GOLDEN BOY: Traces In The Night

2. ❝ intensidade ❞

Intensidade é uma característica atribuída a algo ou alguém que se apresenta em grandes proporções. Normalmente, esta característica está relacionada com o fato de algo se manifestar ou se fazer sentir com força, vigor, de algo que é intenso.

...

Estava frio.

E aquele corredor cheio de portas chiques me dava um ar sombrio, me fazendo se encolher dentro do casaco.

A porta em minha frente estava destrancada, o que me dava ainda mais ansiedade e medo. Faltava poucos minutos para o horário marcado e uma enorme pressão caiu sobre meus ombros.

A sensação de que eu iria me arrepender se atravessasse aquela porta era grande, mas, era ainda maior se eu fosse embora e fingisse que essa loucura não tinha acontecido.

Sempre fui muito decidida em relação às minhas escolhas, portanto, a inquietude em meu corpo no momento era uma reação completamente desconhecida por mim.

Tentando não hesitar, dei um passo à frente me colocando totalmente dentro do local, em seguida encostei a porta atrás de meu corpo, sem a fechar por completo. Se minha intuição estivesse me alertando de algo, eu poderia simplesmente fugir com facilidade. As luzes estavam apagadas, mas havia um único feixe de luz no local, que vinha de uma enorme janela ao final do cômodo. Que dava uma ampla visão da cidade iluminada.

Senti meu corpo se acomodar no recinto, estava uma temperatura agradável, talvez o aquecedor estivesse ligado.

— Olá...

Em tom baixo, chamei e senti como se minha voz ecoasse no local e voltasse até mim. Não ousei dar um único passo à frente.

" — Porque caralhos eu aceitei vir até aqui?! " - questionei a mim mesma, estreitando meus olhos na tentativa de enxergar algo ali.

— Está atrasada.

Abafando um gritinho estridente com minha destra, repousei minhas mãos sobre minha boca, e gradualmente senti meu coração acelerar cada vez mais.

— Me desculpe... não era minha intenção te assustar.

A voz era rouca, causando-me ainda mais arrepios, eu não via o portador daquela voz, no entanto, eu acreditava que ele sabia exatamente onde eu estava, me trazendo um certo pânico.

Tinha um misto de sensações correndo em minhas veias. Era estranho, mas, o provável perigo que eu estava sentindo me fazia sentir... bem?

Eu estou ficando louca, de fato.

— Está com medo? – retrucou, deixando soar uma risada sem tanta graça.

— Eu deveria estar?

Deixando meu descontentamento no assunto tomar posse de minha voz, senti que um calafrio passou por minha espinha, me fazendo suspirar, deixando que meu corpo se apoiasse na parede ao lado da porta.

— Detesto atrasos. – ditou, me fazendo engolir em seco.

— Eu cheguei antes do horário marcado.

Sem eu querer, meu tom de voz deveria ter soado meio rude. Talvez, mas não de propósito.

— Humm... talvez sim. – indagou, e uma doce risada soou no local de modo divertido. "Qual era a graça?" — Vou te questionar algumas coisas, me responda apenas com sim ou não, nada mais e nada menos, tudo bem?

— Sim.

Minha mente entrava em alerta, eu deveria fugir agora?

— Você tem no mínimo alguma ideia de sexo ou masturbação? – questionou, soando tão natural ao ponto de parecer que ele me perguntava se eu gostava de sorvete.