Candy Girl (misana)

Sobre a certeza ao vê-la sorrindo para mim.

Sana deixou um suspiro exausto escapar de seus lábios quando encontrou a chave do apartamento na mochila, seu sorriso se tornando inevitável em seguida.

A chuva caía débil fora do prédio e caso não tivesse se aventurado no temporal (porque apesar do guarda-chuva, sua roupa consequentemente estava molhando o tapete de boas-vindas e ela achou muito irônico), certamente, mal conseguiria escutar os pingos deprimentes naquela noite fria.

Onze da noite, havia saído do metrô há pouco tempo, depois de seu dia corrido no trabalho e na faculdade. Precisava de descanso, porque atualmente mal tinha tempo para isso, passando semanas mal dormidas em razão das madrugadas em meio aos estudos.

Além do fato, indubitavelmente, que não estava tão fácil assim se manter em um apartamento, pagando o aluguel sozinha desde que a outra garota que dividia consigo, havia trancado o curso e voltado para casa dos pais sem nenhuma intenção de retornar.

Estava corrido: pela manhã ia à faculdade e o resto do seu dia ficava no shopping perto da estação, o trabalho meia boca que tinha conseguido no Mcdonalds (reconhecia como era penoso e a deixava toda dolorida pela tensão ao ter um cliente ignorante, igualmente o modo que não tinha horário fixo para ir embora). Com o salário mínimo e gorjeta vez ou outra, mas que ajudava o suficiente e a deixava mais tranquila todo mês que precisava quitar o aluguel e comprar mais algum equipamento caro do curso. Não era um apartamento muito grande, no entanto, confortável o suficiente para cogitar um possível financiamento futuro.

Sana abriu a porta, se arrastando para dentro à medida que tirava os sapatos e os deixava na lavanderia, depositando o guarda-chuva sobre a secadora.

Sentia a oleosidade das batatas fritas entranhada no seu corpo e nos fios do cabelo, a mesma gordura que a fazia repudiar os lanches desde que começou a trabalhar no fast-food; a fazia se sentir imunda sempre que voltava ao apartamento e querer chorar de desânimo.

De imediato, viu Ray, o cachorrinho que tinha ganhado de aniversário, surgir no seu campo de visão ao sair da cozinha, pulando para que ficasse com as patas dianteiras apoiadas na sua barriga. Ele abanava o rabo com empolgação, a respiração ofegante à medida que tentava lambê-la em uma ação de "olá". Aquecia o coração dela tão grandemente, que até conseguiu ignorar suas preocupações e a dor de cabeça insistente pela exaustão.

- Ei, garotão... como foi seu dia? - em resposta, deixou um latido reverberar no ambiente, os pulos mais eufóricos por receber atenção depois de um dia inteiro sem ver alguém. - É, eu também senti sua falta, um tantão! Mas não faça muito barulho, senão eles ligarão para reclamar por causa do horário... Você se lembra da nossa conversa? A síndica é uma megera mal amada!

Se moveu, ligando a luz e voltando à cozinha para que pudesse trocar a água de Ray e para colocar mais comida. Abaixou as mãos nos joelhos enquanto o observava comer. Amava-o tanto e só o conhecimento que atualmente passava mais tempo sozinho, apertava o peito dolorosamente. Infelizmente, não poderia fazer nada naquele ano para mudar sua rotina atarefada. A carga horária era severa para ela no último semestre e tentava se apegar ao fato de que faltava pouco. Só mais um pouco.

Um sorriso brando surgiu quando escutou uma notificação no celular, dentro da bolsa. Sabia quem era e isto acarretou consequentemente na felicidade súbita e na ansiedade de saber o que tinha recebido.

Afastou-se do animal em meio a um bocejo, vasculhando na mochila à procura do aparelho. Assim que encontrou e desbloqueou, se sentiu mais animada ao confirmar a suposição da mensagem.

"Você já chegou em casa, Sattang? Tudo combinado para eu ir aí?"

Sana quase revirou os olhos - quase - pela incerteza de Mina em confirmar o convite, porém uma risada apareceu no lugar à medida que respondia: