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𝙹𝚘𝚜𝚑

- Nem acredito que eu tô aqui com você, meu Deus você tá tão lindo - Ela diz sorrindo e me dando outro abraço.

- Faz tanto tempo, você cresceu muito, não é mais aquela menina irritante que eu costumava brincar - Eu falo quando giro ela conforme o ritmo da música. Ela sorri maliciosa e já sei que o que vai sair não vai prestar.

- Todo gostoso, jurei que ia continuar o mesmo periquito de sempre - Ela diz e por mais que sua voz esteja animada eu consegui perceber as segundas intenções dela no começo da frase.

- Eu estou namorando, por favor não vai soltar isso perto da Savannah - A repreendo e ela faz uma careta mas depois substitui por outro de seus muitos sorrisos.

- Eu sei Josh, não sou tapada nesse nível.. mas quem diria, você namorando, isso sim é algo impressionante.

- Sim, eu jurava que nunca iria me apaixonar por ninguém e aqui estou eu namorando com alguém - Falo sorrindo e ela ergue a sombrancelha.

- Nunca iria se apaixonar? Se liga garoto, você era mó amarrado em mim - Ela me dá um empurrão de leve e volta a dançar comigo.

- Talvez só um pouquinho - Eu falo sorrindo e ela nega.

- Falando sério agora, você tá bem? Como anda a Úrsula, e o seu pai? - Ela pergunta bem curiosa.

Antes de eu vir para o Brooklyn, eu, minha mãe e meu pai morávamos juntos em um lugar longe daqui. Eu cresci com essa garota do meu lado, eramos carne e unha, como dois irmãos muito grudados. Eu basicamente sei de tudo sobre essa garota e ela sabe quase tudo sobre mim. Fomos melhores amigos por muito tempo, até depois que eu me mudei e continuamos amigos a distância mas em algum momento eu perdi o número dela e nunca mais consegui fazer contato.

Como crescemos juntos eu vi sua vida de perto, acompanhei o que ela passava em casa, pelo menos o que ela me permitia saber. Eramos meio que a válvula de escape um do outro por muitos anos. Sempre que eu me sentia pra baixo ela fazia algo e mudava tudo e sempre que ela estava triste eu fazia algo por ela. Eramos assim, juntos e feliz ou éramos juntos e infelizes. O negócio era nunca se separar.

Conheci sua vida, como era tratada na sua casa, como ela odiava o pai e como odiava a mãe de Connor. Eu abraçava ela quando chorava com saudade da sua mãe. A mãe dela morreu quando ela tinha três anos, de câncer se não me engano e ela sempre sofreu com isso. Ela sofria mais ainda porque não tinha afeto na casa dela. O pai sempre a deixava longe e nunca queria saber sobre ela. Patrícia, mãe de Connor, a tratava como se ela fosse uma pessoa sem importância, como se ela não fosse da família. Eu lembro que ouvia ela gritar "saia do meu caminho seu pedacinho de lixo". Quem diz isso a uma criança que acabou de perder a mãe? Quem diz isso a uma criança?

O único que a tratava bem mesmo era Connor, ele sempre estava próximo dela e sempre queria ver o sorriso dela. Por mais que ele tentasse ser um bom irmão sua mão tornava tudo difícil. Ela o obrigava a maltratar a Skay na sua frente e ele fazia contra sua vontade, fazia. Ela me contava tudo, Skay sempre me contava tudo da sua vida, ela dizia que não fazia sentido esconder nada de mim já que eu era o único amigo que ela teria na vida e que era o único que considerava família.

Ela era apenas uma criança quando já tinha pensamentos ruins sobre si e sobre o mundo. Apenas uma criança!!

- Eu tô ótimo, nunca estivesse melhor na verdade, a minha mãe está bem também, trabalhando muito e dando duro pra manter a gente de pé e o meu pai como sempre viajando pelo mundo - Ela se estica e pega uma bebida quando um garoto passa oferecendo.

𝗙𝗿𝗼𝗺 𝗛𝗮𝘁𝗲 𝗧𝗼 𝗟𝗼𝘃2Onde histórias criam vida. Descubra agora