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josh

A noite está tranquila no hotel — algo que, tenho certeza, a maior parte dos meus colegas de time está odiando. Principalmente os mais novos, que estão nas finais pela primeira vez e esperavam se divertir pra caramba no fim de semana. Mas o treinador acabou com essa ideia em dois minutos.

Ele jogou a real antes que pudéssemos pegar o cardápio no jantar — toque de recolher às dez e nada de bebidas, drogas ou escapadinhas.

Nós, os mais velhos, já esperávamos por isso, então não parecemos especialmente chateados quando pegamos o elevador para o terceiro andar, onde ficam nossos quartos. Amanhã é dia de jogo. Isso significa que hoje à noite é melhor ficar de boa e dormir cedo.

Lamar e eu estamos no quarto 309, perto da escada, então somos os últimos no corredor quando chegamos à porta.

Congelamos imediatamente.

Tem uma caixa no chão. Azul-clara. Sem embrulho, com um cartão escrito Josh Beauchamp em letra cursiva floreada.

Que merda é essa?

O primeiro pensamento que me passa pela cabeça é que minha mãe mandou algo da Califórnia, mas, se tivesse feito isso, teria um endereço, um selo e a caligrafia seria dela.

— Hum... — Lamar vacila antes de colocar as mãos na cintura. — Será que é uma bomba?

Dou risada.

— Não sei. Vai até lá e me diz se escuta um barulho de relógio.

Ele ri de volta.

— Ah, entendi agora. Muito amigo você, Beauchamp, me colocando na linha de fogo. Pode esquecer. É o seu nome naquela porra.

Olhamos para o pacote de novo. É do tamanho de uma caixa de sapatos.

Ao meu lado, Lamar contorce o rosto em uma expressão de terror forçada e diz:

O que tem na caixa?

— Boa imitação de Seven, cara — eu digo, genuinamente impressionado. Ele sorri.

— Você não sabe há quanto tempo estou esperando por uma oportunidade dessas. Anos.

Abaixo e pego a caixa, porque, por mais divertido que seja, nós dois sabemos que é inofensiva. Coloco embaixo do braço e espero Lamar passar o cartão para abrir a porta, então entramos no quarto. Ele acende a luz e vai direto para sua cama, enquanto sento na beirada da minha e abro a caixa.

Franzindo a testa, desfaço o embrulho com papel de seda e tiro o tecido macio de dentro. Do outro lado do quarto, Lamar diz:

— Cara... que porra é essa?

Não tenho a menor ideia. Estou olhando para uma cueca branca cheia de gatinhos laranja, incluindo um bem na virilha. Quando a seguro na cintura, outro cartão cai, com uma única palavra escrita.

MIAU.

E puta merda, agora reconheço a caligrafia.

Noah Urrea.

Não posso evitar. Dou risada tão alto que Lamar levanta as sobrancelhas. Ignoro meu amigo, achando graça e desnorteado demais com o significado daquilo.

A caixa. Noah tinha ressuscitado nossa velha caixa de pegadinhas. Só que não tenho a menor ideia do motivo. Eu tinha sido o último a mandar alguma coisa. E me lembro de ter me achado muito esperto pelo presente que havia escolhido: um pacote de pirulitos. Porque, bom, não dava pra resistir.

𝗵𝗶𝗺 | 𝗻𝗼𝘀𝗵 ❦Onde histórias criam vida. Descubra agora