PRÓLOGO - MARINA

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'Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existem, isso é tudo!'
- Oscar Wilde

Quando eu era criança, minha mãe dizia que eu tinha nascido pra ser advogada. Além de sempre ter sido a aluna mais dedicada da minha idade aos sete anos, sempre fui a responsável por apaziguar os conflitos da turma. Mas eu sempre senti que Búzios não era pra mim e quando terminei meu primeiro relacionamento - aos dezessete - nem pensei duas vezes antes de comprar uma passagem e me mudar pro Rio.

Qual é, ninguém nunca mais é o mesmo depois de tomar um pé na bunda do primeiro amor e eu me senti tão mal que além de sair da cidade onde vivi a maior parte da minha vida, ainda fiz exatamente o quê minha mãe queria que eu fizesse: me tornei advogada. A verdade é que quando você se decepciona sentimentalmente, você passa á ouvir mais os seus pais e ter certeza absoluta que independente da situação, eles sempre estão certos.

Eles bem que disseram, que me entregar tanto á alguém quanto eu fiz com Maria Eduarda era perda de tempo, que os amores de adolescência não são como contos de fadas e que no fim eles acabam te destruindo da maneira mais genuína possível. Como os bons italianos que são, eles realmente tem o exagero no sangue.

Mas pra variar eles estavam certos. Duda foi embora quando se cansou de mim e me deixou sozinha como se todas as falsas promessas que fizemos uma pra outra não significassem nada! Amei aquela mulher com todas as forças do meu coração, fizemos planos e juramos tanta coisa. Mas o que eu sentia não foi suficiente pra cumprirmos nossas promessas ou realizar nossos planos. Infelizmente amor nunca é suficiente pra nada. E Maria Eduarda me provou isso quando arrumou suas malas e simplesmente saiu da minha vida.

Ir pra capital foi como um desafogo. Deixar os últimos acontecimentos pra trás e principalmente ocupar o meu tempo com minha faculdade de direito. Sim, porque seu diploma não acorda num belo dia e diz que não te ama mais!

E foi na maldita faculdade de direito, que conheci a segunda pessoa que fez meu coração bater fora do compasso. O filho da mãe era meu colega de turma, e apesar dos avisos do meu melhor amigo, acabei me apaixonando sem que ele precisasse fazer o mínimo esforço. Ele nunca foi exatamente lindo, mas sua inteligência e intelectualidade compensavam. Lucas era um doce de ser humano; seus abraços reconfortantes, seus beijos doces e seu sexo carinhoso. E quando eu menos esperava estava apaixonada de novo. Pra melhorar mais ainda a situação, sua mãe era dona de um escritório de advocacia e ele arrumou uns estágio pra mim em duas semanas. DUAS SEMANAS! Se eu já amava ele antes, depois disso passei á amar mais ainda.

Só que o universo não só me detesta como tem um ódio mortal por mim. Quando já estávamos formados e trabalhando oficialmente no escritório da mãe dele, ouvi o tipo de fofoca que eu não gostaria de ter ouvido: Lucas tinha se apaixonado por outra mulher mesmo estando comigo á anos! E ele jurou pra mim de pé junto que nunca tocou em outra pessoa enquanto esteve comigo, mas eu desconfiava quê doeria menos se ele tivesse me traído e não se apaixonado por outra. Senti como se todo o meu amor e dedicação tivessem sido pisoteados e jogados no lixo. Passei - contadas - três semanas sem colocar os meus pés na firma. Principalmente sabendo que um dia depois de terminar comigo ele já tinha engatado um namoro com a outra.

Mas infelizmente o banco não foi tão complacente comigo quanto Virgínia - a mãe de Lucas e minha patroa. Depois de receber uma fatura do cartão de crédito com um valor com zeros demais pro meu gosto, tive que me enfiar em um terninho e voltar á trabalhar.

Mas como eu já disse, o universo não gosta de mim e exatamente no mesmo dia em que voltei á trabalhar, estavam fazendo uma confraternização na firma e a namorada de Lucas estava como ele. De mãos dadas. Com um vestido preto. Um salto vermelho. E uma boca que eu já tinha beijado inúmeras vezes. Lucas estava namorando Maria Eduarda, minha Maria Eduarda.

Não sei se o choque no meu rosto foi grande o suficiente pra todos entenderem a situação de imediato, mas ninguém precisou me perguntar pra saber que meus ex's namorados agora eram um casal!

E Deus, como eu sofri com isso.

Mas o tempo passou, claro, ele não ia simplesmente parar por minha causa. E então tudo se tornou normal pra mim. Ver os dois juntos não me fazia sentir mais aquela dor no peito, apesar de quê eu ainda preferisse os dois separados do quê juntos.

Mas infelizmente o tempo não foi capaz de arrancar todo o meu amor por eles e eu só percebi isso quando recebi a correspondência que eu mais tinha medo de receber.

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