Um brinde ao destino!

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Como qualquer dia, levantei e fui tomar banho. Depois de 15 minutos no chuveiro, é, eu demoro pra tomar banho. E sim, eu sei que está errado. Fui me arrumar pra escola. Estávamos no mês de setembro, e ainda era sexta feira. Eu não poderia estar mais cansada. Mais um fim de ano estava chegando, mas não seria como qualquer ano... Seria o ano da formatura. Não dava pra acreditar que daqui a dois meses teria que decidir se iria fazer faculdade, e se fosse, qual faculdade fazer. O tempo parecia estar muito à frente do que eu poderia aguentar.

- Lanaaaaa, vem tomar café.

Era incrível a capacidade da minha mãe de conseguir gritar como se o mundo tivesse prestes a acabar.

- Já vou!!

Gritei mais ainda. Ri comigo mesma... Era meio que uma coisa nossa. Meu pai ficava louco.
Desci e vi que estava atrasada, mas tenho que dizer, estou sempre atrasada, então báh...
Me sentei na mesa e comecei a comer. Detestava comer de manhã... Não tinha paciência, pra falar a verdade.

- Você pegou o caderno da Malu? - perguntou minha mãe.

- Peguei sim! Acha que desejo uma morte lenta e dolorosa?

- Hã?

Dou uma risada alta.

- É que ela disse que se eu esquecesse o caderno, teria uma morte lenta e dolorosa.

Fiz uma careta...

- É o que dizem né... Pessoas loucas andam com pessoas loucas.

Vou pro ponto de ônibus e consigo pega-ló... Como tinha começado a pegar ônibus a pouco tempo, não conheci ninguém, então, os meus fones conversavam comigo.
Cheguei na escola e já havia dado o sinal... Olhando a escola daquele jeito, vazia, parecia uma igreja, mas quando cheia, parecia um inferno... Ou a ideia de um.
Fui para sala e parei na porta, já consigo ver meus amigos. Eles eram o motivo pra eu acordar cedo todos os dias, e também o motivo por eu não ter caído e não ter desistido... Mesmo que não soubessem disso, e se dependesse de mim, nunca saberiam. É como sou. Nunca dizendo nada.

- Eu espero pro seu próprio bem, que tenha trazido meu caderno!

- Malu!!! Bom te ver também, amiga. Como foi o seu fim de semana? O meu foi ótimo, obrigada por perguntar.

- Rainha da ironia, sempre. - Brincou Pedro.

- Trouxe meu caderno ou não, querida?

- Trouxe, filha!!! Quando foi que esqueci?

- Ah, não sei... Deixa eu pensar... Hã... Sempre?!

Sento em minha carteira e abro meu caderno. Não tenho certeza mas acho que a primeira aula é de português.

- Bom dia, classe! Estou meio apressada hoje. Vou deixar a correção para amanhã pois preciso passar um trabalho pra vocês.

- Ahhhhhh não, professora.

A classe inteira fala junto, o que é engraçado porque parece um coral.

- Ah não, nada! Sei que muito de vocês estão super felizes, pois vão ter tempo de terminar a lição pra ganhar o visto.

Ela diz isso rindo. E todos nós rimos também.

- Enfim, o trabalho é em dupla.

- Pode ser dupla de três, professora? - Miguel pergunta.
Esse cara conseguia me tirar do sério apenas abrindo a boca.

- Como é em dupla, podemos fazer assim: Pedro e Gui na casa deles. E vamos nós três pra minha casa, e uma de nós faz individual. - Eu falo.

- Tudo bem pra gente. - Malu e Gabi dizem.

- Estou vendo que vocês já estão combinando duplas mas esse trabalho vai ser um pouco diferente. Eu vou escolher as duplas!

Todo mundo se olha como se estivesse acabado de receber a notícia que a terceira guerra mundial tinha começado.

- O trabalho é o seguinte: Vocês vão se encontrar em algum lugar, e vão passar dois dias inteiros juntos. E vão se conhecer melhor! Vão fazer perguntas pro seus colegas, e anotar as respostas. Na próxima segunda, a dupla vai na frente da classe e vai nos dizer o que aprendeu sobre seu colega. Vou falando os números e vocês vão indo na mesa de qual seu número está junto.

Eu era o 18, não podia ser tão ruim com quem eu fosse cair...

Só prestei atenção quando ela começou a falar o número 16...

- 17 e 23

- 18 e 22

Ufa! Era o Lucas... Não conversa muito com ele, mas o pouco que conversei, percebi que ele era muito legal. Quando estava indo em direção à sua mesa, Lucas levantou e disse:

- Professora, você vai ter que achar outra pessoa pra Lana... Eu vou viajar essa semana e vai ficar muito corrido pra mim.

- Mas e sua nota?

- Eu dou um jeito de compensar.

- Ta bom! Então, fica Lana e o número 25.

Olho em volta à sala e percebo que estou a três anos na mesma sala, e não sei dizer quem é o número 25. Como não sei, apenas fico parada.

- Vamos, Lana!! Vá até a mesa do seu colega.

- Hã... Eu não sei quem é o 25.

Ela olha em sua caderneta e diz:

- Miguel! Ele é o número 25.

Ele levanta seus olhos da mesa e me olha com uma expressão meio brava...

- Só pode ser brincadeira! - Falo pra mim mesma.

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⏰ Última atualização: Mar 06, 2015 ⏰

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