Era fim de tarde quando me deparei
com aquela linda visão,
o céu estava brilhando
pra mim
e eu o fitava
serenamente
eu o podia sentir
e ele de algum modo
sentia-me também
ali tornou-se
o meu ponto de fuga
eu e o céu
podíamos conversar
ele me entendia
perfeitamente
e eu o compreendia
da mesma forma
era incrível, a forma
como ele mudava
de um azul marinho escuro
tipo as profundezas
do oceano
para um azul celeste
era lindo, até brilhava,
isso ocorria quando eu chegava
para observa-lo
e eu era tão obcecada por ele
quanto ele era por mim
vivíamos assim
nos admirando
e se apaixonando
sempre mais
percebi então, que aquele céu
era nada mais do que um reflexo
sobre a qual eu tinha feito sobre mim
eu precisava de algo para neutralizar
a angústia, o azedo de não ter ninguém
para me amar
e de tanto amar aquele céu
imaginei
eu sou esse céu, eu me amo
eu sou suficiente
eu não preciso de alguém
para me amar
eu já me amo
e se porventura
vier um amor
assim como amei este céu
será para introduzi-lo
a mim
como uma forma de
aumentar
arrebentar
alucinar
envelar
magnetizar
cativar
o amor que há
na gente
e não
para ofuscar
as cores
de
ambos.