→ 𝗮𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻 | ❝eu transei com ele porque sabia que não precisaria olhar na cara dele depois disso, e aí ele resolve aparecer quase três anos depois! que porra de carma!❞
onde Any Gabrielly e Josh Beauchamp se encontram na faculdade depois...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Faltavam três dias para o Halloween, e os meninos da Acacia estavam se empenhando arduamente em dar a melhor festa do ano. Eu via alguns deles pelo campus – o mesmo cabelo com gel, o mesmo lenço vermelho pendurado em algum lugar do corpo –, correndo de um lado para o outro feito doidos.
O refeitório da ala de humanas do campus era sempre o mais cheio, todos os dias. Mesas lotadas e o jardim cheio de toalhas na grama.
Eu estava sentada em uma daquelas mesas pequenas de restaurantes, junto com Joalin, rindo de uma piada que a mesma tinha feito há apenas alguns segundos, quando meu ombro foi cutucado com uma força desnecessária.
━ Ninguém te avisou que você fica ridícula nesses óculos vergonhoso? ━ Alice Griffin cruza os braços, o sorriso de Regina George estampado no rosto cheio de maquiagem.
Ah, sim, os óculos. Eu fui diagnosticada com um grau forte de miopia e astigmatismo intenso aos quatro anos, e uso óculos desde então. Aos catorze, consegui comprar lentes de contato, mas sempre mantive os óculos guardados. No entanto, ontem, perdi uma delas durante o banho, e tive que recorrer ao par de óculos que eu costumava usar.
A armação é preta e dourada, imitando pele de onça. Sim, é vergonhoso – embora o meu eu de treze anos achasse a coisa mais fashion do mundo –, mas é a única coisa que pode me impedir de topar com a cara na parede a qualquer momento.
━ Você acabou de avisar, então, obrigada. ━ dou a ela um sorriso falso. Me viro para continuar a conversa com Joalin, mas Alice está decidida em me irritar.
━ Não entendo o que as pessoas vêem em você. ━ ela continua. ━ O seu corpo é desproporcional, seu cabelo é feio, sua boca é esquisita e você só fala merda. Honestamente, fico surpresa que alguém possa se interessar verdadeiramente por você.
Olho para Joalin e conto até dez mentalmente.
━ Sabe, Alice... Eu te achava uma garota muito foda. Você lidera a Prudence, tem amigas leais e tudo mais. ━ suspiro. ━ Mas, convivendo com você agora, eu descobri que você não passa de uma garota mimada, irritante e sem um pingo de bom senso. Sério, estamos em dois mil e vinte, quem é que ainda briga por atenção de homem?
A esse ponto, mais da metade dos estudantes no refeitório nos olhava, esperando, muito provavelmente, por puxões de cabelo e socos. Mas não veriam nada disso. Não se dependesse de mim.
━ Ah, sim, o sinônimo de sororidade e feminismo, eu já deveria saber. ━ Alice ri com sarcasmo. ━ Não vim aqui pra brigar pela atenção de homem nenhum, Any Gabrielly.
━ E para que você veio?
━ Para demarcar o meu território. ━ ela molha os lábios e me encurrala entre ela e minha cadeira. ━ Não se engane, eu também faço parte dos movimentos a favor das mulheres e todas essas coisas.
━ Jura? Porque você parece uma daquelas menininhas que é a primeira a humilhar uma mulher para benefício próprio quando te convém. ━ falo, aproximando mais nossos rostos, o suficiente para beijá-la, se eu não a achasse tão repugnante.
Alice ergue uma sobrancelha.
━ Mais uma coisa na qual você errou sobre mim, Gabrielly. Já contei três. ━ ela sorri. ━ E se você acha que me comparar a isso tudo vai me fazer mudar de ideia e de repente abrir caminho pra você, então são quatro.
━ Abrir caminho pra quê?
━ Você sabe o quê. ━ ela diz, alargando o sorriso. ━ Então saia do meu caminho, porque eu não tenho vergonha de brigar por isso.
Contenho a vontade de dizer à ela para começar a amolar suas facas, porque eu nunca nego um desafio.
Ao invés disso, mando um beijinho seco para ela, quase encostando nos seus lábios vermelhos com os meus. Alice repete o ato e então refaz o caminho de onde veio, me deixando, finalmente, sozinha com Joalin.
Percebo que os estudantes ainda olhavam na minha direção, alguns deles apontavam os celulares. Fiz o mais sensato a se fazer, e levantei os dois dedos médio para eles.
━ O que foi que rolou aqui? ━ Sabina, Noah e o motivo do ódio de Alice por mim, também conhecido como Josh Beauchamp, sentam na mesa comigo e Joalin. – Eu jurava que vocês iam se beijar. ━ Saby diz.
━ Alice praticamente propôs um duelo pelo coração do Joshua. ━ Joalin diz.
━ Coração? Aquilo parecia mais uma disputa pelo pau dele. ━ Noah murmura e Sabina ri.
━ Sério, Joshua, você precisa aprender a escolher suas mulheres com mais sabedoria. ━ falo, colocando uma batatinha na boca.
Josh revira os olhos.
━ Eu não tenho nada a ver com isso. ━ ele diz, roubando duas batatas minhas.
━ Ah, não tem? ━ me inclino na mesa, ficando mais perto dele. ━ Porque ela disse, com todas as letras: então saia do meu caminho, porque eu não tenho vergonha de brigar por isso. – afino a voz em uma imitação ridícula do projeto de Regina George. ━ Mas se você diz que não tem nada a ver com isso...
Volto as costas para a cadeira, de braços cruzados e de cara feia.
━ E você vai sair do caminho? ━ Noah pergunta, se divertindo com a situação.
━ Eu entrei nesse caminho primeiro, Noah! ━ exclamo. ━ E se aquela patricinha de Beverly Hills acha que pode controlar com quem eu transo ou deixo de transar, então aí sim nós teremos sérios problemas.
Quando voltei a encará-los, os três me olhavam com diferentes sentimentos. Joalin com orgulho, ou algo próximo a isso, Noah com divertimento, Saby com excitação e Josh com surpresa.
━ Se você não levar essa garota pra sua cama logo, Josh, eu vou. ━ Sabina diz, e vejo Noah revirar os olhos. Acho que ele já se acostumou com a famigerada bi wife energy.
━ Tô trabalhando nisso, Saby. ━ Josh murmura de volta, piscando um olho pra mim.
Desde que eu entendi o conceito de feminismo – e a importância dele –, eu mudei completamente a minha linha de pensamento. Vou mentir se disser que nunca estapeei outra garota por causa de um cara. Mas eu tinha treze anos, lia After e meu filme favorito era, vergonhosamente, Meninas Malvadas.
Não que isso justifique meu comportamento ridículo, porque não justifica. O que eu quero dizer é que as pessoas crescem, mudam, amadurecem. Eu amadureci e sei que brigar por causa de um cara me levaria de volta para uma parte da minha vida que eu prefiro fingir que não aconteceu.
Também tenho plena consciência de que me prestar a esse papel ridículo não me faz ser muito melhor que Alice Griffin, mas é como eu disse: eu odeio perder.
E se o prêmio em questão é o coração – ou o pau – deste homem sentado na minha frente, roubando minhas batatas fritas, então eu o terei. E Alice Griffin já pode começar a chorar.
