Passei a mão pelo tecido jeans, secando o suor que escorria das palmas das minhas mãos. A respiração era curta e irregular, e eu lutava para manter a sanidade em meio à tensão. Meus olhos ardiam, mas eu precisava mantê-los abertos; o cano da arma à minha frente exigia toda a minha atenção.
"Pequena, eu sei que você é meu destino..." Ele repetiu, com uma voz fria e cortante.
Não, eu não sou.
"Seu destino e o meu estão entrelaçados para sempre. Desde o nascimento, eu soube quando vi suas pinturas."
O monólogo interminável parecia se estender por minutos, e eu me esforçava para manter a calma. De repente, ouvi passos no carpete e, como num milagre, minhas esperanças começaram a renascer.
"Eles não vão te tirar de mim, nem vão me tirar de você." Sua voz insana brilhava com uma frieza perturbadora.
Ele se posicionou atrás de mim, a sombra da arma movendo-se conforme ele mudava de posição. Presa, amordaçada e debilitada, a morte parecia pairar sobre mim como uma sombra iminente.
A maçaneta girou, e um homem negro entrou na sala. A arma que ele segurava estava apontada diretamente para o monstro que estava atrás de mim. Não sabia se o desespero nos meus olhos era visível para ele, mas preferia acreditar que era resignação.
Meus olhos se fixaram no homem.
"Ok, corta."
Soltei um suspiro profundo, deixando a tensão da personagem se dissipar enquanto o silêncio no set era substituído por murmúrios animados sobre os takes que acabávamos de filmar.
"Isso foi maravilhoso, Alice. Eu realmente senti o medo em seu olhar," comentou meu companheiro de cena, enquanto largava a réplica da arma em um canto do set.
Algumas pessoas da equipe vieram para me desamarrar e tirar a fita da minha boca. "Odeio como isso fica pegajoso depois de retirar," comentei, esfregando os pulsos que ainda doíam devido à posição forçada.
Lena correu com um lenço embebido em demaquilante em minha direção. "Alice, o diretor está apaixonado por você, só pode!" Ela disse, enquanto Marc concordava com um sorriso satisfeito.
"Não é nada disso, só estou fazendo meu trabalho da melhor maneira possível," respondi, caminhando até as câmeras para revisar o take.
"Ele está sim," Zac disse, secando o suor de sua pele escura que parecia brilhar sob as luzes.
"Marc, você parecia tão insano, eu adorei isso," Lena elogiou, e Marc corou levemente.
"Veja isso, Alice, você está perfeita. Parece tão real," disse o diretor Evans, com um sorriso satisfeito.
Me encolhi um pouco mais perto de Zac, que imediatamente colocou um braço protetor ao redor dos meus ombros.
"Sabe... Vocês parecem muito íntimos," Evans comentou, com um olhar curioso.
Nos entreolhamos.
"Zac e eu somos apenas amigos," respondi brevemente.
"Vá retocar a maquiagem. Vamos gravar mais uma cena antes de terminar hoje, ok?" Evans pediu, e eu acenei com a cabeça em sinal de concordância.
Caminhamos como uma unidade, como sempre fazemos: Zac, Lena e eu, em direção ao camarim.
"Ele tem estado bem interessado na nossa amizade," Zac comentou, com um sorriso divertido.
"Ele está mais interessado em Alice," Lena revirou os olhos, como se a ideia de Evans estar de olho em mim fosse uma piada. Ri baixinho, apesar de achar o diretor atraente, ele era casado, e isso estava longe dos meus limites.
"Vocês sabem muito bem, não preciso repetir isso mais um milhão de vezes. Ele é casado e eu estou indisponível," falei, empurrando a porta do camarim com o ombro e me jogando no sofá de cor clara. A cabeça pesava um pouco, talvez por causa da falta de sono.
Lena entrou logo atrás de mim, puxando de sua bolsa a maldita agenda que detalhava cada minuto do meu dia. "O fato é que restam apenas duas cenas para gravar hoje. Depois disso, tem aquela entrevista para a W Magazine e a permuta com o novo restaurante do chefe Atala," ela disse, com uma precisão que me lembrava que minha agenda estava tão cheia quanto eu tentava esquecer.
