Lentamente a pequena gotícula de água caía na janela de Dahye, observando ela cair junto com as outras, essa não é uma gotícula de água solitária, não era uma lágrima solitária caindo de um rosto solitário. Isso acontecia enquanto seu pai, Dae-jung, dirigia pacientemente pela estrada e sua mãe, Ji-hye, tirava uma soneca no banco do passageiro ao lado do motorista.
A garota estava com raiva, era óbvio, a metade da viagem eram lágrimas solitárias escorrendo silenciosamente em seu belo e único rosto. A casa dela - que agora não mais -, os amigos dela - que ela deixou para trás -, as conquistas que ela fez, lá era o lar dela - que agora ficará apenas vivo em suas lembranças. Ela se iludiu, ela sabe, no fim a culpa é dela, somente dela por ter se conectado demais, se abriu demais e agora está perdendo tudo o que havia ganhado. Ela sabe que será a mesma coisa daqui a dois ou cinco meses, por isso ela irá se privar de tudo, para não se machucar novamente.
De fato, a antiga moradia deles foi a casa que eles mais se apegaram, ficaram quase dois anos na mesma. Nos primeiros meses, Dahye ainda se privava e seus pais, de certo modo também, mas depois de seis ou sete meses morando lá, eles se acostumaram, fizeram amigos e outras coisas que pessoas que não se mudam de - praticamente, na cabeça de Dahye - cidade em cidade, de país a país fazem.
— Estamos na metade do caminho, galera, não se desanimem, ok?— o mais velho fala olhando pelo retrovisor para a filha enquanto acaricia a coxa da mãe, logo pondo sua mão no volante novamente.
— Hmmmm eu estou com fome, devíamos parar em um lugar para pegar comida e lanchar— a mulher diz sugestionando, Dahye não presta atenção no que sua mãe diz e sim do que estava vindo a sua frente, ou melhor dizendo, na frente do carro.
— Pai!
Nem deu tempo de alertá-lo pois quando havia se dado conta, já tinham batido. Foi uma leve pancada, mas o suficiente para ativar o airbag, protegendo os dois pais do impacto, a garota estava de cinto porém acabou se machucando levemente em seu rosto causando um pequeno corte no mesmo.
— Vocês estão bem? filha? Amor?— a mulher diz conferindo os dois, logo tirando o cinto para conferir melhor sua pequena - mesmo ela tendo 16 anos, ainda a chamava de "minha pequena''.
— Eu estou bem mãe e você? Pai?— Dahye tira sua atenção da mãe e diz olhando pro mais velho, ele estava encarando o que causou o impacto.
Era um veado, eles bateram em um animal onde aqui não devia ter, eles já haviam passado dessa área e estava longe da floresta em que passaram e pelo que diz o GPS, ainda estavam longe de passarem por uma, onde eles estavam só era estrada e deserto, poucas árvores por ali, ele não devia estar aqui.
— Temos que chamar a polícia rodoviária.
— Não faz sentido! Eu estava olhando para frente com atenção e de repente isso apareceu!— o homem diz um pouco alterado saindo do carro, olhando melhor pro pobre e azarado animal.
— Tudo bem, já estou ligando— a mulher diz saindo do carro para acalmar o marido.
A filha - que agora assustada - permaneceu ali, olhando pro nada, se perguntando se ela realmente havia visto aquilo.
"Aquilo"
— Filha, ligue para um policial rodoviário dessa área, fale que atropelamos um veado, mas esclarece que não tem nenhuma placa sinalizando para tomar cuidado com os bichos— o pai diz nervoso, quase gaguejando.
A filha assente e obedece o mesmo, pesquisando no google uma delegacia ou um posto por perto, ela ainda estava desacreditada.
(...)
— Boa tarde, senhor policial!
Dahye escuta seu pai enquanto sua mãe a tranquilizava, claro que ela não falou sobre o que tinha visto, mas era notório que a garota estava assustada.
Eles não levaram nenhuma multa, apenas a bronca do policial - mesmo que o homem também achasse estranho aquele pobre animal estar ali já que a área da floresta estava longe - e até disse que acha que o animal já estava morto quando foi atropelado. Isso foi um fermento para as perguntas que estavam na cabeça de Dahye, porém para o bem dela mesma, deixou de lado e fez com que essas perguntas fossem embora. Mau sabe que as perguntas iriam voltar em maior quantidade.
O resto do caminho para a nova casa foi tranquila - tirando o atropelamento -, eles pararam para lanchar e compraram comida para o resto da viagem. Iriam chegar à residência mortos de cansaço, por sorte a casa já estava pronta e decorada para a estadia deles, levando consigo apenas as roupas e objetos de extrema importância e frágeis. A pequena Dahye se sentia ansiosa, depois do que ela tinha visto - que ela nem sabe o que é, e se pedisse para descrever nem saberia responder. Ela tentará deixar isso de lado, apenas. Tentará.
E isso será seu maior erro…
*****
boa noitee, espero q não tenha ficado ruim, foi curto por eles estarem na estrada (praticamente pra contar apenas a coisa mais marcante de toda ela), mas o próximo capítulo será maior e quem irá narrar será a Dahye.
Espero que tenham gostado e me desculpem por qualquer erro de ortografia, aceito opiniões e críticas construtivas :))
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The unknown mystery
HorrorSinopse Jeong Dahye, uma garota de 16 anos, norte-americana com pais sul-coreanos, se mudou para uma pequena cidade e desde então está passando por vários problemas, seus pais quase nunca estão em casa por conta do trabalho e isso acaba dificultan...