1° de Janeiro de 1980
Em algum lugar na Grã-BretanhaDe todos os destinos e opções que Regulus poderia imaginar para quando tivesse 18 anos, quase morrer lutando contra algo que sempre acreditou, era a que menos imaginava.
E ficava mais estranho quando ele lembrava que tinha tido uma filha, e o que sempre pensava era por que não poderia ter mantido a calças fechadas!?
— Desculpa, eu não deveria pensar nessas coisas. Nada disso é culpa sua. — Ele sussurrou enquanto sua filha chorava em seus braços — Você podia dormir, por favor? Estamos há apenas algumas horas aqui e eu já estou a ponto de surtar.
Regulus sentiu seu braço onde a marca estava ardendo.
— Merlin... Eu tenho que aguentar, por você, por nós. Essa marca está no passado, não está? Agora somos eu e você. Somos parceiros nessa aventura, não somos? — Ele perguntou para a pequena, como se ela pudesse entender.
E aos poucos, Polaris foi fechando seus olhinhos e dormiu. Regulus suspirou aliviado e se levantou, pensou em deixá-la na cesta enquanto explorava a casa, mas achou melhor não arriscar.
Naquele momento eles estavam em uma espécie de sala de estar/cozinha/sala de jantar, com um sofá empoeirado e duas poltronas, a lareira recém ligada por ele mesmo. A mesa com 4 cadeiras ficava ao lado do balcão que dividia a cozinha com um fogão e armários bagunçados.
— Eu definitivamente tenho que arrumar isso aqui... — Ele falou franzindo a testa.
Depois seguiu por um corredor que levava para os dois quartos e um banheiro. Ele entrou no que tinha uma cama maior, sacudiu a poeira e deixou a pequena Polaris deitada.
Ali tinha um baú, uma cômoda de madeira,
vários livros e materiais de estudo. Ele foi até o primeiro objeto e o abriu, encontrando objetos que não reconhecia, alguns diários e sete livros de capa dura escrito "Harry Potter".
— Merlin do céu. — Murmurou.
Queria ler tudo naquele instante, mas estava cansado demais para isso, então pegou Polaris e a colocou em uma cesta acolchoada, e se permitiu dormir por algumas horas até ela chorar novamente.
No dia seguinte, Regulus sentia como se uma delegação de quadribol tivesse pisado em todo o seu corpo e depois o usado como goles. Na cômoda do seu quarto tinham algumas roupas, então ele aproveitou que Polaris estava dormindo para poder dar um pouco de atenção a si mesmo.
Tomou um banho quente e depois se olhou no espelho, quase não se reconhecendo. Quando tinha deixado o cabelo crescer tanto? E as olheiras? Por Merlin, aquilo era uma barba começando a aparecer?
Regulus abriu uma das gavetas na parte de baixo da pia do banheiro e encontrou uma lâmina de barbear.
Enquanto tirava os pouquíssimos pelos do rosto, Regulus sentiu saudades de sua vida tranquila no Largo do Grimmauld, quando era criança e brincava com Sirius ou passava a tarde inteira comendo doces que Monstro fazia.
Mas percebeu que estava se iludindo. Ele nunca teve uma "vida tranquila", não... Sempre esteve destinado a único final, um final em que ele se tornaria comensal da morte e orgulharia sua família.
Pensou nas outras realidades que a sua outra versão tinha falado. Será que existia alguma onde ele não tinha decidido mudar? Ou alguma em que a noite passada terminasse de outro jeito? Talvez com o seu corpo frio nas rochas da caverna e seus olhos sem o brilho da vida. Ou ele poderia acabar no fundo daquele lago, devorado por aquelas criaturas estranhas, ele não sabia nadar... Poderia ter morrido fácil.
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Fantasmas no Céu - Contos de Entre Mundos
FanfictionApós ter sido salvo por uma mulher misteriosa, viajado para outra dimensão e ter conhecido sua outra versão, Regulus Black é deixado sozinho com sua filha, Polaris, em uma casa no campo. Agora, ele é obrigado a cuidar da criança e enfrentar os desaf...