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Felipe Santana - ela é um bom partido.

Seguro o copo com whisky em mãos, enquanto analiso a movimentação que ocorria na áreas inferior do baile. Todo início de baile era sempre a mesma coisa, as pessoas nunca reconhecia seus limites e já iniciam exagerando a dose de loucura que acontece na festa da comunidade. Levo o baseado até a boca, antes de puxar um pouco da maconha envolvida na seda que se transformava em fumaça.

Agora uma coisa que jamais faltava em todos os bailes era os moleques altamente armados expondo isso para todos verem que aquela era uma festa para todos, mas nem todo mundo era bem-vindo naquele lugar, deixando assim a pessoa ciente que se fizesse alguma merda ele não voltaria pra casa vivo. As armas também ficam em exposição pelo fato de que nunca sabemos quando seremos surpreendidos por algum bacana, então é tudo questão de raciocínio lógico dentro da favela.

Assim como o baile inicia sempre da mesma forma, eu posso garantir que jamais o final dele termina da mesma maneira, pois sempre tinha algo novo que nos esperava, seja com uma nova resenha ou muita bala correndo solto pelas vielas.

- Ficou sabendo que o nerd conseguiu pegar o diário da estrangeira? Ele disse que daqui a pouco brota pra solta o papo.- comentou Lobão ao ficar do meu lado.

- Demora do caralho veado, disse que chegaria cedo.- falo assim que passo a encarar o mesmo.

- Calma amor, foi só uns dez minutos de acréscimo.- comentou manhoso ao analisar a área inferior do lugar.- Na moral, qual é da estrangeira no baile? Aqui ninguém dança valsa não e isso nem é a cara dela, tem mó cara de nojenta mermão.

Não tinha ninguém que me fazia dar risada além dos papo idiota de Lobão, parece que nasceu pra trabalhar no circo e mesmo tendo ciência disso resolveu viver no tráfico. Lucas e eu crescemos juntos, fomos criados como irmãos até os meus doze anos de idade, antes de que ir para outro país. A única coisa que não nos faz sermos irmãos de fato é porque ele não saiu do mesmo buraco que eu sair, tirando isso a parceira é mais fechada que cadeado sem chave.

Meu pai criou ele como um filho e quando fui embora ele se tornou o responsável por ajudar o velho com a liderança, sendo um cuidando do outro. Quando criança brincando de bola, mal sabíamos o peso dos crimes que carregaríamos nos ombros até que a morte nos separe e isso se tornou ainda mais pesado quando assumirmos a responsabilidade de suprir o comando do meu pai, sendo eu o chefe e ele o subchefe.

- Isso é ideia errada de Ana.- falo assim que sento sobre o sofá.- Parece que fumou maconha estragada porra.

Levo o copo com whisky até a boca, podendo usufruir um pouco mais da bebida alcoólica.

- Mas convenhamos, tirando a parte dela ser nojenta, vamos confessar que essa cara de mal dela e o resto da estrutura deixa qualquer moleque fraco.- continua.- Além de imaginar o que ela pode fazer com aquela boquinha rosada, enquanto olha nos olhos.

Lanço meu olhar em direção a estrangeira quando o mesmo termina seu comentário, me fazendo de longe ver a mesma segurar uma garrafa de água em mãos ao conversar algo com Ana. Sua altura é inferior a minha, sua pele clara fica destacada em seu cabelo longo e escuro, assim como seus olhos negros que parecia carregar uma escuridão da sua realidade de vida.

Seus lábios tem um tom rosado natural e seu corpo é desenhado pelos deuses de tão perfeito que é aquelas curvas. O mistério que ela carregar é nítido em seu olhar, o que me dar uma grande certeza de que ela não é simplesmente uma pessoa comum que veio tentar uma nova vida no Brasil, principalmente dentro do meu morro.

- É mermo, mas a arrogância deixa ela feiosa, afinal para classe dela ela deveria ser mais mansinha e me parece que ela ama quebrar regras.- comento ao encarar Lobão novamente.- Então veado vai enfrente, ela é um bom partido e eu tenho estresse de mais pra investir nisso.

Levo o baseado até a boca outra vez, enquanto de relance observo a estrangeira discretamente. Não vou negar que ela é extremamente gostosa, mas também não posso negar a minha vontade de fuder com a cara dela quando ela tem a ousadia de me confrontar. Ajeito minha postura quando vejo o nerd sentar próximo a mesa, me fazendo ficar atento em cada uma de suas próximas palavras.

Quando passei boa parte da minha vida na máfia, aprendi que sempre temos que ter uma boa preparação para tudo, tendo sempre alguém responsável por alguma habilidade incomparável com os demais da equipe, pois um complementa a função do outro. Dessa forma achei de extrema importância levar isso para dentro do meu governo, tenho um stalker ao meu favor.

- Conseguir o que havia me pedido e posso dizer que ela não vai trazer problemas pro complexo.- soltou a voz ao me entregar o celular que antes estava sobre seu domínio.- Ela se chama Bellatrix, vem de uma família de classe média e se formou em medicina a cinco anos atrás no país da Itália.

Analiso bem cada imagem em exposição no celular, antes de devolver o celular para o mesmo que logo pega o aparelho.

- Tendo ideia de que ela se formou em medicina, me parece que de fato veio tentar uma nova vida no Brasil.- complementou suas palavras, nerd.

- Ou ela veio tira férias aqui, achando que o morro é um ponto turístico.- argumento num tom calmo.- Eu tenho as minhas dúvidas, afinal se de fato ela quer tentar uma nova vida e tem condições parceiro porque alguém escolheria viver dentro do complexo?

Sem obter respostas, simplesmente jogo minha cabeça pra trás ao processa toda a informação deixada sobre a mesa, enquanto o único som presente naquele momento era o que vinha da área inferior do baile. Dar pra perceber de longe uma filhinha de papai pelo seu jeito lerdo e doce de ser ou agir, me dando a grande certeza de que essa garota não é filhinha de papai nem fudendo. Sinto alguém sentar sobre meu colo, me fazendo perder minha linha de raciocínio e vendo de quem se tratava, encaro a mesma seriamente esperando sua pronúncia.

- Vamos brincar um pouquinho?- pergunta Talita antes de tentar me rouba um beijo, o que me fez se esquiva de imediato ainda a olhando no olho.

- Tu tem dinheiro pra paga tratamento dental porra? Porque eu vou dar tanto murro nessa tua boca, que tu vai precisar desse dinheiro se tu tentar me beijar de novo.- falo de forma rude.- Agora sair do meu colo e some da minha frente, porque quando eu quiser fuder sei bem onde te encontrar.

Sem nem pensar duas vezes, Talita levantar do meu colo antes de sair da minha visão ao resmungar algo baixo.

- Mania feiosa de querer me beija caralho, quem disse que eu beijo vadia na boca, achei minha boca no lixo não parceiro.- comento ao ver que Lobão sorria com aquilo.

- É por isso que você tem boca virgem, nunca beijou ninguém veado.- brincou Lobão ainda sorrindo.

- Correção, eu não beijo marmita, afinal o boca de pelo aqui é você filho.- comentei dessa vez dando risada do mesmo que ficou sério.

- Que boca de pelo filho, tá falando muita merda em.- respondeu sério.

O pessoal da mesa dessa vez passou a pesar na cabeça do mesmo a respeito daquilo, mas eu sabia que Lobão também tinha o mesmo costume de não beijar a boca de nenhuma vadia, porém eu gosto de tirar sarro da cara dele as vezes que quando chapado costuma levar tudo muito a sério, ás vezes.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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