O encontro

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A noite do encontro finalmente chegou. Eu andava morosa demais, ficava repetindo o que ia falar e anseando sobre o que iria acontecer. Mas então eu percebi que devia parar com isso. Respirei bem fundo e comecei a orar. Quando eu terminei a minha oração, comecei a correr para chegar logo e não ficar pensando demais.

Finalmente cheguei e percebi que todo mundo já estava em seus devidos lugares, bem organizados em uma roda no chão, sentados com seus livros e ouvindo uma garota. Nem ao menos andei para procurar um lugar para me sentar, um homem me interrompeu.

- Você também vai participar do encontro? - perguntou o senhor, todo encapusado e com óculos escuros.

-Vou sim - respondi.

-Não pude deixar de reparar no livro que você carrega.

-Ah, sim, é um dos meus favoritos.

-Você gosta do autor? Ouvi dizer que é um senhor carrancudo.

- Aonde você ouviu isso?  Ele é um dos melhores e admiro muito ele. Vi em um site curiosidades adoráveis sobre ele. Na verdade, me identifiquei muito.

- Mas, em que aspecto?

- Na forma de planejamento dele com os seus livros, muito dedicado, até renunciava o seu sono para fazer o seu livro. Eu me pergunto como ele conseguia acordar ou ficar acordado tão cedo para fazer o livro. E também, sempre pedia conselhos aos seus amigos, é como se isso o tornasse mais humano. Visto que as pessoas pensam que autores famosos não passam por esse processo de escrita, mas acontece com todos.

- Que esplêndido, você pesquisou bastante sobre ele. E bom, eu acho que ele se importava muito com as obras dele e não queria fazer de qualquer jeito, sempre possuindo a preocupação de saber o ponto de vista de seus amigos.

- Impressionante, você também sabe muita coisa sobre ele.

- Sim, é verdade. Eu sou um senhor, e isso explica eu querer saber um pouco, mas e você? Por que esse interesse?

- Eu fiquei curiosa sobre quem escreveu o livro O Pequeno Príncipe. Foi uma obra que me marcou bastante. Ah, você acredita que o escritor Antoine De Saint-Exupéry  também foi um aviador francês? Incrível não?

- Com certeza.

- Ah, esqueci de perguntar, como se chama?

- Pensei que nunca iria perguntar. Bom, sou conhecido como o criador do livro O Pequeno Príncipe, mas pode me chamar de Antoine - respondeu tirando os óculos e o capuz .

Naquele momento fiquei estupefata com o que ouvi. Eu estava realmente falando com Antoine De Saint-Exupéry?

- É você mesmo...? O criador!? - perguntei

-Sim. Eu fiquei muito feliz quando me chamaram para este encontro, pois se você não sabe, depois que terminasse as apresentações, os escritores apareceriam para seus respectivos leitores após terem ouvido as suas opiniões. Estamos escondidos para ouvir a verdadeira opinião de cada um, mas infelizmente eu vou ter que ir embora cedo, então queria ouvir a sua de imediato. Eu não queria ir embora sem antes lhe falar, pois você seria a única sem seu escritor.

- Agora entendo o porquê está aqui! Para ser sincera, não sei o que falar, não estava esperando por isso.

Ele sorriu e disse:
- Ora, não se preocupe. Pode ler para mim o que escreveu, e também fazer perguntas.

- Está bem. Sobre o livro, gostei muito a sua forma de escrita, como por exemplo a palavra "cativas", nunca tinha ouvido falar, que a raposa fala, ou "miraculosa" . Uma coisa que achei bem triste é que o principezinho tinha deixado a raposa. Por que ele não a levou para o planeta dele?

-Simples, porque ele já pertencia a rosa e, primeiro como diz no livro, o planeta dele era pequeno e não caberia a raposa, e sabe-se que todo animal tem o seu habitat e lá não seria o lar ideal para ele. E segundo, assim como o fato de o principezinho já tê-lo conhecido e cativado-o, era hora de ir, pois ele era apenas um viajante, conhecendo as coisas novas deste mundo e só saiu de seu planeta por está chateado com a sua rosa. E a intenção dele não era de ficar ou querer levar alguém para o planeta dele.

-Entendo. E uma coisa que gostei muito foi os seus desenhos. Você tentou fazer o mais parecido e ficou incrível.

- Agradeço pelo elogio, pensei que não ficaria bom e infelizmente eu não consegui desenhar o meu avião, era bem complicado.

- Mesmo que você não tenha conseguido desenhar o avião, eu pude imaginar. Isso que é o legal de ser escritor, você pode escolher se vai querer ter um desenho ou uma imagem no livro, ou apenas descrever de uma forma que seja possível imaginar.

- Concordo plenamente. Se não consegue, faça algo que possa dizer realmente o que queres falar para os leitores.

Apenas sorri e acenei com a cabeça.

-Só mais duas perguntas. O que realmente queria retratar o livro O Pequeno Príncipe? E porque o principezinho morreu?

- Boas perguntas. Bom, eu dediquei esse livro para as pessoas que já tem maior entendimento, mesmo parecendo infantil. Eu quis fazer um livro simples por fora, como se vê, mas cheio de lições para a vida. É como se fosse para as crianças, mas realmente é para criticar os adultos que já foram crianças. E mostrar para as pessoas que quando crescer ainda dar valor as pequenas coisas da vida, como por exemplo, se deitar na grama, olhar para o céu e contemplar as estrelas.

- E quem sabe poder ouvir o principezinho rir no seu asteroide B-612 - respondi com um sorriso.

- É, quem sabe. Infelizmente eu vou ter que ir, pois eu tenho um compromisso, mas adorei a nossa conversa e espero que leia os outros livros meus, e quem sabe podemos nos encontrar novamente - ele disse, já se levantando, mas parou e me olhou dizendo - E não se esqueça: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

-Pode deixar - respondi me despedindo.

Depois de alguns minutos, me deparei com o fato de ele não ter explicado o porquê do principezinho ter morrido, mas percebi que no final do livro, ele enfatiza a chance de podermos encontrá-lo ou ainda estar vivo com a rosa no asteroide B-612.

- É um mistério - respondi para mim mesma, sorrindo.

------------------------- Fim --------------------------           

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