Capítulo 2 - Mais uma história de Natal

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25 de Dezembro de 1980
Em algum lugar perto do Vilarejo Ottery St. Catchpole

— Ei! Não mocinha, largue isso! — Regulus disse correndo até a sua filha que insistia em brincar com a lenha na lareira — Você vai se queimar e me deixar maluco!

Quase um ano depois de ter sido deixado no vilarejo, Regulus tentava seguir uma vida normal de pai. Vinha ganhando a vida comercializando histórias infantis que escrevia, as plantas que nasciam na fazenda e ajudando Xenofílio com o seu jornal, O Pasquim.

Mas ele só estava se enganando e, mesmo que no subconsciente, sabia disso. Certa noite quando estava entediado, Regulus pegou um dos livros no baú e leu. Se assustou ao ver os nomes que conhecia muito bem, agora que ele sabia sobre os outros mundos, se interessou cada vez mais.

Porém, à medida que passava pelas páginas, Regulus chorava. Ele não sabia dizer se era pela história em si ou por toda a situação que estava vivendo, mas tinha que se manter forte pela sua garotinha.

Ele estava confuso e com medo, não sabia o que estava acontecendo, apenas fazia o que Anne, Oráculo, ou seja lá quem aquela velha era, mandou. Mas Regulus sabia que aquilo não iria ser o suficiente, em algum momento ele iria surtar e querer entender porque estava sendo usado daquela maneira. Qual era a sua verdadeira função?

— Reggie, estou entrando! — Pandora bateu na porta e entrou — O que estava tentando fazer?

A mulher olhou a cozinha praticamente destruída e colocou as mãos na cintura com as sobrancelhas levantadas.

— O que estava tentando fazer? — Ela repetiu.

— Torta de maçã... Mas acho que não deu muito certo.

— Você acha? — Pandora riu.

— Você não deveria estar de repouso? — Regulus rebateu.

— Eu estou grávida, não doente.

Regulus riu e pegou Polaris no colo, ela já falava palavras simples, mas a que mais usava era "papai" ou pelo menos algo parecido com isso.

— E como está essa pequena? — Pandora perguntou, se aproximando da menina.

— Destruindo a casa e brincando com fogo.

— Ela é fofa demais para isso.

— Vai sonhando.

Mais tarde, Regulus estava arrumando o vestido da filha, tentando deixá-la no mínimo apresentável para a noite de Natal, se perguntando o que os outros estariam fazendo. Será que sua mãe estava com os Malfoy? Ou talvez sozinha com Monstro? E Sirius? Talvez a guerra até estivesse perto de acabar... Ele realmente estava tentando ser otimista naquele cenário de caos interior e exterior.

Regulus pensou em prender o cabelo de Polaris, que parecia muito com o de Anne, mas desistiu quando percebeu que a garota não iria parar quieta. Então, ele pegou os bracinhos dela e tentou ajudá-la a levantar, Polaris já ficava em pé e Regulus tinha a impressão de que ela iria começar a andar a qualquer momento.

— Queria ter uma câmera aqui. — Ele disse.

Às vezes Regulus sentia a sua marca arder, uma lembrança e uma prova de que aquele pensamento positivo de que a guerra estava perto de acabar era só isso. Um pensamento completamente distante da realidade.

Polaris parecia perceber que o pai estava sentindo dor naquele instante, pois forçou as pernas gordinhas de bebê e foi até o homem sentado no chão. Ela esticou as mãos para tocar no rosto dele, Regulus levantou a cabeça para encará-la.

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