Sour - Nomin

Traitor

Março de 2020

Com quase seis meses de namoro completos, eu não precisava de muitas ações vindas dele para me convencer que Lee Jeno era o homem que eu esperei a vida toda. A sensação de estar completo preenchia meu corpo inteiro quando estava com ele, fosse em apenas detalhes simples como os sorrisos que ele me dava ou quando caminhávamos em público de mãos dadas. 

Eu adorava a presença dele na minha rotina, e não me importava de acompanhar a sua também. Saíamos da aula, passávamos longos minutos nos beijando atrás da escola antes do treino de roquei e era quase costumeiro comermos alguma besteira no fim do dia, quando ele me acompanhava até em casa — claro que por insistência minha, mas o que eu podia fazer? Passar tempo com ele era um dos motivos pelos quais eu levantava com um enorme sorriso de manhã.

Era uma pena que nem todos pareciam tão felizes quanto eu com meu relacionamento. Na verdade apenas eu e Jeno parecíamos satisfeitos juntos, e eu queria me convencer de que apenas isso era suficiente, afinal era minha escolha estar com ele.

Mas a medida que nosso namoro melhorava, meus amigos pareciam estar mais distantes. Principalmente Donghyuck.

O Lee até tentava me convencer o contrário: que eu estava maluco, ele estava apenas ocupado com os jogos e a escola. Uma mentira descarada e ruim já que eu o conhecia à quase quinze anos. Eu sabia que ele não estava confortável com o fato de eu estar namorando um garoto como Jeno. Ele era popular, quase quinhentas pessoas na fila atrás de mim, prontas para arrancar o meu lugar de qualquer jeito. E se ele desse alguma brecha de que não estávamos juntos, iriam mover montanhas para tê-lo. 

Não vou mentir que pensar na possibilidade de alguma daquelas pessoas interesseiras tivessem meu namorado me assustava diariamente. Claro, o queixo perfeito e olhos escuros hipnotizantes do mais alto eram difíceis de passarem despercebidos por qualquer um que fosse. E a prova eram os olhares que recebia todas as vezes que caminhávamos pelos corredores da escola. Faltavam apenas babar na blusa dele. 

Mas felizmente aquele medo passava rápido, já que o frio na barriga que ele me causava quando estávamos da maneira que acordamos naquela manhã no quarto dele. Eu de costas para o maior, seus braços rodeando meu corpo em um abraço e o rosto bem próximo ao meus pescoço causando arrepios com sua respiração quente. 

Aqueles momentos me faziam sentir amado e protegido. A melhor sensação do mundo.

Meus olhos abriram lentamente devido à claridade de uma pequena fresta da persiana mal fechada. Quis condenar o sol por aparecer tão rápido todos os dias, era quase impossível aproveitar o contato maravilhoso que tínhamos, e eu sentia um caminhão sobre o meu corpo por ainda estar cansado para levantar. É claro que dormir quase três da manhã após sairmos de uma festa totalmente bêbados e algum tempinho extra para uma rodada me deixou totalmente esgotado, mas não era como se fosse uma experiência nova.

Respirei fundo olhando para o relógio digital na cômoda ao lado da cama. Ainda era cedo para acordar em um sábado, isso explicava o quão cansado me sentia. Pensei em me manter aconchegado nos braços de meu namorado por mais um tempo e tentar dormir, mas minha atenção foi tomada pelo celular vibrando próximo ao outro aparelho.

Mesmo com os olhos quase fechando e  meu corpo totalmente entregue à preguiça, pigarrei o mais baixo possível para não acordar o moreno e estendi um das mãos para tentar alcançar o celular. Quase tocando o objeto, me assustei ao levar um puxão para trás me fazendo retornar para o mesmo lugar de antes.

Nem se quisesse muito conseguiria conter o sorriso que saiu de meus lábios no momento que senti o peito do Lee bater nas minhas costas e seus braços me apertarem mais ainda. Senti a pele quente envolver a minha e senti os pelos arrepiarem de uma maneira gostosa. Sua respiração quente voltou à colidir diretamente com meu pescoço e me senti um bobo apaixonado com aqueles pequenos detalhes das manhãs que me deixavam totalmente rendido ao mais velho.