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⏰5:50
Despertador toca e já levanto no susto, cheia de dor na coluna de ter dormido no sofá. Dona Irene levantou cedo hoje e já está preparando o café.
Subo as escadas e tomo uma chuveirada rápida pra tirar essa cara amassada.
Boto uma calça jeans escura e um cropped rosa de manga, hoje o dia amanheceu nublado e ventando, calço o meu tênis preto e desço.

IRENE: Bom dia filha, vem almoçar em casa hoje, sua tia deve chegar antes do almoço, eu vou dar uma ajeitada na casa enquanto isso!

EDUARDA: Bom dia não sei pra quem, mas pode deixar que eu venho sim.

Como meu pão com manteiga e tomo meu café na pressa. Subo, escovo os dentes, penteio meu cabelo, pego minha bolsa e a chave da moto, pelo menos agora não preciso mais pegar ônibus lotado. Saio, tiro minha moto da garagem e tranco o portão.
Hoje o trânsito estava tranquilo, conseguir chegar rapidinho na loja.

BIANCA: Olha elaaaa - grita do meu lado

EDUARDA: Bom dia feiosa!

BIANCA: Bom dia só pra você mesmo que não precisa mais pegar ônibus lotado kkkkk

EDUARDA: Morre de inveja não bobona, quando quiser te dou uma carona! - rimos

Abrimos a loja e entramos, organizamos algumas coisas, troquei as roupas dos manequins e passei uma vassoura na calçada, coisa que era pras duas outras funcionárias estarem fazendo, mas recebem pra ficar na porta da loja falando da vida dos outros, se eu fosse chefe, já estariam na rua a muito tempo.
Acabo de fazer as coisas e sento um pouco.

BIANCA: Eai me conta o que tua mãe achou da surpresa?

EDUARDA: Ela amou, ficou feliz por mim, mas felicidade de pobre dura pouco né, sabe como é.

BIANCA: O que rolou?

EDUARDA: Lembra daquela minha prima Vitória que ninguém suportava ela? Tá indo morar lá em casa com a minha tia!

BIANCA: Como assim gente? Claro que eu lembro, mas do nada isso?

EDUARDA: Diz a minha mãe que minha tia está passando necessidades e está com depressão, não duvido sabe, mas também acho que tem dedo de Vitória nisso, nunca foi flor que se cheire.

BIANCA: Ela tá é procurando lugar pra se encostar pra não precisar trabalhar e sustentar a casa com a mãe, quer apostar? Sempre foi encostada e nunca gostou de serviço

EDUARDA: Eu tenho certeza disso também, vai é me dar problema, eu duvido que vou ficar bancando as coisas dela. Se minha mãe quiser ela que pague com a aposentadoria dela. Já sustento quase a casa sozinha.

BIANCA: Você tá certíssima amiga, tem que bancar ela mesmo não, se não aí que ela vai fazer o inferno mesmo lá dentro.

EDUARDA: Deixa ela tentar fazer inferninho, vou mostrar pra ela quem é o capeta...

Clientes foram chegando e cortamos o papo, atendi algumas pessoas, hoje o movimento foi bem pouco, mas mesmo assim a hora passou rápido. Trabalhar aqui faz tão bem pra mim, minha distração de todos os dias.
Chegou a hora do almoço, peguei minha bolsa, fechamos a loja, subi na moto e voltei pra casa, morta de fome como sempre, aliás nem sei pra onde vai a minha comida.
Entro e vejo as meninas conversando e ja almoçando, uma casa com 4 mulheres senhooooor...
Dou bom dia, arrumo meu prato e sento na mesa.

TIA SAMANTA: Gente como ela está mudada, está tão linda, só a altura que continua a mesma kkkk

EDUARDA: Obrigada tia, é bom ver vocês de novo.

IRENE: Realmente, faz muito tempo que perdemos o contato com a família, todo mundo seguiu sua vida e se afastou.

TIA SAMANTA: Verdade, me fez falta, acho que estando com vocês agora vai me ajudar a melhorar muito. Mesmo eu e Vitória não querendo vir atrapalhar a vida de vocês, achamos que era a melhor opção no momento.

Olhei seria pra Vitória com cara de quem já sabia a verdade. E ela q não é boba nem se quer abria a boca pra falar nada.

IRENE: Que atrapalhar o que, são muito bem vindas, temos mais um quarto lá em cima, é pequeno mas cabe vocês duas, tem uma cama de solteiro e um colchão.

