Capítulo Único

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Eren suspirou, encantado ao ver que seu jardinzinho de suculentas e cactos cresceu muito nesses últimos anos. Quando comprou a sua primeira, pensou que se limitaria a ter apenas uma. Enganou-se, pois agora é dono de sete delas. Sete preciosidades, incluindo uma para colecionadores, vivem saudavelmente em um espaço na área de lazer que ele montou exclusivamente para sua brigada.

Alguns lhe disseram que esse não é um hobby para homens, muito menos para alfas, mas Eren simplesmente mandava eles se fuderem. Se ele quer ser um orgulhoso papai de suculentas, então ele será e ainda ameaçará atacá-los com seu exército de plantinhas verdosas-rosadas.

Eren espreguiça-se e saúda, de braços abertos, a chegada do anoitecer. Ele observa alguns morcegos voando, encara suas duas vira-latas latindo desesperadamente para os cães que estão passando nas ruas e prende o cabelo em um coque antes de entrar em casa.

Tecnicamente, é agora que seu dia começa. Eren passa o dia focado em si mesmo, dormindo e dando atenção aos seus pets e plantas, para de noite enfiar o rosto em incontáveis textos para revisar. Trabalhar como revisor tem os seus baixos – já fazem alguns meses desde que Eren leu um livro, pois toda vez que abre um instintivamente começa a buscar erros,
sendo que não têm– mas é tão gratificante que compensa todos esses nuances irritantes.

Seu companheiro, por outro lado, usa o fim da tarde e toda a noite para dormir feito uma pedra. Levi, por trabalhar como delegado, ocupa demais a sua mente em casos complexos, coordenando atividades policiais e lidando com um bando de juízes tanto do bem quanto corruptos. Apesar da incompatibilidade de horários, os dois alfas aprenderam a viver com isso, afinal, eles estão juntos desde que Eren completou dezoito.

Não são casados, ambos não se interessam nisso, porém vivem uma vida digna de ser chamada de matrimonial de uma década.

Que lindo, é o que Eren pensa quando entra no quarto e vê o seu alfa dormindo encolhidinho na cama. Dormir com ele é quase uma benção, pois Levi não consome espaço e só se move quando precisa levantar para urinar. No passado, por medo dele ter desmaiado, Eren costumava chacoalhar o ombro dele. Isso derivava em uma série de bons gritos e palavrões, mas no fim o Alfa Jaeger ria do estouro do mais velho no dia seguinte. Hoje, todavia, Rivaille pode parar de respirar que Eren nem irá se importar.

O cômodo está absurdamente frio. Eren não sabe como Levi aguenta dormir baixo a temperatura de 17º, mas ele sempre coloca o ar-condicionado nesse valor. No começo da relação, ele optava por passar frio por temer incomodá-lo. Nos dias atuais, como agora, Eren simplesmente desliga o eletrodoméstico e aguarda até escutá-lo resmungar por entre os sonhos para ligar de novo.

Ele que não vai arriscar pegar uma gripe porque o seu companheiro é calorento. Eren não é obrigado a ir junto à Levi para o inferno gelado dele. Todavia, quando o calor bate no meio da madrugada, ele liga-o porque não é um total escroto.

O som do PC sendo ligado funciona como gatilho tanto positivo quanto negativo. O bom é lembrar dos momentos que ele passa vendo vídeos e jogando, enquanto que o ruim é recordar-se dos prazos e e-mails dos editores solicitando a entrega dos textos. Fascinante como um único aparelho funciona como ambos. Inevitavelmente, Eren lembrou da voz mal-humorada de seu companheiro mandando-o tomar cuidado com suas associações. Já rolou dele adquirir certos traumas por conta disso, então entendia perfeitamente a preocupação do outro Alfa.

Sempre cuidando de si. Lembrar de tais eventos sempre o faz sorrir em ternura e satisfação.

Quando seus dedos começam a digitar, Eren perde-se em um mundo no qual seu cérebro precisa estar 100% concentrado no que ele está fazendo. Tudo ao seu redor passa a não existir, agora ele está envolvido na história em questão e nos erros ortográficos, gramaticais, de pontuação e dentre outros. Para consegui-lo tirá-lo desse transe, há de ser algo muito marcante para romper com isso.

• Ronronar • | Riren | Onde histórias criam vida. Descubra agora