minha cabeça deitada sobre seu ombro. Escutei seu riso num sopro contra meus cabelos.
“Eu te amo tanto, princesa.” Sua voz saía calma e com um tom nítido de alegria.
“Eu também te amo muito.” Falei olhando para ela sorrindo.
Ela se aproximou mais e iniciou um beijo calmo e carinhoso, me fazendo sorrir mais uma vez, entretanto, ela separou o beijo e me olhou com uma careta.
“O que foi? Eu tô com o hálito ruim?” Perguntei um tanto envergonhada.
“Gosto de café, eca.” Ela falou se afastando.
“Você é ridícula.” Disse num tom de brincadeira indo atrás dela.
Voltamos à mesa para a "programação normal", conversando sobre o cotidiano e afins. Eram em manhãs como aquela, que toda minha energia era recarregada, nem todas as palavras do mundo poderiam descrever o quanto cada pequena coisa me fazia um bem enorme. Meu ponto seguro, minha fortaleza, minha alegria, tudo em um único lugar, ou melhor, em uma única pessoa. O amor da minha vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Café e Chocolate
RomanceSe existe conforto maior, do que aquele que eu sinto quando estou em seus braços, eu desconheço, mas de certa forma, desejo nunca encontrar.