ᴘᴀʀᴀ ꜱᴇᴍᴘʀᴇ ♡

03- Seis semanas depois

DULCE POV

Hoje faz 3 semanas que Christopher saiu do hospital, e 6 semanas que acordou. Ele passou por muitas sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, exercícios de memória, até estar mais consciente e poder ir para a casa.  Como a memória não havia voltado, sua mãe o levou para a casa da família, lugar que ele evitava ir a todo custo, e apesar de não ser bem-vinda, eu ia até lá o visitar quase todos os dias. 

Sua rotina em casa ainda era parecida com a de quando estava internado,  fisio toda semana por ainda não conseguir andar 100%, alimentação extremamente saudável, repouso, entre outras restrições.

O médico disse que era normal as lembranças ficarem atrapalhadas em casos como o dele, e que não havia nenhum problema visível na cabeça. Elas podem tanto voltar a qualquer momento com algum gatilho, ou também ele pode nunca se lembrar, mas eu não quero pensar nisso agora.

— Bom dia Alexandra! - falo quando ela abre a porta para mim

— Não tem mais necessidade de você ficar vindo aqui todos os dias, ele está bem e não faz nenhuma questão de te ver, lembra?

Ela não gostava mesmo de mim.

— Posso entrar? - forço um sorriso, ignorando tudo o que ela fala

— Melhor não querida, ele precisa mesmo descansar. 

Ignoro novamente o que ela diz e entro sem ser convidada, indo rumo ao seu quarto. Para minha surpresa, assim que abro a porta vejo Natalia sentada na beirada da cama, ai estava o motivo para ela não querer que eu entrasse. 

— Dulce, oi, entra - ele diz animado e vejo ela revirar os olhos, para ele agora já éramos amigos.

— Oi Chris, não sabia que estava acompanhado - caminho até lá e beijo sua testa, sentando na cadeira ao lado.

— Essa é minha noiva, Natalia - ele diz nos apresentando, meu coração aperta quando ele diz isso, mas estou tentando não forçar nada nessas semanas

— Prazer - forço outro sorriso — Você pode nos deixar a sós?

— Eu volto em 20 minutos - ela diz de forma rude e sai irritada

— Não precisa nem voltar  - solto automaticamente — Como você está? - me viro para ele novamente

— Eu quase não tenho mais dor, a fisioterapia está indo bem - respiro aliviada com o que ele diz — Só continuo confuso quanto a minha vida, é muita informação de uma vez, e cada um diz uma coisa diferente, sabe?

— Imagino - digo irritada, sua família fazia de tudo para evitar que ele se lembrasse — Isso vai melhorar também aos poucos - levanto da cadeira e estico a mão para ele — Agora que você tá conseguindo andar melhor, eu queria te levar para dar uma volta, tomar um ar, topa?

— Você não vai me sequestrar, certo? - rio da cara que ele faz — Apesar que você é famosa, seria mais fácil imaginar o contrário 

— Tá vendo, eu que deveria ter medo - refuto — Somos amigos, não?

— Já ouvi algumas coisas ruins aqui em casa sobre você - faço uma careta e ele estica sua mão para mim, que o ajudo a levantar — Mas vou confiar em você, vamos

— Será que podemos passar despercebidos pela sua mãe?

— Ok, isso tá ficando parecido com um sequestro

— Para de ser bobo - aperto a bochecha dele, que solta uma risada de lado — A gente consegue

Conseguimos sair pela porta sem que ninguém percebesse, com ele se apoiando em meu ombro.  Ajudo ele a entrar no carro e começo a dirigir. 

— Vai devagar, minha experiência com carros não anda muito boa

— Garanto que eu peguei tanto trauma quanto você 

— Ate parece - ele aponta para os machucados — E para onde vamos?

— Isso é surpresa!!!