Uma pálida lua nova apareceu com sua luz suave. Mas o antigo castelo de Lown Town do Marquês Jervas Sigmund ainda estava rodeado de escuridão.
Eu andei com cautela pelos corredores, então meus passos leves não fizeram barulho. Parei na frente de seu quarto.
Será que alguém me viu?
Olhei em volta ansiosamente. Felizmente, os corredores mal iluminados estavam vazios.
Respirei fundo e abri a porta do quarto com cuidado, para não fazer barulho.
- Você não precisa bater antes de entrar.
Entrei no quarto. Meu mestre, o Marquês Jervas, estava recostado na cama com o torso nu. Ele herdou o título de seu pai, que morreu há dois anos.
A família Sigmund costumava ser uma família prestigiosa com uma longa história, mas por conta de seus inimigos, agora eles só possuem este velho castelo e as terras de prata no Oeste.
- Decilia, você está atrasada. Eu estive esperando por você.
Sua voz apaixonada era tão doce que meu coração começou a bater ainda mais rápido.
- Eu estava esperando as outras criadas irem dormir.
Mesmo não sendo uma situação nova, eu corei como se fosse minha primeira vez.
Jervas saltou rapidamente da cama, como se quisesse compensar a longa espera.
Seus braços envolveram minha cintura. Com o vento, inclinei-me para trás e olhei para ele com meus olhos cheios de tristeza.
Esta noite será nosso último encontro. É triste e doloroso, mas não pode ser evitado. Ele se casará pela manhã .
Jervas me apertou com mais força em seus braços quando percebeu meu olhar pesaroso. Seus olhos brilharam quando ele ergueu meu queixo com a ponta do dedo.
- Por que essa carinha? Não fique chateada. Meu casamento não será o fim do nosso relacionamento.
- Não... nós não podemos!
- Por que não? Eu ainda amo você. Nós só precisaremos tomar cuidado com os nossos encontros, para que ninguém note.
A respiração ardente de Jervas roçou meus lábios desejosos.
O ardor desesperado de uma mulher que enviará seu amado para se casar com outra rapidamente explodiu.
Quando eu tinha seis anos, eu e minha mãe fomos vendidas para a família Sigmund. O jovem mestre, Jervas Sigmund, tinha nove anos na época. Ele era suave e pálido como mármore branco.
Ele estava vestindo uma camisa branca amarrotada nas mangas e no pescoço, um colete justo e calças pretas.
Para mim, a jovem filha de uma criada, ele era alguém que eu nem me atrevia a encarar.
Quando eu não tinha nem completado oito anos, o velho Marquês ordenou o casamento de minha mãe com um velho empregado viúvo.
Meu padrasto estava na casa dos quarenta anos e tinha três dentes da frente faltando. Além disso, ele era um alcoólatra que ficava violento quando estava bêbado. Minha mãe o temia e o odiava.
Um dia, meu padrasto bêbado me agarrou pelos cabelos. O motivo foi que a expressão em meus olhos pareceu arrogante a ele e o fez se sentir desrespeitado.
Foi Jervas quem me salvou de ser espancada. Meu padrasto rastejou na frente do jovem mestre, que não tolerava violência.
Eu fui transferida. E ali, eu prometi a mim mesma que faria tudo que pudesse por Jervas.
A partir daquele momento, comecei a pairar em torno dele como uma sombra. Eu ficava feliz quando ele ria, e triste e preocupada quando ele franzia a testa. Mesmo uma mera visão de relance dele fazia meu coração acelerar.
Minha mãe ficou doente e faleceu quando eu tinha treze anos.
Meu padrasto, que torturava a enteada quando estava bêbado, rolou de uma encosta. Sua perna quebrou e suas costas ficaram gravemente feridas.
Eventualmente, ele morreu dois anos depois, também. E não havia ninguém para quem eu pudesse voltar.
Então, Jervas se tornou a minha vida, ele era o único com quem eu podia contar.
"Decilia" com um olhar sutil e uma voz avassaladora, ele chamava meu nome. Eu estava feliz. Não me importava com o futuro.
Para uma criada que havia sido vendida em um mercado de escravos, o futuro não era previsível nem importante. Era por isso que eu estava satisfeita por ser amada por Jervas.
Quando o crepúsculo se tornar amanhecer, Jervas se casará com uma nobre dama que trará grande fortuna e terras com ela.
Então, eu precisarei ficar longe de seu marido, que deixou um selo indelével em minha mente e corpo.
Enterrei meu rosto no ombro de Jervas para esconder minhas lágrimas.
Enquanto a noite profunda caía pelo lado de fora da janela, desejei que a manhã nunca viesse.
🌙O casamento de Jervas foi grandioso. Vestina se tornou a nova senhora da Casa Sigmund. Ela era uma mulher esplêndida e extravagante.
Ela trouxe uma fortuna como dote e tornou a casa vistosa. Eu vivia nas sombras como se nunca tivesse existido. Tentei não cruzar o caminho de Jervas e Vestina o máximo que pude.
Era agonizante, deprimente e difícil. No entanto, aceitei meu destino. Não parei de trabalhar até meia-noite.
Trabalhei tanto que minhas costas doeram. Fazendo isso, tentei aliviar a tristeza e a saudade que eu sentia de Jervas.
🌙Cof!
Um punhado de sangue saiu da minha boca.
