eu me sinto meio livre.

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olá! seja bem-vinda/o/e. esse é meu espaço, meu local, meu outdoor. não gosto de chamar de refúgio, pois não procuro fugir: sou quem sou em qualquer lugar.

aqui, escrevo sob o pseudônimo de Zoya Fedorov (que em russo significa: "a vida é um presente de Deus"), mas você pode me conhecer e acompanhar no Instagram. o user é @hadcardoso, e lá eu falo sobre escrita, Direito e minha vivência como uma pessoa negra.

a história a seguir é muito pessoal, assim como tudo que aqui escrevo. será dividida em quatro capítulos, onde vou narrar sobre Aimée, o fantasma dos meus erros.

caso você se encontre em minhas palavras, peço que me chame. eu adoraria conversar.

não precisa divulgar, se não quiser, mas espero que se sinta tocado.

permita-se errar! e aproveite a leitura 🤎

com amor, zoya.

🝮

Quando uma mochila com suas melhores roupas, um livro de muitas páginas e um fone de ouvido é tudo o que se tem agora, Aimée sabe exatamente onde errou.

Quatro tardes e noites. Quatro momentos em que escolheu não viver com liberdade. Ela sabia que não havia maneiras de consertar o passado, nem palavras que pudessem amenizar os impactos. As palavras, aliás, haviam sido a arma perfeita de sua ruína.

Tudo o que acontece em sua própria vida é uma consequência de decisões tomadas no passado. Boas ou ruins, essas decisões nos levam a caminhos desconhecidos, e para ela, a pior parte era entender que aqueles erros - seus erros - não eram obra do acaso, mas sim o puro suco amargo de suas próprias ações. As consequências eram, mais uma vez, apenas o que ela merecia.

Decisões bobas realizadas em momentos de raiva não são nada mais que isso: decisões tomadas.

Aimée se dirige ao ônibus do qual comprou a passagem mais barata para o fim do mundo. Esta viagem é sua única maneira de refletir sobre como seguir em frente, não se prender ao passado e crescer. Ao que parecia, apenas ela ainda não havia feito aquilo. Continuava presa em acontecimentos que não deveriam mais importar. Seria esse o seu fardo? Não sabia.

Bagagem nas costas, a playlist correta em modo offline e uma mente conturbada de pensamentos cruéis: não há forma melhor de escolher um assento rodoviário. A jovem se encaminha a uma poltrona que não fique longe demais da saída e perto demais do banheiro, para evitar o cheiro. Senta-se junto à janela e larga a mochila ao seu lado.

O ônibus está quase vazio, exceto por um casal sentado há poucas fileiras dali, uma senhora com uma caixa de isopor cheia de salgados fritos e alguns "peões" que logo preencheram cinco ou seis poltronas. Silenciosamente, agradece por não ter escolhido a viagem mais frequentada, embora não possa deixar de se lembrar de sua mãe esbravejando que moças não deveriam viajar sozinhas.

O mundo é perigoso, etcetera e tal. Aimée estava ciente. Mas vinha cometendo tantas infrações contra si mesma que já não se lembrava mais qual havia sido sua última deliberação prudente.

Um homem alto, negro e de semblante sério adentra o ônibus e se senta na poltrona paralela à sua, do outro lado do corredor. Ele não parece se encaixar ali, e o que o denuncia são suas roupas arrumadas demais, bonitas demais e bem passadas demais para um veículo vagabundo prestes a se embrenhar pelo interior do país gigantesco.

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⏰ Última atualização: Jun 19, 2021 ⏰

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