Durante todo o caminho, Annabelle e Bucky não trocaram uma palavra sequer. Pensou em dizer alguma coisa, mas a moça não sabia o quê. Aquele clichê de "está em um lugar melhor" parecia besteira, pois não ajudava em nada. Havia dado os sentimentos, porém algo dentro de si dizia que isso não era o bastante. Estava em uma situação cruel.
Já Bucky, este permanecia em silêncio por escolha, se é que podia chamar assim. Estava se controlando da melhor maneira que podia, ou então acabaria perdendo a cabeça, o que seria muito ruim de ser presenciado por alguém. Sabia que isso aconteceria em algum momento, nem mesmo seu grande e inspirador amigo era imortal...
Em compensação, Bucky parecia sempre ser capaz de sobreviver a cada desgraça que lhe acontecia. E, embora houvesse uma determinação ligada a sua alma desde o nascimento, tinha medo dela deixar de ser o suficiente. Se a perdesse, não teria mais nada.
Quando chegaram à Igreja, Bucky estacionou o carro, porém não tirou a chave, permanecendo sentado no banco do motorista. Annabelle o olhou e viu seus olhos lacrimejando enquanto encarava a construção que havia a alguns metros de distância deles.
― Quer ficar um pouco aqui? ― Annabelle perguntou, mantendo o olhar no rapaz, que assentiu com a cabeça.
A jovem encostou suas costas no banco mais uma vez, aos poucos desviando o olhar para sua mão apoiada na porta do carro, cobrindo o botão onde abaixava e levantava a janela. Mesmo não o conhecendo, sentia-se desconfortável em não saber o que fazer.
― Tem certeza que quer ir? ― Perguntou, vendo o jeito em que ele estava.
― Tenho... Vamos lá.
Logo depois de ouvir a pergunta, Bucky abriu a porta do carro com rapidez, criando coragem para enfrentar seu pesadelo, o que deixou Annabelle um pouco atônita. Porém, fez a mesma coisa que ele, sentindo a sola de seu tênis preto contra o asfalto empedrado.
A dupla caminhou a passos lentos até chegarem à Igreja. Annabelle respirou fundo, fazia muito tempo que não entrava em uma Igreja. Sua mãe era católica, a fazendo ir para a missa regularmente antes de tudo desandar totalmente, o que já fazia muitos anos. Desde então, nunca mais colocou os pés dentro de uma.
Esta era protestante, porém o desconforto persistia dentro de si. Não havia parado para pensar sobre o que iria fazer até ver Bucky entrar, olhando ao redor de todo o lugar. Não deveria estar ali, aquele não era seu lugar... Era a última pessoa que deveria passar por aquela porta, era como se estivesse cometendo uma afronta. Contudo, não tinha mais escolha alguma.
― Oi, cara...
Quando viu quem era o homem cumprimentando Bucky, Annabelle arregalou os olhos. Era o Falcão.
Imaginou que eles se conheciam, afinal ambos apareceram nos noticiários ao mesmo tempo há alguns anos junto com o antigo Capitão América, era impossível não terem se visto, mas era outra coisa que não havia pensado.
Lembrando do ícone da América, os olhos de Annabelle percorreram toda a igreja, pensando se ele estaria por ali. E viu que estava mesmo, só não da forma que imaginava.
A foto ao lado do caixão era de um senhor, muito diferente do herói uniformizado que Annabelle havia visto na televisão, mas reconheceu seu rosto envelhecido.
― Porra... ― Murmurou.
― Desculpe, o que disse?
Assim que ouviu a pergunta do herói a sua frente, Annabelle voltou a olhá-lo, vendo que agora ele também a encarava.
― Nada... Só falando comigo mesmo, me desculpe. ― Respondeu, sentindo-se envergonhada.
― Sem problemas. ― Respondeu. ― Sam Wilson. ― O rapaz se apresentou oficialmente, estendendo a mão.
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Déjà Vu • Bucky Barnes
FanfictionDesde que o mundo voltou ao normal, Bucky Barnes tentava fazer o mesmo com sua vida, porém sua consciência o impedia de seguir em frente após ter deixado tanto sangue para trás. Em seu âmago, sentia que, inevitavelmente, alguém buscaria um acerto de...