As consequências de ser uma fofoqueira

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Sempre que ela olhava para a janela de seu quarto, podia sentir seu coração se aquecer. Aquela janela era uma das coisas que Sakura Haruno mais gostava no mundo todinho, já que foi graças a uma parecida com aquela que Sakura conseguiu diversas memórias e manias nascidas na infância.

Durante a época em que era apenas uma garotinha com cabelos, até então, loiros desgrenhados e com uma imaginação perigosamente fértil, Sakura ocupava um quarto que possuía uma janela com vista para a rua do bairro tranquilo onde morava.

Estava naquele quarto desde que nascera, mas nunca deu tanta atenção para aquela janela, afinal estava ocupada demais brincando com seus amigos na rua.

Porém, conforme ia crescendo, sua imaginação fértil começava a bolar planos audaciosos demais, que sempre acabavam terminando com um vidro quebrado, um machucado dolorido ou alguma reclamação de um pai preocupado que presenciou as brincadeiras perigosas.

E as consequências para tais planos eram longas e entediantes horas trancadas no quarto, sem poder brincar na rua ou sequer receber visitas de seu melhor amigo. Ela até tinha brinquedos para lhe distrair, mas eles ficavam tão chatos quando estava sozinha. Sendo assim, a única coisa que lhe restava era sentar-se na cama, que ficava encostada na parede logo abaixo da janela, e assistir a diversão das outras crianças com um bico emburrado na boca.

No começo era um saco ver todas aquelas risadas e gritos de pura animação, mas ela notou que aquela posição talvez não fosse tão ruim. De lá, podia dedurar os esconderijos dos seus amigos enquanto eles brincavam de esconde-esconde e se divertir com suas caras frustradas. Sakura também via quando eles compravam doces na loja no fim da rua e pensava em formas de se aproveitar dessa informação mais tarde.

Com o tempo, observar o que acontecia na rua deixou de ser um castigo de criança, para se tornar uma válvula de escape durante essa fase tão turbulenta que é a adolescência. Sempre que estava muito ansiosa ou estressada, sentava-se naquela janela e respirava fundo. Ver todas aquelas pessoas vivendo suas vidas a acalmava e não poderia negar que descobriu muitas coisas interessantes graças a esse costume.

Por isso, quando saiu da cidade pequena e foi para cidade grande estudar medicina, comprou um pequeno sobrado, onde o quarto ficava no segundo andar e lhe dava uma visão perfeita da rua, além de encaixar sua cama perfeitamente na parede embaixo da janela, trazendo-lhe a nostalgia da infância. Nunca se sentiu tão sortuda em 19 anos de vida.

Bem, é claro que a vista era bem diferente. Antes era em um bairro familiar, onde crianças brincavam na rua e os transeuntes caminhavam tranquilos, mas agora a casa ficava em uma avenida movimentada, onde passavam muitos automóveis, então era perigoso demais para os pequenos brincarem ali e as pessoas que passavam estavam sempre com pressa.

Mas apesar da paisagem diferente da qual crescera vendo, Sakura amava sua janela, pois a essência permanecia a mesma. Passava tanto tempo assistindo a vida acontecer, que já sabia que horas dona Maria saía aos domingos e sabia que horas ela voltava, sempre estava por dentro das fofocas que suas vizinhas compartilhavam no quintal, em um tom de voz elevado o suficiente para se escutar do segundo andar da casa, já que ambas já estavam com a audição prejudicada pela idade. Sabia até os dias em que seu vizinho ia comprar pão na padaria em frente de casa.

Falando dessa forma, parece assustador ou que ela é uma grande futriqueira, que adora cuidar da vida dos outros. E talvez ela fosse um pouco mesmo.

Mas era inevitável! Às vezes nem queria saber que Magnólia, filha do pastor, saía de casa nos finais de semana às 1:00 da manhã e voltava sabe-se lá que horas. Realmente não queria, mas fazer o que se quando a insônia atacou, ela ouviu vozes na rua e quando foi conferir viu a garota saindo?

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⏰ Última atualização: Jun 28 ⏰

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