INTRODUÇÃO

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As literaturas primitivas se exprimem com muita frequência e espontaneidade por meio de parábolas. Na parábola, a trama anedótica não é um fim, mas um meio, o instrumento que serve para caracterizar uma profunda experiência humana de valor permanente. Os velhos contos mitológicos encerram praticamente toda a gama vivências do homem. As histórias de Narciso, de Sisifo, de das Édipo e todas as outras do mesmo naipe hão de ficar para sempre como uma espécie de anatomia da alma. São os pontos de referência a que teremos sempre de retornar; a nossa civilização tecnológica não diminui a importância desses mitos, pelo contrário, é neles que a ciência psicológica moderna encontra os paradigmas das mais recônditas experiências humanas.

Escrever novas parábolas ou alegorias, contribuir com uma ou algumas histórias para esse patrimônio intemporal e universal é uma ambição de todos os escritores. Pois aquele que consegue compor uma alegoria válida será lido: em todos os tempos; por todos os povos; por todas as classes; por todas as idades.

  Poucos são, no entanto, os escritores que possuem o dom dessa simplicidade alegórica. O irlandês Oscar Wilde foi um deles.

Todas as histórias contidas neste livro gozam dessa novidade eterna dos antigos mitos; podem servir de alimento às almas de todas as idades. Ao adaptá-las, meu intuito foi ampliar ainda mais essa grande faixa de interesse, eliminando as dificuldades de sintaxe ou de vocabulário que pudessem afastar das narrativas de Wilde a juventude que se encontra vivendo as primeiras encantadas experiências da literatura.


Paulo Mendes Campos

O Príncipe Feliz E Outros ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora