O sorriso de Mafuyu era tudo para ele.
No natal, eles possuíam uma espécie de tradição. Quando crianças, como não tinham dinheiro para comprar presente nessa época, iam até o parque e buscavam alguma coisa que achasse interessante para dar de presente para o outro. Todos os anos eles faziam a mesma coisa. Mafuyu tinha sorte de achar joaninhas, flores e até mesmo moeda perdida. Que sorte ele tinha em achar dinheiro.
Os presentes que Sato dava eram os melhores, pelo menos era isso que Yoshida Yuki achava.
Quando cresceram, a tradição de infância continuou. Só que dessa vez eles conseguiam guardar dinheiro por um tempo para comprar presente para o outro. Aos treze anos Mafuyu deu de presente para Yuki um jogo recém lançado. Yoshida havia cortado grama durante a primavera e o verão para comprar ao melhor amigo volume de uma edição especial do seu livro favorito.
Com quatorze, Mafuyu o presenteou com um perfume e Yuki deu a ele uma luminária, sabia que Sato gostava de ficar até tarde na cama lendo, e por isso pensou que seria uma boa ideia. No ano seguinte, o relacionamento dos dois havia se tornado muito mais do que apenas amigos. Yuki havia se declarado para Sato, que correspondeu seus sentimentos à altura.
Naquele ano, Yoshida estava trabalhando em uma lanchonete para conseguir pagar o novo amplificador que comprou e outros acessórios para a banda, e isso influenciaria diretamente no presente para seu namorado. Contudo, nas últimas semanas as coisas não estavam saindo como esperado. Eles haviam brigado mais do que o normal. Eram bobagens na perspectiva de Yuki, mas as discussões foram se tornando cada vez mais frequentes e seu animo para o trabalho foi diminuindo, assim como o interesse em compor a música que estava tentando escrever para Mafuyu.
Encontrou-se com Hiiragi após a aula, os dois trabalhavam juntos na mesma lanchonete. Foram juntos até o trabalho e enquanto vestiam o uniforme, Yuki contou sobre a música que estava tentando fazer.
— Tenho certeza de que ele vai gostar. — Disse, sorrindo, mas depois notou o desanimo na expressão do amigo. — Você pode ir lá em casa mais tarde, quem sabe a gente pensa em alguma coisa. Eu posso ajudar.
— Obrigado, você é um bom amigo. — Yuki falou, tentando seu melhor sorriso, não queria preocupar Hiiragi com seus problemas. Ele melhorou seu humor para iniciar o turno na lanchonete.
Antes de anoitecer, Yuki retornava para casa. Ele encontrou-se com Mafuyu sentado na frente da porta de sua casa e perguntou por que ele não entrou e o esperou lá dentro.
— Queria olhar o tempo aqui fora.
— Está frio, vem, vamos entrar. — Yuki segurou sua mão e sentiu-a muito gelada. Ele piscou e abriu a porta, falando as novidades do trabalho. — Então ela desistiu de comprar o hambúrguer e ficou só com o milkshake.
— Parece complicado lidar com as pessoas. — Sato comentou, caminhando ao seu lado até o quarto.
— Sim, mas sem esse emprego eu não ia conseguir comprar as coisas que preciso.
— Quanto a isso, eu pensei que esse ano você não precisa me dar nenhum presente, eu sei que está ainda pagando pelos seus equipamentos. — Mafuyu falou, e Yuki respirou fundo. Gostava de quando o namorado falava sem rodeios o que o incomodava, infelizmente não era sempre assim que eles agiam.
As brigas constantes estavam afastando os dois cada vez mais, e ele não sabia como lidar com aquele sentimento. Não havia ninguém que também o dissesse como resolver as coisas. Não era algo que comumente conversava com os pais, além disso, eles sequer sabiam que os dois namoravam.
— Eu gosto de presentear você. — Foi a resposta de Yoshida, quando levou as mãos ao rosto de Mafuyu. — Gosto de ver seu sorriso quando olha com surpresa para meu presente.
