Capítulo 17

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Pov Lauren Jauregui:

- Camila? - Estranho sua presença assim que abro a porta. - Aconteceu alguma coisa? - Ela me encara por alguns segundos antes de me abraçar apertado, coisa que fiz questão de retribuir, mesmo não entendendo nada.

- Senti saudades - Resmunga abafado entre meu pescoço, mas eu sabia que não se tratava apenas disso.

- O que aconteceu? - Reforço minha pergunta anterior.

- Lauren, quem é? - Escuto a voz da minha mãe e instantaneamente eu e Camila nos separamos. - Ah! - Parece surpresa quando ver a latina alí. - Mas que visita maravilhosa - Sorrir. - Por que não me disse que convidou Camila? - Me encara em advertência. - Entre e fique a vontade, querida - Se aproxima de Camila e lhe direciona para dentro, até a sala de jantar. - Vou buscar um prato - E antes que uma Camila tímida pudesse negar, mamãe saiu em direção a cozinha. Dou de ombros quando seu olhar encontra com o meu.

Vejo seu olhar desviar até nossa filha, essa que se mantia quieta, mas com olhos curiosos e questionadores, pois eu conhecia bem os mesmos.

- Hey - Camila quebra o silêncio ao chamar a atenção de Grace, mas ela nada responde.

- Não vai dar oi pra Camila, filha? - Pergunto enquanto me sentava e apontava um lugar para Camila.

- Oi - O mesmo sai tímido.

- Aqui, Camila - Mamãe retorna e coloca o prato para a latina.

- Fique a vontade - Diz se sentando.

Observo Camila servir seu prato sem muito entusiasmo, mas ela se forçava a manter uma expressão neutra.

Jantamos em silêncio enquanto Grace conversava com minha mãe, e com minha visão periférica sentia o olhar de Camila sobre mim. 

- Estava tudo muito delicioso, senhora Jauregui - Camila comenta assim que descansa os talheres sobre o prato.

- Fico feliz que tenha gostado - Fala sorrindo. - E por favor, apenas Clara - Minha latina assente. - Agora que tal ajudar a vovó na cozinha? Fiz seu doce preferido - Pisca um olho para Grace, se forçando a apenas recolher os pratos e sair sem me encarar, afinal ela sabia que eu não gostava de dar doces para minha filha após o jantar.

Segui as duas com o olhar, sorrindo com a animação de Grace.

- Lauren? - Encaro a dona da voz, afinal ficamos apenas nós duas na sala de jantar. - Será que podemos conversar?

- Claro - Me levanto. - Podemos caminhar um pouco pelo o jardim, o que acha? - Ela assente ao também se levantar.

- Preciso te contar algo que não mencionei mais cedo - Inicia temerosa, com suas mãos inquietas. - Mas não quero que pense que isso será um empecilho entre nós, pois eu prometo que não, até porque uma coisa não tem nada a ver com a outra - Fico sem entender, principalmente quando ela para e me encara, procurando minhas mãos logo em seguida. - Conversei com Hailee assim que cheguei em casa - Suspira. - Não foi nada fácil, mas eu já imaginava o que poderia acontecer - Dá de ombros. - Tentei falar que reencontrar a mulher que sempre preencheu meu coração foi uma das melhores sensações que já senti, e eu não quero ter que te deixar nunca mais - Seguro o sorrisinho que quis surgir com suas palavras, afinal isso também é tudo que eu mais quero. - Mas... - Desvia o olhar e isso me deixa em alerta.

- Ela não aceitou muito bem o fim do relacionamento? - Chuto, pois é uma opção válida.

- Também - Pressiona os lábios. - Acontece que ela está grávida - Travo arregalando os olhos.

- Grávida... - Repito na intenção de absorver melhor a informação. - Ela está grávida? - Encaro Camila que apenas me oferece um sorriso amarelo. - Isso é... - Nego com a cabeça, incapaz de completar minha frase.

- Eu não quero que se preocupe com isso, a criança é minha e eu farei o possível para ser uma boa mãe. Mas isso não quer dizer que eu não posso estar com você em todo esse processo - Sorrir nervosa.

Eu sabia que ela estava ansiosa por uma fala positiva minha, mas no momento eu não consigo ser essa pessoa madura que ela está procurando. É tão difícil ter que ouvir uma coisa dessas da mulher que eu amo, pois sou egoista o suficiente para pensar em uma alternativa onde nem Hailee e muito menos um bebê estivesse entre nós. E eu ainda não sei se sou capaz de conviver no meio disso.

- Talvez você possa ao menos imaginar o que vou te dizer agora - Tento controlar minha voz, pois a vontade de desmoronar alí mesmo era grande. - Mesmo eu tendo o apoio dos meus pais e de algumas outras pessoas, não foi nem um pouco fácil passar por tudo isso sem você. E eu não falo isso apenas na prática do dia a dia, mas sim do enorme vazio que eu sentia dia após dia, porque a pessoa que eu mais desejava que estivesse ao meu lado, no fim não estava - Ela fecha os olhos brevemente e eu aproveito para fungar um pouco, tentando me manter firme. - E eu juro que queria ser a pessoa mais egoista e mesquinha nesse momento, mas o que eu senti quando você se foi, não consigo desejar a mais ninguém - Respiro fundo ao recolher uma lágrima que teimou em descer por meu rosto. - Então não, eu não te quero as custas do sofrimento de outra pessoa, ainda mais agora que ela vai precisar de todo o apoio que você puder oferecer.

- Lauren, não...

- Eu sinto muito mas não posso fazer isso - Tento sair mas ela me segura, fazendo eu encarar seus olhos.

- Realmente está me mandando embora da sua vida pela a segunda vez? - Minha garganta chega a queimar com o nó preso do choro.

- Espero que seja a mãe que eu sempre imaginei que seria - Puxo meu braço e saio praticamente correndo para dentro de casa.

Ouço minha mãe chamar por meu nome algumas vezes mas sou incapaz de encarar qualquer pessoa nesse momento. Então apenas me tranco no quarto e me permito desabar em um choro confuso e doloroso.

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