Elas continuaram conversando e eu terminei meu almoço, levantei, lavei meu prato e fui escovar os dentes. Desci, me despedi delas e fui saindo enquanto percebi que Vitória vinha atrás...

VITÓRIA: Como são as coisas por aqui?

EDUARDA: Tudo no seu limite e até então tudo bem...

VITÓRIA: Posso dormir na sua cama enquanto você está na loja? Colchão acaba com a minha coluna

EDUARDA: Desde que não mexa em nada, pode.

VITÓRIA: Moto bonita, não sabia que vocês tinham dinheiro assim

EDUARDA: Depois disso vou até jogar sal grosso nela!

Liguei a moto e sai acelerando. Que garota insuportável.
Cheguei na loja, já estava aberta, atendi algumas meninas que estava lá. Começou a garoar e esfriou muito, fui ver na previsão do tempo e estava marcando chuva pro mês quase todo, com o tempo assim não dá nem vontade de levantar da cama.
A hora demorou passar mas chegou a hora de fecharmos a loja, fechamos a loja e ofereci carona pra Bianca, mesmo na garoa ela preferiu do que ir de busão.
Deixei Bi em casa e peguei meu rumo, resolvi pegar um atalho pra chegar em casa mais rápido, ninguém merece ficar pegando chuva não.
Entrei no atalho e parei no sinal vermelho, tremendo de frio.
Derrepente param dois homens do meu lado com capuz, não acredito nisso, logo agora não, um encostou a ponta da arma na minha cintura e gritou

MLK 1: Passa tudo que tiver na bolsa agora!

EDUARDA: Eu juro que não tenho nada de valor, tô voltando do trabalho, não tenho dinheiro - falei resmungando

MLK 2: Cala a porra da boca e passa tudo agora

EDUARDA: Gente por favor não

O segundo mlk puxou a minha bolsa e começou a revirar tudo, tirou meu celular e mais algumas coisas que tinham dentro

MLK 1: Anda logo porra, deixa a patricinha ir que o sinal já vai abrir, o que a gente queria já pegou.

MLK 2: Queria mesmo era pegar uma patricinha dessa pra mim, mas dessa vez ela se safou

Saíram correndo pro meio dos carros, subiram em uma moto que estava parada e foram embora. Fui embora na chuva chorando, tremia muito, não acredito que levaram o pouco do dinheiro que eu tinha e meu celular. Não acredito que não consegui nem reagir.
Cheguei em casa arrasada, botei minha moto na garagem e tranquei o portão.
Entrei e subi as escadas correndo, não queria nem falar com ninguém.
Fui pro meu quarto e corri pro banho, sentei no chão do banheiro em baixo do chuveiro e fiquei pensando no acontecido por um tempo. Não posso nem contar pra minha mãe, ela vai querer me ajudar e já tem gente demais agora precisando da ajuda dela, não posso fazer isso.
Saí do banho, me sequei, escovei os dentes, botei uma roupa quente e deitei.
Rolei na cama por horas tentando dormir e não conseguia.
00:40
Desci as escadas com cuidado pra ninguém ouvir, já estava todo mundo dormindo, fui na cozinha beber um copo de água, acabei lavando a louça que estava suja na pia e subi pro meu quarto de novo.
Deitei e nada do sono vir, a hora foi passando e minha cabeça não parava um minuto.
Comecei a pensar na minha vida sabe, tudo sempre muito difícil, minha mãe sozinha me criando, nunca tive a presença de um pai, único homem da minha vida é o meu irmão e mesmo assim está longe de mim, não o vejo por anos também, só eu sei o quanto isso me dói.
Parece até coisa boba, mas só eu sei o quanto dou duro trabalhando pra conseguir minhas coisas e do nada uma pessoa vir e tomar isso de mim como se tivesse direito. Agora é trabalhar o dobro e se dedicar também pra conseguir dinheiro de novo. Tudo tão difícil...
Olhei no relógio e já eram cinco horas.
Levantei, lavei o meu rosto, botei uma calça e uma blusa preta, meu tênis preto e sai do quarto.
Fui na cozinha, passei um café, tomei e comi alguns biscoitos. Aproveitei e passei uma vassoura na casa, tava mesmo era precisando de uma faxina. Liguei a TV da sala e fiquei assistindo algumas notícias, tempo passou e quando vi já estava na hora de ir pro trabalho. Desliguei e fechei tudo, liguei minha moto e fui...

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2021 ⏰

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