Sabe, as vezes sinto saudade de quando era criança. Sempre tive o hábito de me introduzir nas histórias que lia como um grande salvador da pátria, um ser diferente e único, mas cada vez menos me sinto desse forma, conseguindo criar uma espécie de fanfic onde eu mesmo sou o protagonista, mas ao mesmo tempo um personagem secundário, afinal nessas histórias eu geralmente "estava" lá apenas pra auxiliar o protagonista.
Começou, se não me engano, com um dos primeiros livros que li, Pegasus e o Fogo do Olimpo, lá, a personagem que seria eu era forte em uma escala que eu nunca seria e, como a criança que eu era, sempre tentava fazer amigos. Ela era confiante, corajosa, poderosa e animada, eu nunca achei que seria isso, então me prendi demais nesse mundo.
Com Dragões de Éter, fui apresentado pela primeira vez a um conceito de multiverso bem mais explicado, e apliquei isso as minhas fantasias: Se a mente de cada pessoa fosse um universo criado a partir da própria imaginação, a minha "eu" da imaginação não estava mais limitada a aventuras envolvendo o primeiro livro ou a minha vida real, eu poderia trabalhar com tudo o que eu quisesse!
Então chegou meu ápice de criatividade, afinal qualquer livro que eu lia me fazia dar uma pausa em momentos críticos e ir dormir, onde eu poderia imaginar as aventuras da minha personagem dentro desse mundo e como ela poderia ajudar nessa situação, fosse socando pessoas ou fazendo discursos que pareciam extremamente bem falados, mas que se eu repetisse em voz alta acharia idiota, além de nem me lembrar mais deles (de fato, lembro que fiz um sobre amor para o Axel de Dragões de Éter, para tentar fazer a Maria e ele voltarem a ficar juntos).
Creio que eu possa comentar especificamente sobre alguns livros que foram essenciais para minha infância um tanto estranha em momentos futuros, mas agora quero só falar por cima, já que meu principal ponto aqui é comparar a criatividade excessiva e sem necessidade que tinha quando criança com a falta dela logo agora que tanto precisaria em diversos pontos de minha vida.
Em um certo ponto, eu descobri os RPGs e RPs, mas sem amigos para jogar RPGs, me prendi nos RPs online, inicialmente em um que descobri existir no Gartic (sim, aquele site de desenho) onde as pessoas nem sequer desenhavam, só ficavam no chat conversando e "encenando" com seus personagens. Sinto uma leve vergonha ao lembrar como eu era e meus costumes quando nesse meio, mas ao menos não durou muito e logo fui para o Amino.
Foi no Amino, uma rede social consideravelmente confusa e grande, onde conheci a maioria dos meus amigos, ou através de pessoas que conheci lá que conheci pessoas bem importantes em minha vida, mas também percebo hoje que esse aplicativo estranho, talvez sendo um dos principais motivos da minha grande autocrítica na questão de escrita e criatividade, me fez mostrar tanto meu melhor lado quanto meu pior em vários momentos.
É isso que sou, uma pessoa com uma vida mais virtual que real. Quase não existo além da tela do meu computador ou das páginas dos livros que leio, mesmo que as vezes consiga dar algumas escapadas para a realidade. Escrevi mais do que planejava, com uma escrita bem mais decorada, mas espero que com isso alguém tenha se interessado ou apenas ficado curioso em conhecer mais da vida de um cara idiota e estranho que se expressa bem mais através da escrita pública que com um psicólogo em uma sala fechada.
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Diário Sem Sentido ou Motivo
Phi Hư CấuAs vezes eu sinto vontade de escrever coisas, sinto que talvez alguém se interesse em ler elas... Então resolvi escrever, tal como um diário aleatório ou autobiografia estranha e irregular, sem muita ordem cronológica, só coisas que me vem a mente e...