Era mais um dia ordinário,comum. Fui pega de surpresa por minha professora de história.
-Teste oral!-disse ela.-Guardem os livros e cadernos. Os resultados valerão um quarto da nota final.
Eu,por sorte,não tenho do que reclamar. História é uma de minhas matérias favoritas ,cada revolução, guerra e movimento me fascina. Uma pena participarem dela tantas tragédias.
O teste foi seguido por uma série de aulas pacatas,e então fui para o almoço.
-Você vai comer sua maçã?-Perguntou Valerie Grace.
Valerie Grace é minha melhor amiga (eu a chamo assim porque parece errado chama-la somente de "Valerie",como se seu nome estivesse incompleto). Não somos amigas de longa data,conheci ela há dois anos atrás,no primeiro ano,mas nos tornamos inseparáveis desde então. Ela não me cobra afetivamente e eu também não;somos muito diferentes mas encontramos o equilíbrio e nos damos muito bem,além do fato de que,apesar de sua imaginação ser um pouco fértil e seus sonhos intensos demais,ela é muito sensata.
Almoçamos juntas e tivemos as últimas aulas.
Segui para meu trabalho no pequeno café Adam's,onde venho prestando serviços pelos últimos seis meses. Tem sido util,além de me manter ocupada.
Eu diria que,para uma garota de dezessete anos,sou bem útil. Trablho,estudo muito,fiz caratê por alguns anos e sei cuidar de minha casa;tenho meu valor.
Adam,o dono do café (e também meu chefe),é um homem de trinta e sete anos,viúvo, que tem um filho da minha idade,Thomas. Tom é um rapaz meigo e inteligente,mas reservado demais,a ponto de não se permitir ter relacionamentos de nenhum tipo. O rapaz mal sai de casa,anda sempre acompanhado da própria sombra pelos corredores da escola e sua única ocupação,ao meu ver,é ajudar seu pai com o café.
Como passamos a trabalhar juntos,ele vem "lançando" pequenas frases do tipo "Oi,Juliet",ou então "Tchau,Juliet". Admito,ele vem sendo mais educado e é apenas isso,apesar de já ser algo novo. Uma pequena vitória,eu diria.
Apesar de tudo,Tom é um rapaz gentil e delicado. Sempre o vejo levando comida a moradores de rua,ajudando em projetos na igreja ou acompanhando senhorinhas até o outro lado da rua. Gostaria de me tornar amiga dele.Quando cheguei em casa,aproximadamente ás sete horas,fui direto para o chuveiro. O frio de novembro está acabando comigo,e um bom banho quente opera milagres.
Minha mãe, Scarlet,é enfermeira,e nós nunca sabemos quando era dormirá em casa ou não, mas é prazeroso saber que ela ajuda a salvar vidas. Por sorte,ela já estava em casa fazendo o jantar.
-Juliet, desça aqui,preciso de ajuda.
Ajudei-a com o jantar. Fizemos tacos e também preparamos guacamole. Era dia de assistir boxe.
Meu pai,fanático por boxe, conquistou o hábito com minha mãe (acredite ou não),e fez do programa uma tradição de família.
- Não acredito que aquele arrogante do seu chefe te segurou de novo na empresa,David!-gritou minha mãe ao telefone.-Você vai perder o campeonato!
Felizmente,companhia era o que não faltava. Tenho três irmãos:Um irmão mais velho,Daniel,e duas irmãs caçulas,Josephine e Jade. As meninas são gêmeas idênticas, e,honestamente, até hoje apanho para distingui-las.
Dan tem dezenove anos e está no primeiro ano da faculdade,mas não pode pagar pelo dormitório. As gêmeas tem quinze anos,são o completo oposto uma da outra e,ao mesmo tempo,quase que uma só. Minha mãe vive dizendo que qualquer dia vamos tidos colapsar com as graças dessas duas.
Meus pais e irmãos são um pouco...demais (no bom sentido),mas os amo mais que tudo e sei que fariam de tudo por mim.
No fim da noite,meu pai chegou e conseguiu assistir ao fim da última luta conosco.
Fui dormir logo em seguida,cansada e aliviada por não ter lição de casa.
No meio da noite,em meus sonhos,fui visitada por uma figura alta,forte e que parecia ter idade próxima a minha. Um rapaz belíssimo, de olhos castanho-mel muito marcantes,poéticos,eu diria. Tinha um sorriso doce e convidativo,e me chamava. Eu,atraída, fui ao seu encontro,e caminhamos por uma longa e bela trilha em algum lugar desconhecido.
Chegamos ao topo de um morro e ficamos conversando incessavelmente sobre absolutamente tudo. Tenho certeza absoluta de que me senti feliz e devo ter sorrido enquanto dormia. O rapaz me revelou seu nome: Peter.
