Monster

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Um milhão de coisas rodavam na cabeça da garota, mas não no bom sentido. O dia todo tinha sido muito estranho, aquela semana havia sido a pior de sua vida. Sua magia estava descontrolada e seus sentimentos não ajudavam. Sempre ouviu que ela era um monstro por ser filha de seus pais, mas não se importava muito com isso. Não até aquele momento. Passou a semana inteira evitando o Ben ou qualquer um de seus amigos com medo de feri-los, sabia que nunca se perdoaria se algo assim acontecesse. Por mais que soubesse que era necessário não contou nem pra Fada Madrinha. Não queria demonstrar fraqueza em não saber lidar com algo que nasceu com ela.

Bateu a porta de seu quarto que por sorte estava vazio. Andava para os lados com a respiração ofegante, os olhos brilhando naquela cor verde incandescente, sentia-os queimarem. Havia lágrimas escorrendo, mas ela não estava chorando. Era uma reação de seu corpo pra tentar conter a sensação de seus olhos quase pegando fogo. Olhava para sua cama e via um lado do travesseiro queimado, a magia se manifestando em seu corpo era tanta que ela nem percebeu que suas mãos queimavam. Era por isso que ela não queria se aproximar de ninguém, e não iria tão cedo.

Benjamin passou o dia procurando Mal, ela o estava evitando e ele percebia, até imaginava o que seria mas se ela não contasse, ele não poderia ajudar. Isso tem o deixado muito preocupado, então decidiu ir até seu quarto, o dormitório que ela dividia com Evie. Bateu na porta e ninguém atendeu, então abriu a maçaneta e como a porta não estava trancada, entrou. Arregala os olhos com a imagem que as separa. Mal estava de costas para ele, apesar disso ele conseguiu perceber sua aflição. As mãos da garota queimavam, o que o assustou. Não por temer dela, mas por medo dela se machucar. Tocou em seu ombro e ela virou a cabeça, ele percebeu os olhos verdes incandescentes, se lembrava de ter visto essa cor algumas vezes. Seus olhos estavam cheios d'água e sua expressão estava angustiada. Aquilo apertou o coração do garoto dolorosamente em seu peito, odiava ver sua namorada mal.

—O que tá fazendo aqui? Vai embora agora.

Ela diz tentando soar firme e logo se virou novamente. Apesar de tudo, não titubeou. Mas ela não podia enganá-lo. Ela não ia afastá-lo sendo rude, ele conhecia essa máscara. Manteve a mão ali em seu ombro e percebeu que a temperatura de seu corpo estava mais quente que o normal, e as mãos —onde ele achava que era a maior concentração de energia— queimando em um fogo cada vez mais intenso

— Meu amor, eu tenho estado preocupado. Você me evitou a semana inteira e agora eu te encontro nesse estado! Por favor, fala comigo. Sou eu, o Ben. O teu Ben.

Diz com uma voz de súplica, mesmo que ela não estivesse olhando para seu rosto, sabia que aqueles olhos que ela gostava bem mais do que deveria estavam transbordando preocupação e desejo de ajudá-la. Ele era bom, bom até demais pra alguém como ela

— Benjamin, você não percebeu que eu não te quero aqui? Você só tá piorando as coisas, eu não sei nem porquê ainda estamos juntos. Você só me atrapalha.

Diz com voz severa e não se virou, porque sabia perfeitamente que não seria capaz de falar aquelas coisas olhando nos olhos dele, nos olhos que exalam uma gentileza característica, uma bondade encantadora, algo que ela tanto amava. Mas simplesmente não podia, tudo que fazia era colocar ele em risco. Percebeu que as pessoas tem razão, ele não merece estar com alguém como ela. Se dissesse que aquelas palavras não o machucaram, estaria mentindo. Ele involuntariamente abaixou a cabeça e se afastou um pouco, como se tivesse levado um tapa ou sido empurrado. Isso doeu demais, sentiu como se seu coração tivesse tido apertado sem dó. Sentiu um bolo de angústia na garganta, tanto que respirou fundo para conseguir evitar lágrimas ou qualquer sinal de que estava afetado. Ela sentia isso, apesar de não ver, ela ouvir ele se afastar, ouviu cada suspiro e conseguiu sentir a dor que havia causado nele. Tinha certeza que isso havia doido muito mais nela mesma do que nele. No fundo ela não queria que ele fosse embora, se ele a deixasse, tinha certeza de que iria ficar sem rumo. Mas antes se afogar na tristeza do que arrastá-lo para essa merda consigo. Mas ela se surpreendeu quando sentiu um abraço familiar, aquele abraço que sempre a confortava, aqueles braços que eram seu abrigo, seu porto seguro. Sentiu aquele famoso calor que a invadia, teve a sensação de que seu coração foi envolvido com um calor lindo. Ela o amava muito mais do que deveria

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⏰ Última atualização: Jul 12, 2021 ⏰

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