Um ano e alguns meses se passaram, com meus quinze anos iria ingressar finalmente no Ensino Médio, estava muito insegura por ser uma pessoa muito antissocial mas, tive esperanças que esse ano seria diferente, e lá eu conheci Ayla Prescott uma garota muito maluquinha da cabeça de olhos castanhos escuros, cabelos ruivos acobreados e um sorriso de fazer qualquer um se apaixonar, e comigo não foi diferente.
Mesmo sendo ela que se aproximou de mim, nossa amizade cresceu rapidamente e nos tornamos amigas inseparáveis.
No meu aniversário de dezesseis ela me arrastou pra “lanchonete da Gisele” que foi dado de herança pra sua mãe depois que seu avô morreu e depois colocou o nome dela na lanchonete, a festa que Ayla fez pra mim foi incrível todos os nossos colegas da classe estavam lá e todos contribuíram com refrigerantes, salgados, doces e o bolo foi feito caseiramente pela minha BFF, com tanto divertimento acabei perdendo a noção do horário ocasionando em uma grande surra de “Seja Bem-vinda querida filha, estava te aguardando cheio de preocupação...só que não!”. Mas depois que consegui chegar no meu quarto tinha uma pequena caixa com um papel de embrulho rosa de bolinhas brancas com um lacinho vermelho em cima, e tinha um cartão escrito “Use-o sempre contigo para que esteja sempre em segurança, feliz aniversário filha Ass.: Mamãe” na caixa tinha apenas um colar magnífico em formato de lua, azul da cor dos meus olhos, confesso que me emocionei e derramei algumas lágrimas de felicidade por ter a sorte de ter uma mãe como aquela, e prometi que iria agradece-la no dia seguinte de manhã, mas acabei por esquecer e ninguém comentou sobre esse assunto.
Apenas um mês se passou, e graças ao nosso professor de história que não pôde trabalhar hoje tivemos a oportunidade de sair mais cedo naquela tarde, a Ayla queria arrastar todo mundo pro fliperama pra podemos passar o tempo mas eu optei em ir mais cedo.
Ao chegar em casa, me deparei com a seguinte cena; a sala estava uma bagunça! Cheia de cacos de garrafas de vidro, algumas ainda estavam inteiras porém viradas, tinha móveis quebrados ou derrubados no chão e do lado do sofá de frente a porta da casa estava minha mãe caída no chão com duas mãos masculinas apertando o seu pescoço, aquele ser estava a enforcando enquanto murmurava as seguintes palavras: “Você sempre foi uma mulher desprezível! Estragou minha vida abrindo suas malditas pernas e dando a luz a duas crianças que fui forçado a sustentar! Não poderia ter aberto suas pernas pra outro homem?!” em seguida minha mãe que mal conseguia falar, usou forças para dar um tapa no rosto dele, o som do estalo ecoou pela sala e em seguida os olhos daquele ser estavam fervendo de raiva e temendo o seu próximo passo, pulei em cima dele para tentar tirá-lo de cima, uma tentativa simplesmente em vão pois ele me derrubou no chão com umas de suas mãos, me fazendo cair com meu lado direito em um local cheio de cacos de vidro rasgando inteiramente o meu braço, mas mesmo com um dor latejante só conseguia pensar em salvar minha mãe até que comecei a implorar em lágrimas:
- “Por favor! Por favor!” -*sniff *sniff – “solte ela! Tire suas mãos dela eu te imploro!!” -*sniff.
E quando terminei de dizer tais palavras, já era tarde demais, outro estalo já tinha ecoado pela sala e minha mãe já não se mexia, e nesse instante um imenso vazio cresceu em minha alma, queria gritar, correr mas também não queria sair do lado dela, eu estava em choque mas só consegui me mover quando reparei que Henry tinha soltado o pescoço dela e vinha em minha direção. O pânico agitou novamente o meu sangue me obrigando a apoiar minhas mãos no chão com os cacos e me arrastar até a porta, e ele se aproximava cada vez mais.
Até que percebo que ele estava sorrindo com lágrimas nos olhos e disse “agora é sua vez filha", essa foi a primeira e última que ele tinha me chamado de filha, era apenas “coisa", ”imprestável” e “estorvo”, com medo do que estaria por vir, encostei minha cabeça próximo das minhas pernas escondendo-a, implorando por algum milagre que me salvaria, porque eu só queria viver.
E de repente um barulho parecido como uma pequena explosão quebrou aquele silêncio e tensão que se instalava no local, quando levantei meus olhos o corpo dele já estava caído no chão porém sem cabeça, espalhando sangue ao redor, e um cena pra lá de traumatizante e desmaiei por ali mesmo.
Acordei com sons de sirenes tanto da polícia, da ambulância e principalmente com pessoas empurrando a porta da sala contra minhas costas, me movi o suficiente para que conseguisse entrar mas a dor dos cacos rasgando a minha pele e adentrando a minha carne era o suficiente pra não conseguir levantar causando outro desmaio.
Agora não estava mas em minha casa, o teto era branco e tinha cheiro de éter, estava em um hospital, quando levantei a cabeça, Ayla estava ao meu lado dormindo com a cabeça encostada na lateral da cama, e segurei uma de suas mãos, mas esse pequeno ato foi o suficiente pra a mesma acordar.
Dizer que ela estava desesperada era pouco, contando tantas informações pra alguém que acabará de acordar e fazendo muitas perguntas sobre as cicatrizes antigas nos meus braços e pernas, e como não conseguia mas esconder nada dela, contei tudo até...meus sentimentos por ela.
E enfim Ayla Prescott tinha se quebrado em choque não sabendo se ficava triste por mim, envergonhada por eu ter me declarado, um combo de emoções que foi rapidamente quebrado pela a entrada inesperada do Sr. Prescott ou como é conhecido no seu departamento de Polícia “Capitão Alexandre Prescott” sempre ao seu dispor com sua grandiosa e extraordinária “poker face"¹.
E instintivamente, Ayla percebeu que era sua hora de sair para que assuntos de interesses policiais pudessem ser discutidos, mais dezenas de perguntas foram apresentadas pra mim e respondi sobre oque pude, que era praticamente tudo tirando da parte de como aquele homem tinha ido dessa pra uma melhor ou não.
A tarde já tinha acabado faz tempo, mas já ido ganho alta e como não tinha parentes próximos que pudessem me acolher foi decidido que iria pra o orfanato mais próximo do hospital, o “Orfanato Santa Madre”, feito pra acolher somente jovens meninas órfãs que não tinham lugar pra ir, (“Hey esse é meu caso não?!”).
Estava cansada e já tinha mudado três vezes de ambiente, e pedir muito um pouco de paz? Enfim, tinham me entregado meus objetos pessoas como celular e o meu “amuleto" mas até eu sabia que meu celular seria apreendido, são assim que funcionam prisões baby, ainda bem que pude ao menos levar o colar, com a condição de me responsabilizar pela a perda do objeto e que o mesmo não fosse usado pra matar ninguém.
Me foi entregue um uniforme cinza, e a “Madre" se prontificou para acompanhar até meu dormitório que iria compartilhar com dezenas de garotas, depois de andar um pouco chegamos em um extenso corredor com portas com muito espaço de distância entre elas, e paramos sobre a porta com o número “seis", ao abrir tinha diversas garotas, de todos os tipos altas, baixas, negras, brancas e estavam fazendo todo o tipo de coisa, correndo , jogando, penteando o cabelo ou apenas conversando, mas todas pararam oque estavam fazendo e olharam pra porta, em seguida todas se alinharam de frente aos vinte beliches de dois andares, como se estivessem no exército e o silêncio se instalou, quebrado pela tosse seca da madre que era como um tipo de sinal mas não sabia pra que
Até que escuto um “BEM-VINDA AO ORFANATO SANTA MADRE!” Sendo gritado pelas meninas em uníssono, me assustando e aumentando ainda mais minha confusão.______________________________________
Explicações:1- Um jogador de pôquer precisa manter o rosto sempre sem expressão, para não demonstrar qualquer idéia das cartas que tem, e essa cara é chamada de *poker face*.
![](https://img.wattpad.com/cover/275611317-288-k46642.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Darkness Of The Moon
Teen Fiction"Nascemos apenas para sofrer nesse mundo nada simples?Mesmo se pudessemos correr ou tivessemos força pra encarar o desconhecido ainda iríamos nos machucar, sempre acreditei ser um ser que fazia as coisas no automático, que vivia mais a minha vida qu...