Ele,de repente,parecia sombrio e se desculpava constantemente.
-Me perdoe,Juliet- disse Peter.
E então ele me atacou.
Eu acordei.
Tentava recobrar o ar,e quando finalmente havia conseguido,vi uma sombra em minha janela.
Espiei pelo vidro e,é claro,não vi mais nada. Tudo o que me restava era o suspense.
-Qual a probabilidade de eu estar delirando?- me perguntei,até cair no sono e me esquecer de meu pesadelo.Acordei na manhã seguinte extremamente perturbada.Descansada, ao passo que parecia ter lutado a noite toda. Foi um sono agitado.
Fiz minha cama,fui até o banheiro e lavei meu rosto.Penteei o cabelo e voltei para meu quarto. Escolhi uma calça jeans preta,uma regata da mesma cor com um moletom vinho por cima. Nos pés,coloquei meu all star surrado.
Separei meu material,peguei a bolsa e o livro que estava lendo (o fabuloso O Morro dos ventos uivantes),e desci para tomar café.
Josie, Jade, Dan e meus pais já estavam se preparando para sair. Eu era a única que ainda não havia comido,então peguei uma maçã e decidi ir comendo no caminho.
Sempre fui para a escola a pé,por morar muito próximo a ela. Minhas irmãs eram bolsistas em uma escola particular (por motivos completamente fora de meu entendimento),e meu irmão ia de metrô para a faculdade. Então, o que me restava,era a rua.
Peguei uma maçã e saí com calma pela calçada,fazendo o mesmo trajeto de sempre,vendo as mesmas coisas de sempre,acompanhada das mesmas pessoas de sempre.
Como cheguei muito cedo,decidi passar no Adam's e pegar um café como complemento.
-Um cappuccino, por favor senhor Wilson.
Adam Wilson me deu a bebida com um olhar descontente, que, apesar de triste,não era motivo de minha preocupação, já que o homem sempre foi assim. Penso que o problema de Thomas seja algo de família.
Sentei-me no balcão e bebi o cappuccino enquanto desfrutava de minha leitura.
Ouvi o barulho de sinos,que ressoavam sempre que a porta se abria ou fechava. Um rapaz desconhecido entrou e,quase que em automático,como se me procurasse,sentou -se do meu lado.
Ele me encarava com o olhar sério e,particularmente assustador. Me senti intimidada. Começou a fazer seu pedido.
-Bom dia! -disse ele.-Muito prazer,senhor...Wilson. Gostaria de um café puro,por favor.
Ele,então,voltou os olhos para mim.
-Bom dia,senhorita.
Comecei a encara-lo.
-Bom dia,senhor-respondi.
Quando pensei que o cumprimento era pura educação, percebi sua intenção de começar uma conversa. Não vou mentir,minha curiosidade estava me matando. Ele estava se tornando algo familiar ,quase como se eu o conhecesse de muito tempo.
Foi então que notei;Ele era o rapaz de meu sonho.
-Desculpe,mas tenho de perguntar...-comecei.- Você não se chamaria Peter, certo?
-Na verdade,me chamo sim-respondeu.- Peter John Dew.
Fiquei boquiaberta. Primeiramente,pela minha cara de pau de perguntar;e,em segundo,pelo fato do moço realmente se chamar Peter.
Ele continuou.
-Você se chama...?
-Juliet-respondi.-Juliet Marie Earnshaw Lancaster.
-Poxa vida,é um nome longo- riu ele.
Dei uma risada em resposta.
Depois de um longo silêncio,ele prosseguiu.
-Quantos anos você tem,senhorita Lancaster?
-Pode me chamar de Juliet,por favor- pedi.- Dezessete.Tenho dezessete.
-Idem. Você estuda na Windy Poplars high school?-perguntou.
-Sim -respondi.- Você estuda onde? Nunca o vi por lá.
-Acabei de ser transferido de Seattle. Meu pai conseguiu um cargo em uma fábrica de caixas de papelão.
- Que legal! -foi minha resposta.
Para não deixar que o silêncio constrangedor que se alastrava naquele momento me afastasse do estranho misterioso,perguntei se gostaria de me fazer companhia no caminho da escola. Ele aceitou.
E lá estava eu,a caminho da escola com um completo estranho ao meu lado,me entretendo com histórias épicas, das quais eu não fazia ideia se poderia extrair uma palavra verdadeira.
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Sobrenatural
VampireJuliet Marie vive em Windy Poplars,com os pais David e Scarlet, e os três irmãos, Josephine,Jade e Daniel. Ela conhece Peter, um doce e misterioso rapaz,que desperta sua curiosidade. Os dois se apaixonam,e um belo romance se inicia. O que Jul...