Zac, sentado na cadeira de frente ao espelho, tirou os sapatos e esperava confortavelmente minha reação à conversa que tivemos mais cedo. A ideia ainda parecia absurda.
"Não, ainda não pensei sobre isso. Não adianta me olhar com essa carinha de quem foi abandonado."
"Ah, Alice, vamos, só no final de semana," Zac fez um biquinho, "Eu só quero companhia... Você sabe que saltar de paraquedas é algo que eu não quero fazer sozinho. Sua presença e a da Lena são muito importantes para mim."
Um bater discreto na porta anunciou a chegada da maquiadora.
"Senhorita Park?"
"Oi, pode entrar!" respondi.
A moça entrou, lançando um olhar curioso entre mim e Zac.
"Eu tô indo, entendi..." Zac levantou os braços com um sorriso doce e saiu da cadeira de maquiagem, para que eu pudesse me sentar.
"Querida, faça aquela coisa que deixa os olhos dela ainda mais lindos, porque a cena de mais tarde é comigo," Zac disse, piscando para a maquiadora, que soltou uma risadinha antes de fazer um sinal de ok.
"É por isso que as pessoas acham que vocês têm um caso," Lena comentou, ocupando meu lugar assim que eu levantei.
"Ele simplesmente não sabe ser normal, é por isso que a gente tem essa química na frente das câmeras," respondi, enquanto a maquiadora retocava minha maquiagem.
"Ele tem química, mesmo parado e apenas respirando, ele tem química," comentou a maquiadora.
Rimos em uníssono.
"Sim," disse, entre risos, enquanto Zac se dirigia para a porta e me enviava um beijo no ar.
Entrei no ciclo de revisar mentalmente minhas falas, enquanto Lena se ocupava com a agenda e a maquiadora trabalhava no meu rosto. O ambiente era gentil e familiar agora, a ponto de eu nem perceber quanto tempo se passava.
"Bae, precisamos de você agora," um dos membros da equipe de apoio me chamou gentilmente, abrindo a porta.
"Ela está quase pronta, querida, feche os olhos, por favor. Vou borrifar a bruma," pediu a maquiadora, e eu obedeci, esperando que ela aplicasse o produto em meu rosto.
Lena estava de pé quando abri os olhos novamente, ajeitando a blusa e me oferecendo um sorriso confiante. Agradeci à maquiadora pelo trabalho feito.
Percebi que não sabia o nome dela, mas ela foi tão gentil que me peguei parando antes de sair para perguntar.
"Jane, senhora. Meu nome é Jane," ela sorriu, revelando um par de covinhas adoráveis.
"Obrigada por cuidar de mim, Jane," agradeci mais uma vez, antes de sair.
Lena guardou um sorriso por trás de um olhar brilhante. "Você é doce demais para este mundo, Alice."
Ri, compreendendo o que ela queria dizer, e nós caminhamos em direção ao local de gravação.
O set estava movimentado e exaustivo, e apesar dos meus esforços para não me estressar, a frustração com os takes intermináveis começou a se acumular. Foi então que Zac interveio.
"Eu não consigo mais, Evans. E sinceramente, Alice parece mais cansada do que apaixonada. A cada take, tenho mais certeza de que hoje isso não vai funcionar."
"Ele não mente, diretor. Eu realmente estou me sentindo mal, talvez seja o calor," falei baixo, tentando suavizar a situação.
O rosto de Evans mudou imediatamente, e ele me olhou com preocupação. "Então, você pode ir, querida. Tente descansar um pouco mais amanhã, está bem?"
"Ah, claro. Sinto muito por não estar em condições," respondi, fazendo minha melhor cara de arrependida.
A noite anterior finalmente começava a pesar na minha cabeça, e a necessidade de dormir se tornava inevitável. Despedi-me rapidamente das pessoas e voltei para o camarim, ansiosa por um pouco de descanso.
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Mine / Trilogia Amores Livro II
FanfictionSpencer sabia que não era racional, que essa coisa na mente dele dizendo que não podia deixá-la era efeito dos anos trabalhando com a BAU. Mesmo assim não conseguia se desvencilhar do sentimento, e por isso estava disposto a ir longe o bastante para...