Planejamentos são a chave para um futuro de sucesso ou, ao menos, era isso que pensava Alissa Scott antes de ter sua vida deixada em ruínas.
Com o início de sua vida adulta, a jovem deixa seu país natal e cai em terras canadenses, juntamente à sua m...
N/A: Oi, gente bonita. Olhem as notas finais, por favor.
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662 dias antes do desaparecimento de Alissa Scott
Estávamos em setembro e havia-se passado uma semana desde o dia em que pisamos nossos pés nas terras canadenses. Semelhante às cenas encontradas em filmes, eu observava pela janela fechada a paisagem, encantada. O verão chegava ao fim, mas ainda era possível notar toda a beleza da estação. A neve e o frio, por ora, não tiveram vez. Sentia meu corpo quente devido às grandes faixas de calor, cujo mesmo as roupas leves que trajava não eram capazes de torná-las mais suportáveis. O Canadá por ser um país em que as estruturas de suas casas são preparadas para o frio, com a chegada do calor, nossos lares tornam-se uma verdadeira estufa.
Assim que cheguei, guardei o dia de ontem com carinho, tratava-se da data comemorativa do trabalho, e o dia anterior ao início das aulas da faculdade.
Por diversas vezes peguei-me em dúvida do curso que escolheria, sempre escutando de colegas que alguns espaços mulheres jamais poderiam ocupar, ainda com a ideia machista de que nosso lugar é em casa e não designando atividades em que anteriormente eram ocupadas somente pelo sexo masculino.
Com Ciências da Computação foi exatamente assim.
No Brasil, todas as sextas-feiras eram marcadas pelo dia do brinquedo. As meninas levavam bonecas e panelas, enquanto os meninos tinham os brinquedos mais legais: de montagem e desenvolvimento lógico. Mulheres são inspiradas a serem mães, enquanto homens são inspirados a serem engenheiros, arquitetos e qualquer área que pertença a Exatas.
Costumam associar a ideia de seguir seu coração como algo partido de uma pessoa fraca, mas quando uma sociedade inteira está contra uma mulher, seus instintos são a única coisa que a faz lutar e seguir em frente, em busca de sua própria felicidade e sensação de pertencimento.
— Ei, está tudo bem? — Senti uma mão pousar em meu ombro e afastei meus devaneios ao ouvir a voz de Zoe. Virei-me para ela e fitei seus olhos repletos de preocupação. Assenti em resposta. - Estou te chamando a alguns minutos, o café está pronto.
— Obrigada por avisar. — Sorri. — Já estou indo.
Apesar do meu tom de voz suave, minha amiga ainda me fitava com desconfiança. Abri o sorriso, mostrando os dentes, em uma tentativa de lhe passar segurança, mas tudo o que consegui foi fazê-la suspirar e se sentar ao meu lado.
— Eu te conheço toda uma vida e sei que tem alguma coisa te incomodando, o que é?
Desfiz o sorriso e tornei a fitar a imagem da janela. A rua que de vez em quando passava um automóvel.
— Não é nada, só estava pensando... — Deixei a frase no ar e o olhar de Zoe insistentemente em cima de mim era o suficiente para que eu soubesse que ela esperava uma continuação. Mas era só isso. Estive pensando, pensando até demais. — Eu sonhava com isso quando era apenas uma criança e agora que finalmente aconteceu, não sei se é isso que eu realmente quero. E se eu não for uma boa o bastante?
