Encontro

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Na manhã seguinte, Jimin acordou entre os braços de Taehyung, deitado no peitoral dele. Não sabia dizer com exatidão como tinha ido parar ali, porque estava extasiado demais para se lembrar com detalhes do que tinha feito após Yoongi chamar um motorista em um aplicativo para que fosse embora. Os dois tinham passado horas juntos. Minutos trocando beijos, carinhos, sorrisos, e mais minutos ainda conversando.

Na noite anterior, Jimin deitou se sentindo flutuante, como se estivesse andando sobre as nuvens. Mas agora, despertando aos poucos, o aperto no peito era quase palpável, de um modo que o nó em sua garganta se formou automaticamente e ele fungou, se encolhendo ainda mais entre os braços do melhor amigo.

Estava se sentindo indefeso, inseguro e tinha muito medo do que as horas ao lado de Yoongi significariam. Teriam consequências, mas Jimin não estava preparado para lidar com elas. Pior se envolvessem uma briga com seu pai.

Ele amou cada minuto. Amou ouvir Yoongi dizer que gostava de si, amou os beijos que trocaram e amou descobrir que também gostava do mais velho. Jimin amou saber que era possível gostar de uma pessoa sem peso nenhum nos ombros, mas a bolha havia estourado e ele precisava lidar com uma realidade em que poucas pessoas o aceitariam gostando de um garoto.

Tinha Taehyung, seus novos amigos e o próprio Yoongi, porém, perderia a única pessoa que ainda chamava de família. O que ele faria? Por que estava gostando logo de um garoto? Por que as coisas não podiam ser mais fáceis para si? Jimin sabia que não era errado, mas quando aquele cenário o incluía, era errado sim.

Em sua cabeça confusa, estava fazendo a última coisa que deveria fazer e não tinha mais volta, porque havia gostado. Gostado mais do que era aceito. Jimin não podia, mas queria.

Foi inevitável fungar mais alto com esse pensamento, as lágrimas descendo por suas bochechas incansavelmente. Sentia-se pequeno, inútil e imprestável. E era um sentimento horrível. Apertou o pijama de Taehyung entre as mãos, sentindo-o se mexer até o aconchegar no abraço, o que o fez chorar com toda a vontade que sentia. Em todos os anos de amizade, Taehyung só tinha visto Jimin chorar daquela forma poucas vezes.

Ele chorou quando a mãe morreu e na primeira briga feia que teve com o pai. Jimin era sempre o ombro amigo, o ponto forte que segurava as pessoas que amava. Usualmente, era Taehyung quem caía em lágrimas quando algo ruim acontecia, mas jamais Jimin. Ele guardava tudo para si, deixava para chorar debaixo do chuveiro, longe de quem pudesse se preocupar com seu estado. Mas, naquele momento, ele só queria o conforto do melhor amigo.

Não se importava de parecer quebrado e confuso, porque realmente estava. A certeza de que Taehyung não o julgaria foi o que fez Jimin chorar o tanto que queria, deitado sobre o peito dele, encharcando seu pijama com lágrimas abundantes. Estava devastado, e aquilo partiu o coração de Taehyung em um milhão de formas diferentes.

– Ei, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você – o mais novo falou, a voz embargada. Deixou um beijo carinhoso nos cabelos de Jimin, notando que o choro dele estava se tornando menos intenso. – Estou aqui com você, Jiminie... – repetiu, apertando-o entre seus braços.

Ele parecia tão pequeno e indefeso que a única vontade de Taehyung era de protegê-lo do mundo.

– Isso dói tanto... – Jimin disse, quebrado. Esfregou as mãos no rosto, se acalmando da melhor forma que era capaz. Ainda estava abraçado a Taehyung, como se pudesse sumir entre os braços dele. Não tinha lugar mais seguro para estar. – Dói tanto querer ser quem você é de verdade, mas não poder.

Taehyung franziu o cenho, digerindo as palavras dolorosas de Jimin. Não foi muito difícil entender sobre o que ele estava falando, porque conseguia lê-lo como ninguém. O amigo passou horas e horas com Yoongi, uma pessoa que claramente era apaixonada por si, e era notável o quanto os sentimentos estavam se tornando mútuos. Taehyung não era bobo.

Primeiro Com "P" de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora