Capítulo 8 - Dias de Poder

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No passado, quando as pessoas viviam em conjunto com a natureza, o passar das estações e os ciclos lunares da lua tinham um profundo impacto em cerimônias religiosas. Por ser a Lua vista com o um símbolo da Deusa, cerimônias de adoração e magia aconteciam sob sua luz. A chegada do inverno, as primeiras atividades da primavera, o quente verão e a entrada do outono também eram marcadas por rituais.

Os Wiccanos, herdeiros das religiões pré-cristãs da Europa, ainda celebram a Lua cheia e observam as mudanças das estações. O calendário religioso Wiccano possui treze celebrações de Lua Cheia e oito Sabbats, ou dias de poder.

Quatro desses dias (ou melhor, noites) são determinados pelos solstícios e equinócios [15], o início astronômico das estações. Os outros quatro rituais baseiam-se em antigos festivais folclóricos (e, de certo modo, aqueles do Oriente Médio). Os rituais estruturam e ordenam o ano Wiccano, além de nos lembrar do infinito ciclo que perdurará muito depois que partirmos.

Quatro dos Sabbats - talvez os que há mais, tempo são observados - eram provavelmente associados à agricultura e aos ciclos reprodutivos dos animais. São eles o Imbolc (2 de fevereiro), Beltane (30 de abril), Lughnasadh (lº de agosto) e Samhain (31 de outubro). Estes são nomes celtas, muito comuns entre os Wiccanos, apesar de existirem muitos outros.

[15] Traços deste antigo costume ainda são encontrados no cristianismo. A Páscoa, por exemplo, é celebrada no Domingo que se segue à primeira Lua cheia após o equinócio de primavera, uma maneira bem "pagã" de organizar ritos religiosos.

Quando a observação cuidadosa do céu levou a um conhecimento comum do ano astronômico, os solstícios e equinócios (por volta de 21 dê março, 21 de junho, 21 de setembro e 21 de dezembro - as datas corretas variam de ano para ano) foram incorporados à estrutura religiosa. [16]

Quem foram os primeiros a cultuar e gerar energia nesses períodos? Esta questão não pode ser respondida. Entretanto, esses dias e noites sagrados são a origem dos 21 rituais Wiccanos.

Muitos deles ainda sobrevivem em suas formas seculares e religiosas. Celebrações do May Day (Dia de Maio), Halloween, Dia da Marmota e até mesmo o Dia de Ação de Graças, para citar alguns populares feriados americanos, estão conectados a antigos cultos pagãos. Versões altamente cristianizadas dos Sabbats também foram preservadas pela igreja católica.

Os Sabbats são rituais solares, assinalando pontos no ciclo anual do Sol, e constituem apenas metade do ano ritual Wiccano. Os Esbats são as celebrações Wiccanas da Lua Cheia. Nesta data, nós nos reunimos para cultuar Aquela Que É. Não que os Wiccanos omitam o Deus nos Esbats - ambos são normalmente reverenciados em todas as ocasiões.

Anualmente, ocorrem 12 a 13 Luas cheias, ou uma a cada 28 1/4 dias. A Lua é um símbolo da Deusa, bem como uma fonte de energia. Assim, após os aspectos religiosos dos Esbats, os Wiccanos costumam praticar magia, desfrutando do maior poder energético que, crê-se, exista nesses períodos.

Alguns antigos festivais pagãos, desprovidos de suas qualidades sagradas pelo domínio do cristianismo, se degeneraram. O Samhain aparentemente pertence agora aos fabricantes de doces nos Estados Unidos, enquanto o Yule foi transformado de um dos mais sagrados dias pagãos num período de grosseiro comercialismo. Até mesmo os ecos do nascimento de um salvador cristão são pouco audíveis diante do zumbido eletrônico das máquinas registradoras.

[16] Solstícios, equinócios e os Sabbats são apresentados no Llwellyn's Astrological Callendar.

Guia Essencial da Bruxa Solitária - Scott CunninghamOnde histórias criam vida. Descubra agora