Death touch.
“— As rosas me tranquilizam, são lindas, não são? — Sorriu, pegando uma das rosas brancas e a levando para perto de seu rosto, observando atentamente.
— Eu...
Um pouco hesitante, pegou uma das flores brancas delicadamente, vendo o branco se dissipar no negro que consistia em aparecer ao seu simples toque nos objetos.
— Está... preta. — Suspirou, olhando para o chão tristemente. — Eu somente consigo destruir as coisas. — Pensou alto, se sentando no chão e vendo uma parte da grama se tornar seca com o toque de suas mãos.
A mulher a sua frente suspirou, desanimada. Não poderia a tocar mais, muito menos a abraçar para consola-la.
— Não... tem problema, essas rosas vão crescer de novo.
— Mas são as suas favoritas! Eu... não queria destruir...
— Eu sei... e por isso não tem problema!
— Tem sim! Óbvio que tem! — Se levantou abruptamente para se aproximar da outra mulher. — Eu só destruo tudo o que toco! Nossos amigos, nossa casa, tudo! — Sua raiva a impulsionou para quase tocar o rosto daquela que estava a sua frente, em um ato violento. Ao ver o semblante abatido da outra, quebrou, parou seus movimentos e voltou a se sentar onde a terra estava seca.
— Eu cansei de você. — Disse simples, como se não fosse nada, e saiu daquele jardim.
— Não, não! Eu faço de tudo, eu tento parar com isso! Eu vou tentar controlar a minha raiva, não vá! Não vá, por favor! Eu arranco as minhas mãos, mas por favor não vá embora! — A esse ponto, lágrimas saiam de seus olhos sem que ela percebesse.
A mulher, não disse nada, somente continuou andando até a saída daquela propriedade, pronta para abandonar o que quer que estivesse lá.
A medida que andava, a grama verde e bonita se transformava em uma seca, quebradiça e feia. Estava desesperada, ela não a poderia deixar... era a única que não se cansou dela, era? Mas... ela se cansaria alguma hora, não é? Era somente um monstro que destruía tudo o que tocava.
— Não... — Sussurrou em meio ao silêncio, colocando as mãos no coração e tentando se controlar. — Por favor...
Suas lágrimas eram absorvidas pelo solo e o matavam lentamente. Ela não se importava mais, nada importava, porque estava sozinha novamente.
Em um ato de desistência, tocou cada uma das rosas brancas daquele jardim e as tornou pretas, como seu coração naquele momento.
Seu rosto ainda estava molhado por lágrimas, seu coração ainda doía.
— Por quê?...
Olhava para o jardim, agora totalmente destruído, com tristeza enquanto suas memórias lhe traiam e a faziam chorar. Momentos tão felizes foram feitos naquele simples jardim, todos os que chamou de amigos... estavam mortos por sua causa.
— Como um monstro... eu mereço morrer, não é? — Sussurrou, colocando as mãos no chão.
Se concentrou em atingir a maior extremidade de poder e a soltou.
O solo estava com enormes rachaduras, quebrado, seco, inútil e com a coloração negra. O jardim não existia mais, era apenas pó e de suas rosas não sobraram nem as pétalas. Tudo destruído.
No meio de todos aqueles destroços, se destacava um corpo pedrificado, totalmente negro e com o semblante abatido. Suas mãos estavam apoiadas no solo, estava com a cabeça baixa e algumas lágrimas estavam paradas no ar em forma de pedra.
— Oh céus... você, não! Não! Não! Me desculpe! Desculpe! — Horas, minutos ou até dias depois a mulher havia voltado e se deparado com aquela visão. — Você... por favor, não, eu não estava falando sério, eu nunca me cansaria de você, volta por favor...
Ela abraçou o corpo enquanto lágrimas caiam de seus olhos.”
“É simples, as pessoas te conhecem, fazem-te amigos e... quando menos espera se cansam de você e lhe abandonam”.
Fim.
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Death touch
HorrorA maldição infeliz que era obrigada a carregar, a consequência que fazia tudo que ela tocar... morrer. [ ... ] | Créditos da belíssima capa a @AtelieCGS |