Doutrina - ShiIta

I - Desafio

Notas iniciais:

Narrado por Itachi. Boa leitura!

...

— Ah! — Ofeguei baixo quando senti seus dedos segurarem meu rosto com força, meu coração se acelerou rapidamente com toda a adrenalina percorrendo minhas veias. Subi os olhos para os dele e sorri de forma desafiadora embora o aperto limitasse meus movimentos.

— Eu reconheço um brat quando vejo um, professor. — Apertou ainda mais e eu gemi, pouco me importando se estávamos em público. A voz dele soava autoritária, um domínio que eu jamais imaginaria vir de alguém como ele. Shisui tinha uma dualidade que me enlouquecia e eu faria questão de conhecer essa sua outra versão bem de perto, com os meus lábios, de preferência. — Você pode tentar manter sua expressão estoica dentro de sala de aula, mas eu sei que, no fundo, você deseja que eu te coloque de joelhos e foda a sua garganta até você se sentir incapacitado de dar aula por dias. — Sorriu de lado e meu pau pulsou. Eu estava sentado em um dos bancos altos do bar e ele estava entre minhas pernas, próximo de mim, mas não o suficiente para o meu corpo sedento.

Fechei os olhos quando ele se aproximou, senti o cheiro inebriante de uísque em seu hálito, mas logo ele se afastou, rindo. E a partir deste instante, minha vida se tornou um inferno.

Eu havia voltado para Konoha há poucos meses, depois de muitos anos fora, e iniciei um novo emprego como docente na Universidade local. Eu era formado em matemática e possuía um currículo interessante apesar de ter somente trinta anos.

Os primeiros dias de trabalho foram tranquilos, as turmas que me foram designadas eram somente dos dois últimos anos de graduação e eu sabia que era melhor dar aulas para veteranos, eles já estavam no ritmo da faculdade e em geral, eram mais maduros.

O único problema que eu tive foi com a turma de licenciatura. Os alunos haviam ido muito mal na minha avaliação diagnóstica, demonstrando uma grande defasagem em algumas disciplinas da grade, fato que ocorreu, segundo eles, porque o professor responsável não tinha uma boa didática. Não vi problema algum, era algo simples de se resolver. Havia uma prova que se destacou dentre as demais e eu chamei o aluno e sugeri que ele desse monitorias para a turma dele, a fim de ajudá-los com a matéria.

Quando, no final da aula, eu perguntei quem era Uchiha Shisui e dentre os sessenta alunos ali presente, ele se levantou, precisei me esforçar para não demonstrar em minhas feições os pensamentos inadequados que ocuparam minha mente.

Mas era muito difícil não reparar no quanto ele era bonito e tinha uma aura que me chamou a atenção assim que coloquei os olhos nele. Eu chamaria de amor à primeira vista caso acreditasse nessas coisas, mas não era bem isso que eu sentia. O seu sorriso gentil, sempre presente, me cativou verdadeiramente e eu me repudiei por estar atraído por um aluno, ainda que provavelmente ele tivesse, no mínimo, vinte e três anos.

Eu não arriscaria um flerte, apesar de saber que isso dificilmente prejudicaria meu emprego, ele estava para se formar, afinal de contas, mas Shisui não era exatamente o que eu procurava em um homem. Fiquei encantado pelo seu jeito doce e simpático, sim, porém o que me enlouquecia era justamente o contrário. Eu e aquele aluno não éramos compatíveis.

Eu acreditava muito naquilo.

Até que, há um mês, eu sorvia calmamente o líquido em meu copo, meu paladar aprovando o sabor doce da toblerone, bebida composta de licor de chocolate branco. Eu estava no clube, uma casa noturna bastante exclusiva, voltada a praticantes de BDSM.

O ambiente era bastante amplo e localizado no subsolo, sua iluminação provinha somente de luzes artificiais de tons quentes, dispostas em lâmpadas centrais que se movimentavam vez ou outra, disparando os raios de luminosidade para todos os cantos. Nas laterais do salão, haviam estofados escuros, separados em pares ao redor de mesas de tamanho mediano, feitas de madeira. No centro, havia mesas altas do mesmo material, rodeadas por bancos feitos em camurça, além de algumas mesas de jogos como pôquer e sinuca, além do bar, cujas bebidas ficavam dentro de uma estante circular, cercada por um balcão de mesmo formato.