A Borboleta Dourada [Faustão + Hawk Moth]

Único

Hawk Moth se encontrava finalmente à sós com papel e caneta em mãos. Visto que Nathalie não podia invadir o esconderijo sem a legítima permissão do dono.

Sozinho com seus pensamentos, estava novamente desfrutando do momento que lhe proporcionava sentimentos que não costumava sentir no dia a dia normal. Com a caneta preta entre os dedos, pôde finalmente converter tais pensamentos em palavras escritas.

              Caro Fausto; meu eterno Faustão.

Mais um domingo se passou e minha maior felicidade foi acompanhar seu programa. Você estava tão estiloso hoje que mal me concentrei na Dança dos Famosos.

Devo lhe dizer que não me agradei com a maneira na qual encarou uma certa bailarina, mas o brilho nos seus olhos quando citou meu nome e fez piadas idiotas foi simplesmente... inexplicável.

Quando eu ouvi sobre sua viagem para Paris, senti algo tão forte que cheguei a pular. Você vai realmente estar por perto em breve? É difícil acreditar que vamos conversar cara a cara, finalmente deixando estas cartas antiquadas de lado.

Quero que me mostre este seu sorriso carismático e me faça lembrar como se ri, enquanto toca minha mão e me encanta com seu maravilhoso jeito de falar.

            De: Gabriel Agreste; seu carissimo Hawk Moth.

Gabriel não esperava uma resposta tão imediata de Faustão, mas a surpresa foi o suficiente para o contagiar com alegria duradoura, causando até olhares diferenciados vindos de seu filho e Nathalie.

Agora suas íris azuis passeavam sobre o papel levemente amassado, com palavras dóceis, escritas com o belo traço de caneta Bic azul.

                Caro Gabriel; meu eterno Hawk Moth.

Não se preocupe, meu amor, escolherei meu melhor terno para descer do helicóptero e ir ao seu encontro, de uma forma ainda mais maravilhosa que nosso primeiro encontro, exatamente nessa belíssima cidade.

Não precisarei de muito esforço para achar algo que faça seus olhos brilharem, pois ponho prioridade à sua marca em meu guarda roupas. Suas peças lindas e cheirosas. Aquele amaciante brasileiro que você ama... logo poderá senti-lo sobre meus braços.

Te encontrarei no próximo mês. Não implique com o pessoal da produção como fez da última vez.

Beijos com pluminhas, te amarei até o fim.

             De: Fausto Corrêa; seu caríssimo Faustão.

"beijos com pluminhas"

Gabriel pensou, caridosamente abraçando o próprio corpo por um breve momento.

Os dias daquele quente junho passaram lentamente, pelo menos foi essa a impressão de Hawk Moth. Sua ansiedade interferiu até nas akumatizações por Paris, que diminuíram o dobro aquele mês.

As inspirações para criar novas peças brotavam insistentes na mente do estilista, eram tantos e tantos projetos novos, que seu ânimo lhe permitiu desenvolver, que com certeza, poderia tirar longos meses de férias em um futuro próximo.

Mas nada era tão bom quanto os presentes que criava para seu amado. Preparou tantos que já não cabiam em seus braços. Mas ainda era pouco ao seu ver. Tudo era somente superficial, queria algo que verdadeiramente demonstrasse seu amor.

De maneira ou outra, Gabriel conseguiu isso. Agora, apenas lhe restava o belo sorriso que seu Faustão o entregaria.

Fãs acompanhados por guardas lotavam a rua fechada na qual Faustão e sua equipe desceram de helicóptero. Gabriel conseguiu a façanha de ser um dos primeiros a chegar no local marcado, pelo raiar do sol. Logo, conseguiu um lugar especial o mais próximo possível do que aguardava.

Seu príncipe encantado desceu de microfone na mão, cercado por câmeras, indagando coisas que o português péssimo de Gabriel não o permitiu reconhecer de imediato.

Faustão estava claramente o procurando, sem deixar de falar por um segundo sequer. Sabia que Gabriel, tendo boas quantias de dinheiro, era provável estar em um local reservado ou algo do tipo.

Estavam à beira de um intervalo quando algo chamou a atenção de Faustão: a alguns metros, uma grande e brilhante borboleta inteiramente dourada. Quando batia as graciosas asas, brilho se espalhava por seu redor, era magnífica e parecia estar chamando exclusivamente por Fausto.

Chamou pelos reclames do plim plim de maneira tão breve que deve ter feito o público estranhar. Largou o microfone nas mãos de uma funcionária leal e andou até a borboleta que o hipnotizara.

Seus dedos se aproximavam de tal. Não conseguia mais desviar o olhar, e o jeito que todos o encaravam fazia parecer que não viam tamanha beleza na borboleta ali presente.

Quando a tocou, ela se fez em milhões de partículas douradas que voaram em outras milhares de direções, isso foi o gatilho para fazer o olhar de Faustão notar o que estava logo em sua frente. Ou melhor, quem estava.

— G-Gabriel Agreste!

— Meu amor!

Um abraço se materializou entre os dois, deixando o público incrédulo. Desde quando as duas celebridades criaram tanta intimidade?

— Aquela borboleta... Foi você?

Gabriel não respondeu, apenas revelou sua mão e o que em sua palma repousava: um lindo broche dourado, em forma de borboleta. Eram tantos detalhes presentes no objeto, que hipnotizava qualquer um, assim como uma certa borboleta.

Faustão recolheu tal obra de arte com tamanha delicadeza que seus dedos estremeceram.

— Não é somente um broche, Faustão, é o símbolo do nosso amor.

Fausto sorriu e inclinou a cabeça para cima, a fim de cruzar seu olhar com o de Gabriel.

— Tão lindo quanto uma borboleta dourada.

O vento soprou, levando os gritos dos funcionários que anunciavam o término dos reclames do plim plim. As câmeras se ergueram na direção do apresentador de maneira lenta, mas possível de capturar a sombra da união entre Gabriel Agreste e Faustão sobre o pôr do sol, que deixavam sobre o momento, promessas de amor, mas, especialmente a de nunca tirar o broche da borboleta dourada de perto do coração.

— Adrien, conheça seu padrasto!