Meu Filho

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barulhos de bolhas subindo pelo tudo, são as únicas coisas que consigo ouvir claramente, o resto são apenas algumas frases abafadas pelo liquido que me mantem viva. me pergunto quando isso começou...

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eu já tinha vinte e um quando algo chocante aconteceu no mundo, de dentro da minha cela eu apenas ouvia algumas coisas que os homens falavam, aparentemente os adolescentes entraram em coma ao mesmo tempo, que estranho, talvez seja uma doença nova? nunca saberei. mais tarde vieram entregar minha comida, com meus frágeis braços a pego rapidamente pois não estavam me alimentando direito a dias, o homem que trouxe a comida me olha de cima com nojo no olhar, mas não me importo, pra mim isso é só mais um dia normal. ele sai da cela e a tranca novamente, apenas continuo a aproveitar o pouco arroz e pedaço de pão envelhecido.

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muito tempo depois, acho que um ano ou mais, vieram até minha cela junto com um homem de roupa branca

-essa é a joia do nosso mercado, apesar de não estar tão bem cuidada acredito que serve para o que o senhor precisa - dizia o homem baixo e barrigudo

esse homem era o dono do local, sempre me tratou como lixo e agora me chamou de joia, tenho pena dos outros pelo modo como devem ser tratados

-irei levar ela mesmo, talvez eu venha buscar outra em algumas semanas se ela não suportar- o homem de branco virou as costas logo após dizer isso

-certo... vem logo sua porca!- o homem baixinho veio até mim e me puxou pelas correntes que prendiam meus braços

sem falar nada eu simplesmente acompanhei, tinha chegado minha hora de ser vendida, de qualquer forma já sabia que não teria uma vida melhor pois a morte é a única coisa que um escravo pode esperar depois de ser vendido.

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depois de um dia tínhamos chegado em algum lugar grande, o interior dele era todo branco e tinham luzes para todos os lados, chamaram esse lugar de laboratório, passei por algumas celas que tinham uns bichos estranhos dentro delas, tinham cores e garras que humanos não tinham, mas pareciam humanos, que lugar é esse?, me levaram para uma cela bonita e me deixaram sem falar nada, bom, não posso pedir nada mais.
começaram a me alimentar com varias comidas gostosas, eu só conhecia o arroz que não estava queimado, mas o resto era delicioso, não sabia ainda o porque estavam sendo tão bons comigo...

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duas semanas depois, vieram até minha cela e me chamaram, "cobaia!" eles disseram, respondi rapidamente e me levaram até uma outra cela, mas essa tinha varias pessoas com a mesma roupa branca. me colocaram numa cama alta e colocaram alguma coisa estranha no meu rosto, comecei a sentir sono e tentava lutar contra, mas não conseguia, então acabei dormindo.
quando acordei, estava na minha cela novamente, achei estranho pois não sabia o porque me chamaram lá, mas ignorei pois continuaram a me alimentar bem

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depois de uns dias eu comecei a vomitar varias vezes, não entendia o porque daquilo mas eu sempre abaixava a cabeça para os homens de branco que entravam na sala quando isso acontecia, eles me levantavam, viam se eu estava bem e saiam.

...

três meses depois, minha barriga estava um pouco maior, achava que era por causa da quantidade de comida que eles haviam aumentado, mas ignorei. mais tarde eles vieram e me levaram até aquela cela com varias pessoas de branco, me colocaram na cama alta de novo, mas dessa vez me amarraram nela, eles pegaram um pedaço grande de metal preto e vermelho, parecia uma lamina grande. colocaram vários fios em mim, e então colocaram o metal por cima de mim.
o metal começou a desmanchar e a cair no meu corpo e então comecei a sentir uma dor extrema, uma dor que jamais havia sentido na minha vida, sentia aquilo entrando em mim e se espalhando por cada parte do meu corpo, aquilo era torturante, eu só queria que acabasse logo mesmo que eu morresse...

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