Muitas pessoas descontavam a raiva guardada em alguma atividade. Alguns desenhavam, alguns dançavam, outros lutavam boxe... Marinette escrevia.
Sempre que a azulada ficava furiosa com alguém, ela escrevia uma carta para essa pessoa, como se estives...
As cartas eram meus bens mais preciosos, elas continham todos os meus sentimentos mais secretos. Eu as protegeria por toda a minha vida.
Bem, era isso o que eu achava até que - no calor do momento - eu as enviei para seus destinatários, guardando apenas uma comigo. A mais polêmica. O motivo pelo qual estou contando essa história.
Sabe quando você está com tanta raiva de alguém que você precisa extravasa-la de algum modo? Alguns transformam toda a fúria em coreografias, outros desenham, alguns até imaginam que o travesseiro é a cara da pessoa e soca-o até se sentir liberta.
Eu, Marinette Dupain Cheng, escrevo.
Eu faço isso desde que comecei o ensino fundamental dois. Sempre que sentia raiva de alguém, eu escrevia uma carta para essa pessoa, como se estivesse debatendo com ela o motivo da minha raiva. Essa era a minha válvula de escape.
Eu não ficava com raiva facilmente, portanto eu só tinha três cartas para três pessoas específicas: Kim, Luka e meu melhor amigo, Adrien Agreste.
Escrevi a carta para Kim quando estava no sétimo ano, esta era a carta mais besta, recheada dos sentimentos de uma pré-adolescente. Essa foi a minha primeira carta e o ponto inicial de tudo.
Claro que - como essa briga foi antiga - atualmente eu e Kim nos damos bem, nossas desavenças foram superadas e aquela carta se tornou apenas uma lembrança de que aquilo havia acontecido.
A segunda carta fora para Luka, minha primeira paixão e meu primeiro coração quebrado. Estudávamos juntos no nono ano e eu era simplesmente apaixonada por ele e ele por mim. Mas - depois de dois meses - ele chegou em mim e disse que nós não funcionávamos bem juntos.
Chegando em casa, furiosa e triste, eu escrevi a segunda carta. Desde que entrei no ensino médio, nunca mais o vi. E mais uma das cartas se tornou apenas uma lembrança de que aquilo havia acontecido.
Já a terceira carta... bom, essa carta foi o motivo da minha ruína e o motivo pelo qual essa história aconteceu.
Esta carta pertence à Adrien Agreste, meu melhor amigo, cuja a carta eu nunca vou permitir que ele leia. Foi a única que mantive comigo.
Eu só não esperava que ele ficaria tão curioso para saber o que tem escrito nela.