— Estar com você já me faz bem. — Sato disse, baixinho, enquanto abraçava-o ao redor da cintura, pousando a cabeça em seu ombro.
— É, mas já faz um tempinho que você não sorri para mim. Não como antes. — Yuki lamentou.
— Me desculpe. — Sato ergueu a cabeça e olhou para ele com seus belos olhos.
— Você não é o único culpado, eu também tenho uma parcela de culpa. — Ele o beijou ternamente nos lábios. — Vamos combinar uma coisa, esse ano poderemos fazer como antigamente, procurar um presente no parque. O que acha?
— Pode ser. — Mafuyu sorriu. — Mas, dessa vez, nada de lesmas, ok?
— Tem certeza? Elas são incríveis. — Yuki gargalhou, fazendo Mafuyu sorrir também. — Eu senti falta disso.
Yuji o beijou novamente, sentindo as mãos de Sato apertarem suas costas. Era maravilhoso quando estavam juntos, tudo parecia que iria se resolver.
No parque, cada um foi para uma direção diferente. Yuki achou alguns bichinhos nojentos, fez uma careta, achando que Mafuyu não iria gostar. Sinceramente, Sato era muito mais divertido quando era criança, achava superlegal quando ele aparecia com um bicho novo. Riu com o pensamento, até encontrar um arbusto com flores muito pequenas, elas possuíam uma cor especial que fazia Yuki se lembrar dos olhos de Mafuyu.
Então, com cuidado, pegou um ramo e cortou com o canivete que havia em seu chaveiro. Assim que retornou para o ponto de partida, o banco da praça perto da fonte, encontrou-se com Sato que já o aguardava. Achou estranho porque o namorado estava com as calças molhadas e seus cabelos bagunçados.
— Esse ano você não vai conseguir me superar no presente. — Yuki contou vantagem, com os braços atrás das costas, escondendo o presente.
— Estou ansioso para ver o que você tem aí. — Sato tentou olhar o que ele tinha nas costas, mas Yuki girou o corpo, impedindo dele ver. — O que é? Me deixa ver.
— Primeiro você, o que tem para mim? — Ele perguntou, esticando a cabeça para ver o que estava em cima do banco.
— Eu achei algo perto do lago. — Mafuyu pegou a caixa de sapatos amassada e entregou para Yuki. — Acho que ele está com algum problema na asa.
Yoshida arregalou os olhos, não acreditando que Sato havia resgatado um filhote de pato. Ele ficou comovido com o bichinho acuado dentro da caixa de sapato, Mafuyu disse que o encontrou emaranhado em umas linhas no lago.
— Por isso está todo molhado? — Yuki olhou para sua mão e o arranjo com as flores não parecia mais tão especial assim. — Eu achei isso aqui, parece com seus olhos.
Sato sorriu, ele nem esperava que o namorado reagisse daquela forma, mas ele sorriu de uma forma tão surpresa e amável que Yuki sentiu seu coração aquecer, principalmente depois de receber um beijo como resposta.
— Venha, vamos para casa cuidar dessas roupas molhadas, depois iremos ao veterinário para ele ver o que pode ser feito com o filhote. — Yuki segurava a caixa de sapato com uma mão e a outra entrelaçou os dedos nos de Mafuyu, não se importando com o que as pessoas iriam pensar sobre eles ao verem caminhando juntos.
— Yuki?
— Hmm?
— Obrigado. — Sato falou, apoiando a cabeça no ombro dele. — Eu me diverti muito hoje.
— Eu também. — Ele sorriu, satisfeito por estarem novamente se aproximando, acreditava que ficariam unidos para sempre, superando todos os pequenos problemas que eventualmente apareceriam. Pelo menos era isso que o seu jovem coração lhe dizia.
Notas da autora: Obrigada por ler.
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All Your Love
FanfictionYuki e Sato tem uma tradição no Natal. E mesmo com eventuais problemas no relacionamento, eles tentam manter a tradição viva. (Escrevi essa fanfic em 2019, e ela se passa antes dos acontecimentos do anime/manga.)