Eu não conseguia limpar ou cuspir o sangue que restava em minha boca. Não pude evitar, e deixei fluir para fora.
O terrível cheiro de sangue seguiu minhas respirações curtas. Era o cheiro da morte, que se aproximava minuto a minuto.
Meu corpo nu, abandonado no vale escuro, estava miserável. O sangue escorrendo pelos ferimentos feitos pelo chicote, fez meu corpo se dobrar e contorcer. Como um inseto que foi pisado não faz muito tempo.
Minha mente começou a ficar embaçada.
Eu não conseguia sentir nada. Nem mesmo a dor horrível da carne rasgada.
Mas eu entendi. Minha vida estava para acabar.
- Sua prostituta imunda! Você deve estar morrendo de dor, considerando seus órgãos rompidos.
A voz de Vestina, que estava cheia de ciúmes e uma fúria assassina preencheu minha mente.
Algumas velhas criadas da mansão sabiam que eu e Jervas mantivéramos um relacionamento por um longo tempo. Elas devem ter me vendido para ganhar os favores de Vestina.
Eu fui pendurada no teto do celeiro e espancada por dois dias.
Vestina empunhou o chicote de couro impiedosamente enquanto ele rasgava minha carne, deixando linhas vermelhas em meu corpo. Os lugares mais chicoteados se abriram e o sangue começou a gotejar. Os olhos de Vestina se iluminaram ao ver meu estado e o canto de seus lábios subiu.
Com uma dor insuportável, chamei seu nome em meu coração, de novo e de novo.
Mestre... Jervas... Jervas...
Mas Jervas não mostrou nem sua sombra. Ele ficou em seu escritório e manteve seu orgulho. Ele estava plenamente consciente de que eu seria assassinada. No entanto, nenhuma ação foi tomada.
Eu acreditei que era amor, porque ele costumava sussurrar coisas doces para mim, que me fizeram acreditar nele.
Eu não era nada. Eu era apenas paixão e desejo para Jervas. Só percebi quão burra eu tinha sido, quando me encontrei naquela situação.
Vestina era pesada. Quando ela pisou em meu corpo ensanguentado, minhas costelas quebraram.
Com membros quebrados e hemorragia interna, fui jogada em um carrinho e descartada como uma coisa.
O choro dos animais deixou claro que o vale escuro era longo.
Tentei rastejar com a pouca força que restava em meus dedos. Achei que estava apenas coçando, mas aquele arranhão era uma ilusão.
O corpo fragmentado em vários lugares já não era mais meu.
Tentei muito controlar minha mente, que estava cheia de um desejo feroz de viver.
Era muito mais injusto que a morte. Eu quis vender minha alma ao diabo, e eu quis que ele punisse todos eles, jogando-os dentro do fogo ardente do inferno!
Jervas... Vestina...
Eu vivi vinte anos para o homem que era tudo para mim neste mundo.
Mas ele escolheu ficar com aquela mulher, que conseguia tirar uma vida da maneira mais cruel.
Os nomes, que não podiam ser ouvidos, pairavam em minha boca cheia de sangue.
As grossas nuvens que cobriam os céus foram movidas pelo vento e a lua tornou-se visível.
Uma lua vermelha.
Foi a primeira lua cheia a surgir naquele mês, de acordo com o calendário lunar. Eu sabia que a lua vermelha havia surgido, mesmo com minha visão turva.
Ártemis, Deusa da Lua,
Por favor, certifique-se de me reencarnar com sua misericórdia e graça!
Que a última oração dos moribundos seja ouvida.
Juntei minhas últimas forças, obrigando-me a permanecer consciente e rezar a última oração de uma moribunda. Eu olhei para a lua.
A lua foi capturada pela minha visão embaçada enquanto eu morria. A lua vermelha era tão bonita e detalhada que era difícil esquecer.
Mexi uma das mãos, tentei mover meus lábios secos. E dei meu último suspiro em direção à lua.
Isso foi tudo.
O último fio de consciência escapou de mim como o vento balançando uma teia.
Minha cabeça, que estava ligeiramente inclinada, caiu no chão.
Nasci como a filha de uma criada e vivi como uma criada, eu, que só conhecia o amor... Minha vida acabou assim.
Minha única culpa era ter amado um nobre sem conhecer seu verdadeiro eu.
As bestas famintas rastrearam o cheiro de meu cadáver e o devoraram. Insetos e vermes cavaram os últimos pedaços de carne.
A poeira e as folhas caídas trazidas pelo vento e pela chuva cobriram os ossos restantes.
A neve caiu, empilhou-se e escondeu o corpo.
O sol do meio-dia derreteu o gelo e a brisa da primavera vinda do Sul, trouxe o calor. As estações mudaram tão depressa que o inverno e a primavera se repetiram novamente.
🌙Dois anos depois, ela teve outra chance. Ela ficou muito ocupada vindo ao mundo enquanto caía em prantos. Mas assim que ela nasceu, foi jogada no rio por seus pais sem coração.
Ela foi abandonada em sua vida anterior, e uma vez mais, ela foi abandonada em sua reencarnação.
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Evelyn, The Red Moon
RomanceNuma noite de lua de sangue, Uma criada de uma família nobre foi espancada e abandonada em um vale de montanhas escuras. A criada rezou desesperadamente para Deus até seu último suspiro. Implorou por mais uma chance. Suas orações desesperadas foram...